SóProvas


ID
1239865
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Vaidade do humanismo

        A vaidade, desde sua etimologia latina vanitas, aponta para o vazio, para o sentimento que habita o vão. Mas é possível tratar dela com mais condescendência do que os moralistas rigorosos que costumam condená-la inapelavelmente. Pode-se compreendê-la como uma contingência humana que talvez seja preciso antes reconhecer com naturalidade do que descartar como um vício abominável. Como se sabe, a vaidade está em todos nós em graus e com naturezas diferentes, e há uma vaidade que devemos aceitar: aquela que corresponde não a um mérito abstrato da pessoa, a um dom da natureza que nos tornasse filhos prediletos do céu, mas a algum trabalho que efetivamente tenhamos realizado, a uma razão objetiva que enraíza a vaidade no mesmo chão que foi marcado pelo nosso melhor
esforço, pelo nosso trabalho de humanistas.
        Na condição de humanistas, temos interesse pelo estudo das formações sociais, dos direitos constituídos e do papel dos indivíduos, pela liberdade do pensamento filosófico que se pensa a si mesmo para pensar o mundo, pela arte literária que projeta e dá forma em linguagem simbólica aos desejos mais íntimos; por todas as formas, enfim, de conhecimento que ainda tomam o homem como medida das coisas. Talvez nosso principal desafio, neste tempo de vertiginoso avanço tecnológico,
esteja em fazer da tecnologia uma aliada preciosa em nossa busca do conhecimento real, da beleza consistente e de um mundo mais justo - todas estas dimensões de maior peso do que qualquer virtualidade. O grande professor e intelectual palestino Edward Said, num livro cujo título já é inspiração para uma plataforma de trabalho - Humanismo e crítica democrática - afirma a certa altura: “como humanistas, é da linguagem que partimos”; “o ato de ler é o ato de colocar-se na posição do autor, para quem escrever é uma série de decisões e escolhas expressas em palavras”. Nesse sentido, toda leitura é o compartilhamento do sujeito leitor com o sujeito escritor - compartilhamento justificado não necessariamente poradesão a um ponto de vista, mas pelo interesse no reconhecimento e na avaliação do ponto de vista do outro. Que seja este um nosso compromisso fundamental. Que seja esta a nossa vaidade de humanistas. 

(Derval Mendes Sapucaia, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar em número com o elemento sublinhado na frase:

Alternativas
Comentários
  • a) Em que (consistir), em nossa época, práticas efetivamente humanistas, que nos definam pelo que essencialmente somos?

    CORRETA.

    Sujeito do verbo consistir: As práticas. Logo -> as práticas consistem (...)


    b) A quantos outros vícios não se (curvar) quem costuma julgar a vaidade como o mais abominável de todos?

    ERRADA.

    Sujeito do verbo curvar: quem julga a vaidade(...). Logo-> Quem costuma julgar a vaidade não se curva aos vícios.

     

    c) Vaidades, (haver) muitas delas pelo mundo; poucas são, no entanto, as que se justificam.

    ERRADA.

    Sujeito do verbo haver: inexistente. Verbo impessoal no sentido de existência. Logo-> Vaidades, HÁ muitas delas pelo mundo.


    d) Todo aquele que (abominar) as fraquezas humanas deveria buscar discerni-las e qualificá-las, antes de as julgar.

    ERRADA.

    Sujeito do verbo abominar: Todo aquele=pronome indefinido, o verbo fica no singular. "As fraquezas" é objeto direto de abominar.


    e) Aos avanços tecnológicos (poder) seguir-se uma sensata parceria com outras atividades de que o homem é capaz.

    ERRADA. 

    Sujeito do verbo poder: "uma sensata parceria". Logo-> "avanços" não pode ser o sujeito visto que está preposicionado. 

    Uma sensata parceria pode seguir-se (locução) com outras atividades aos avanços tecnológicos.

  • sensacional sua explicacao  

  • Questão coloca o verbo longe do sujeito para confundir.

    Quem é que consiste? Praticas humanísticas... Por isso consiste é o verbo que flexiona.

    shalon !


  • verbo concordando em número - então ele só quer uma flexão, eu achei o enunciado bem ruim, mas dá pra ir eliminando, todas as outras opções terão verbo na 3ª pessoa do singular. e além disso, é uma daquelas questões clássicas da FCC, quem tem costume de fazer prova conhece bem esse tipo de questão. 


    abs

  • pra quem ficou em dúvida na letra E como eu, a questão está errada pq "avanços"   não é o sujeito, pois o mesmo é iniciado por preposição.

  • Concordo com Greici Torres , pois não há sujeito preposionado.

  • OQUE pode seguir-se ? uma sensata parceria (VPS)

    Uma sensata parceria com outras atividades....pode ser seguida (correto)

    Uma sensata parceria .... podem ser seguida (x)

  • questão sobre correlação verbal enunciado so para confundir

  • Esse tipo de questão é cobrada em quase todo concurso realizado pela FCC, para qualquer cargo. Quem vem realizando muitas questões dessa banca não me daixa mentir.

    Minha contribuição (corrijam-me caso eu incorra em equívoco): nesse contexto, devemos primeiro encontrar o sujeito para depois refletirmos sobre a flexão do verbo. No entanto, devemos prestar atenção no enunciado: "O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar em número com o elemento sublinhado na frase". Ou seja, em qual alternativa o elemento sublinhando é o sujeito? E com isso, em qual alternativa o verbo entre parenteses deve concordar com o elemento sublinhado? Isso posto, infere-se que devemos buscar a única alternativa em que o elemento sublinhado atua como sujeito do verbo entre parenteses e com este concorda.  

    Vejam, a intenção é clarear a interpretação do enunciado. Já vi, em outras questões, algumas pessoas que não conseguiram ver de maneira clara o que a questão pediu.

  • Entendi mais com os comentários dos colegas que do Professor. Obrigada gente! 

  • Alisson, parabéns pelo comentário! Muito elucidativo! Vlw!

  • ...

    LETRA B – ERRADA – Trata-se de sujeito oracional. Dessa forma, quem será o sujeito do verbo “curvar” será (quem costuma julgar a vaidade como o mais abominável de todos). À título de explanação, segue a 2ª Forma de sujeito oracional, explicada por Rodrigo Bezerra ( in Nova gramática da língua portuguesa para concursos – 7 Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. P.666 e 667):

     

     

    2ª FORMA

     

     

     

    O sujeito oracional manifesta-se por meio de uma estrutura proverbial ou de uma assertiva categórica, introduzidas pelo pronome relativo condensado “QUEM”, que equivalerá a “AQUELE QUE”. Observe os exemplos abaixo:”

     

     

    Ex.1:

     

    Quem canta seus males espanta.

     

    Quem canta (sujeito oracional para o verbo “espantar”)

     

    Ex.2:

     

    Quem com porcos se mistura farelo come.

    Quem com porcos se mistura (sujeito oracional para o verbo “misturar”)

     

     

    Ex.3:

     

    Quem com ferro fere com ferro será ferido.

     

    (sujeito oracional para o verbo “será ferido”)

     

     

    Ex. 4:

     

    Como obterá aprovação em um concurso público quem nunca estudou com seriedade?

     

    quem nunca estudou com seriedade (sujeito oracional para o verbo “será ferido”)

     

    Ex. 5:

     

    Quem quiser conhecer os detalhes da vida estude Filosofia.

     

     

    Quem quiser conhecer os detalhes da vida (sujeito oracional para o verbo “estudar”)

     

     

     

    Observação:

     

    Mais uma vez fique atento à concordância dos verbos “espantar, comer, ferir, obter e estudar”, usados nos exemplos acima. Veja que todos estão flexionados na 3.ª pessoa do singular para concordar com seus respectivos sujeitos oracionais.(Grifamos)