Outro dia, meu pai veio me visitar e trouxe uma caixa de caquis, lá de Sorocaba. Eu os lavei, botei numa tigela na varanda e comemos um por um, num silêncio reverencial, nos olhando de vez em quando. Enquanto comia, eu pensava: Deus do céu, como caqui é bom! Caqui é maravilhoso! O que tenho feito eu desta curta vida, tão afastado dos caquis?!
Meus amigos e amigas e parentes queridos são como os caquis: nunca os encontro. Quando os encontro, relembro como é prazeroso vê-los, mas depois que vão embora me esqueço da revelação. Por que não os vejo sempre, toda semana, todos os dias desta curta vida?
Já sei: devem ficar escondidos de mim, guardados numa caixa, lá em Sorocaba.
(Antonio Prata, www1.folha.uol.com.br, 07.07.2013. Adaptado)
Para o autor, a experiência de comer caquis e a de estar com seus amigos e parentes queridos assemelham-se, porque ambas são