SóProvas


ID
1239874
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Vaidade do humanismo

        A vaidade, desde sua etimologia latina vanitas, aponta para o vazio, para o sentimento que habita o vão. Mas é possível tratar dela com mais condescendência do que os moralistas rigorosos que costumam condená-la inapelavelmente. Pode-se compreendê-la como uma contingência humana que talvez seja preciso antes reconhecer com naturalidade do que descartar como um vício abominável. Como se sabe, a vaidade está em todos nós em graus e com naturezas diferentes, e há uma vaidade que devemos aceitar: aquela que corresponde não a um mérito abstrato da pessoa, a um dom da natureza que nos tornasse filhos prediletos do céu, mas a algum trabalho que efetivamente tenhamos realizado, a uma razão objetiva que enraíza a vaidade no mesmo chão que foi marcado pelo nosso melhor
esforço, pelo nosso trabalho de humanistas.
        Na condição de humanistas, temos interesse pelo estudo das formações sociais, dos direitos constituídos e do papel dos indivíduos, pela liberdade do pensamento filosófico que se pensa a si mesmo para pensar o mundo, pela arte literária que projeta e dá forma em linguagem simbólica aos desejos mais íntimos; por todas as formas, enfim, de conhecimento que ainda tomam o homem como medida das coisas. Talvez nosso principal desafio, neste tempo de vertiginoso avanço tecnológico,
esteja em fazer da tecnologia uma aliada preciosa em nossa busca do conhecimento real, da beleza consistente e de um mundo mais justo - todas estas dimensões de maior peso do que qualquer virtualidade. O grande professor e intelectual palestino Edward Said, num livro cujo título já é inspiração para uma plataforma de trabalho - Humanismo e crítica democrática - afirma a certa altura: “como humanistas, é da linguagem que partimos”; “o ato de ler é o ato de colocar-se na posição do autor, para quem escrever é uma série de decisões e escolhas expressas em palavras”. Nesse sentido, toda leitura é o compartilhamento do sujeito leitor com o sujeito escritor - compartilhamento justificado não necessariamente poradesão a um ponto de vista, mas pelo interesse no reconhecimento e na avaliação do ponto de vista do outro. Que seja este um nosso compromisso fundamental. Que seja esta a nossa vaidade de humanistas. 

(Derval Mendes Sapucaia, inédito)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Erros das letras "d" e "e":

    d) O texto diz que o próprio título do livro é inspiração para uma plataforma de trabalho, mas não o livro em si.

    e) Erro de redação: "onde" só deve ser usado para indicar lugar.

  • Letra C

    O grande professor e intelectual palestino Edward Said, num livro cujo título já é inspiração para uma plataforma de trabalho - Humanismo e crítica democrática - afirma a certa altura: 

  • Basicamente o erro das alternativa pelo que percebi está no emprego da próclise e da ênclise.  

    a) O correto seria ''fez-o'' pois não há a necessidade de próclise. Já no trecho ''para quem o instigue'' está correto visto que, o pronome relativo quem requer o uso da próclise.

    b) O correto seria ''infere-se''.

    d) O correto seria ''cujo título'' pois, após o pronome relativo cujo não se usa artigo.

    e) o pronome relativo onde deve ser utilizado nas referências a lugar e ser substituído por em que/ na qual pois, o verbo irá pedir a preposição ''em''. Diferente de Aonde o qual pode ser substituído por a que/à qual e o verbo irá pedir a preposição ''a''. Essa ideia de estar em movimento ou parado é um equívoco, o que dita se será usado o onde/aonde é a regência verbal.


    •  b) Um autêntico sentido de prática humanista se infere do título do livro de Edward Said, pelo qual uma inspiração de trabalho já parece ali consolidado (consolidadA), tal uma plataforma de altas sugestões.

  • letra a - lembrando que o erro pode ser a falta de clareza, como diz o enunciado, este é o erro da letra a a meu ver. 

    quanto à colocação pronominal, creio estar correta, pois mesmo é palavra atrativa.

    letra b - o erro é "consolidado", deveria ser consolidada, para concordar com "inspiração".

    letra c é o nosso gabarito

    letra d - o erro é o artigo depois de cujo. 

    letra e - erro no "onde", que só deve ser usado para lugar.

    abs 

  • Pessoal, na E não é se dispuser - futuro do subjuntivo??


  • O erro do "a" não seria: ao atribuir a seu livro o título?

    Não seria ao seu livro OU à seu livro?

    Agradeço quem puder ajudar.

  • Acredito que o erro da letra a esteja na ambiguidade, faltando clareza.


    a) Edward Said, ao atribuir a seu livro o título que tanto condiz com sua plataforma de trabalho, já por si mesmo o fez inspirador para quem o instigue como meta de um verdadeiro humanismo. (Quem se fez inspirador, Edward Said ou o título de seu livro?)

  • Acredito que essa alternativa só está correta porque o ENUNCIADO diz que o comentário é LIVRE.

    Não há no texto a informação de que o "O título mesmo do livro de Edward Said e considerado uma inspiração, uma plataforma de trabalho PARA QUEM SE DISPONHA A EXERCER O PAPEL DE UM AUTÊNTICO HUMANISTA.

    É isso.



  • Letra (c)


    O título mesmo do livro de Edward Said é considerado uma inspiração, uma plataforma de trabalho para quem se disponha a exercer o papel de um autêntico humanista.


    O grande professor e intelectual palestino Edward Said, num livro cujo título já é inspiração para uma plataforma de trabalhoHumanismo e crítica democrática - afirma a certa altura: “como humanistas, é da linguagem que partimos”; “o ato de ler é o ato de colocar-se na posição do autor, para quem escrever é uma série de decisões e escolhas expressas em palavras”. Nesse sentido, toda leitura é o compartilhamento do sujeito leitor com o sujeito escritor - compartilhamento justificado não necessariamente poradesão a um ponto de vista, mas pelo interesse no reconhecimento e na avaliação do ponto de vista do outro. Que seja este um nosso compromisso fundamental. Que seja esta a nossa vaidade de humanistas. 

  • Meu Deus, mas a alternativa C foi a PRIMEIRA que eu deletei das possibilidades... onde, diabos, pôr um MESMO solto dentro de uma frase cria um sentido correto?


    Honestamente, não entendo.

  • Marquei a C por eliminação, mas com muita dúvida nesse 'mesmo'. Também não entendo o seu uso.

  • Por favor, alguém pode explicar o uso do "mesmo", na alternativa C?!?

  • Joana, é um adjetivo que reforça o substantivo título, que somente o título(por si só basta) é suficiente.Ex: Ricardo mesmo me abriu a porta; uma poesia de Fernando Pessoa, ele mesmo.

  • Não sei como acertei..estava prestando atenção no sentido das alternativas e não na suas redações.

     

  •  

    Acertei, porém com muita dúvida !!!

  • Até entendi o uso do "mesmo" na alternativa (c) - mas a grande ironia é que eu e provavelmente 99,9% dos candidatos JAMAIS usariam essa construção em uma prova de redação em um concurso qualquer.

  • Questão nojenta.

  • Pessoal só uma sugestão, vamos solicitar que as respostas dos professores sejam também disponibilizadas por escrito!

    Alguns professores falam muito devagar...

    =/

  • a) faltou clareza

    b) inspiração consolidadA

    c) CERTO

    d) cujo o - erro gramatical

    e) quem se dispuser

     

    Respostas do professor qconcursos

  • A alternativa "a" está errada porque o verbo atribuir é VTDI - portanto, quem atribui, atribui algo a alguem, e como livro é nome masculino ficaria, Eduard, ao atribuir ao seu livro o título de ..... -na ordem direta ficaria-  = ao atribuir o título ao seu livro...

  • Patrícia Roberta, na alternatia "a" creio que o erro esteja na falta de clareza que a redação nos oferece. Quanto à colocação pronominal, o "mesmo" está sendo usado como advérbio, sendo, portanto, palavra atrativa (fazendo-se necessário o uso da próclise). E, por fim, para os verbos terminados em: r,s,z, usamos L na colocação dos pronomes (o,a,os,as) ficando assim: fê-lo e não fez-o. 

  • Difícil numa questão onde se pede Clareza na resposta, a alternativa correta seja a C. Completamente sem clareza!

  • Complementando a explicação da ANDREA P: outro erro, da letra E, é o uso do "onde", que só é utilizado para indicar lugar.

     

    E aos que tem dúvida sobre o uso do "mesmo" do gabarito... Não tenho certeza, mas acho que é a mesma coisa (ou parecido) que "próprio" (ex.: Eu próprio/mesmo já construí um castelo de areia)

    No caso, seria mais ou menos "O próprio título do livro de Edward Said é considerado inspiração...". Ou seja, serve para enfatizar algo.

     

    Se estiver errado, corrija-me

    Bons estudos!!!

     

     

     

  • Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

    a) Edward Said, ao atribuir a seu livro o título que tanto condiz com sua plataforma de trabalho, já por si mesmo o fez inspirador para quem o instigue como meta de um verdadeiro humanismo.

    Observe que ao retirar as vírgulas a frase é a seguinte: Edward Said [...] já por si mesmo o fez inspirador para quem o instigue como meta de um verdadeiro humanismo. Observe que a frase ficou repetitiva e, consequentemente, sem clareza.. O correto seria afirmar que "Edward Said se fez inspirador para quem o instigue como meta de um verdadeiro humanismo".

    b) Um autêntico sentido de prática humanista se infere do título do livro de Edward Said, pelo qual uma inspiração de trabalho já parece ali consolidado, tal uma plataforma de altas sugestões.

    A palavra consolidado se referece a inspiração, logo deveria ser redigido "consolidada". Observe: [...] pelo qual uma inspiração [de trabalho] já parece ali consolidada. Além disso, o correto seria APARECE e não PARECE. Estas duas palavras existem na língua portuguesa e estão corretas. Porém, seus significados são diferentes e devem ser usadas em situações diferentes. O verbo aparecer significa, principalmente, o ato de se mostrar, de se exibir. O verbo parecer significa, principalmente, o ato de se assemelhar ou se afigurar. No caso da questão, o sentido é de mostrar e não de assemelhar: [....] uma inspiração já se mostra ali consolidada.

    c) O título mesmo do livro de Edward Said é considerado uma inspiração, uma plataforma de trabalho para quem se disponha a exercer o papel de um autêntico humanista.

    CORRETO. O emprego da palavra MESMO está correto. Vou explicar:

    Em língua portuguesa, a palavra “mesmo” é um adjetivo, mas pode também ter função de advérbio. A primeira categoria apresenta variações de gênero e número, enquanto a segunda é invariável. 

    Quando adjetivo, “mesmo” é um equivalente para “próprio”. Ex: Elas mesmas (elas próprias) trocaram a lâmpada.

    Mas, quando tem função de advérbio, “mesmo” substitui “realmente”, “exatamente”, “de fato”, etc. Ex: Ela trocou mesmo (realmente) a lâmpada.

    d) Já pela sugestão, o livro de Edward Said, cujo o título é tão inspirador, torna-se também uma plataforma de trabalho para quaisquer humanistas que dele se acerquem e por ele se interessem.

    ERRADO, não se usa artigo após CUJO/CUJA. 

    e) Quem se dispor a desenvolver uma plataforma de trabalho encontrará plena inspiração já no título do livro de Edward Said, onde a sugestão de humanismo é inequívoca.

    ERRADO, pois ONDE só é utilizado para expressar lugar físico (rua, praça, casa, etc). No caso da alternativa, o correto seria "EM QUE".

  • a) E. Quem atribui, atribui algo a alguém.  Atribui o que? o título ... A quem? Ao livro.Correto: 'ao seu livro'.
    b) E. Correto: inspirada (para concordar com 'uma inspiração de trabalho).
    c) C
    d) E. Não se usa artigo após a conjunção 'CUJO/CUJA'.
    e) E. Existem tanto as palavras 'dispor' como 'dispuser'. A primeira é o verbo no infinitivo impessoal, enquanto a segunda é a conjungação do futuro do subjuntivo. Na assertiva estamos diante de uma hipótese (subjuntivo) e possibilidad que algo aconteça (futuro). Logo a forma correta é: 'dispuser'. Outro erro é quanto a palavra 'onde', que somente deve ser usada como referência a local. Ex: Esse é o país onde eu moro.
     

  • 6 min na questao e acertei !! avante !!

  • Uso do mesmo:

    > Advérbio

    > Adjetivo: equivale a Próprio. ex: ela mesma fez o bolo. (ela fez o bolo sozinha).

    Alternativa c: O título mesmo do livro de Edward Said é considerado uma inspiração = O próprio título do livro de Edward é considerado uma inspiração.

  • GABARITO: C


    A palavra "mesmo" está sendo usada como adjetivo (m.q. próprio), assim, eu poderia falar "O próprio título..." que daria no mesmo exposto na assertiva.


    Bons estudos!


    Segue lá @el_arabe_trt

  • GABARITO C

    CUJO + o = CUJO

    CUJA + a = CUJA

    Portanto, NÃO EXISTE cujo o nem cuja a.

    bons estudos

  • Diferença do verbo "dispor" nas alternativas c) e e):

    c) é (presente do indicativo) .... para quem se disponha (presente do subjuntivo)

    e) quem se dispuser (futuro do subjuntivo) .... encontrará (futuro do indicativo).

  • Em provas antigas da FCC aparece bastante o "mesmo"

    "mesmo" nunca poderá ser usado no sentido anafórico (para retomar um termo antecedente), mas não é o caso da alternativa "c".

    "mesmo" na letra "c" - O título mesmo do livro [...] - é um pronome de ênfase - está correto!

    Assim como estaria correta a construção: "O mesmo título do livro [...]", mas aqui o "mesmo" seria adjetivo.

  • O erro da A) é só a falta de clareza? Aí é foda hein, como eu vou saber se é preciosismo ou falta de clareza?

  • Não encontrei nenhum erro na letra A....e tem muita explicação errada nos comentários...