SóProvas


ID
1253128
Banca
IDECAN
Órgão
Colégio Pedro II
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         Cultura e terror


      Essa minha ideia de que o homem é, sobretudo, um ser cultural, não deve ser entendida como uma visão idealizada e otimista, pelo simples fato de que isso o distingue dos outros seres naturais. 
      Se somos seres culturais, se pensamos e com nosso pensamento inventamos os valores que constituem a nossa humanidade, diferimos dos outros animais, que se atêm a sua animalidade e agem conforme suas necessidades vitais imediatas. 
      Entendo que, ao contrário dos outros animais, o homem nasceu incompleto e, por essa razão, teve de inventar-se e inventar o mundo em que vive. Por exemplo, um bisão ou um tigre nasce com todos os recursos necessários à sua sobrevivência, mas o homem, para caçar o bisão, teve que inventar a lança. 
      Isso, no plano material. Mas nasceu incompleto também no plano intelectual, porque é o único animal que se pergunta por que nasceu, que sentido tem a existência. Para responder a essas e outras perguntas, inventou a religião, a filosofia, a ciência e a arte. 
      Assim, construiu, ao longo da história, uma realidade cultural, inventada, que alcança hoje uma complexidade extraordinária e fascinante. O homem deixou de viver na natureza para viver na cidade que foi criada por ele. 
      Mas, o fato mesmo de se inventar como ser cultural criou-lhe graves problemas, nascidos, em grande parte, daqueles valores culturais. É que, por serem inventados, variam de uma comunidade humana para outra, gerando muitas vezes conflitos insuperáveis. As diversas concepções filosóficas, religiosas, estéticas e políticas podem levar os homens a divergências insuperáveis e até mesmo a conflitos mortais. 
      Pode ser que me engane, mas a impressão que tenho é de que o homem, por ser essencialmente os seus valores, tem que afirmá-los perante o outro e obter dele sua aceitação. Se o outro não os aceita, sente-se negado em sua própria existência. Daí por que, a tendência, em certos casos, é levá-lo a aceitá-los por bem ou por mal. Chega-se à agressão, à guerra. 
      Certamente, nem sempre é assim, depende dos indivíduos e das comunidades humanas; depende sobretudo de quais valores os fundamentam. 
      De modo geral, é no campo da religião e da política que a intolerância se manifesta com maior frequência e radicalismo. A história humana está marcada por esses conflitos, que resultaram muitas vezes em guerras religiosas, com o sacrifício de centenas de milhares de vidas. 
      Com o desenvolvimento econômico e ampliação do conhecimento científico, a questão religiosa caiu para segundo plano, enquanto o problema ideológico ganhou o centro das atenções. 
      A questão da riqueza, da desigualdade social e consequentemente da justiça social tornou-se o núcleo dos conflitos entre as classes e o poder político. 
      Esse fenômeno, que se formou em meados do século XIX, ocuparia todo o século XX, com o surgimento dos Estados socialistas. O ápice desse conflito foi a Guerra Fria, resultante do antagonismo entre os Estados Unidos e a União Soviética. 
      Surpreendente, porém, é que, em pleno século do desenvolvimento científico e tecnológico, tenha eclodido uma das expressões mais irracionais da intolerância religiosa: o terrorismo islâmico, surgido de uma interpretação fanatizada daquela doutrina. 
      O terrorismo não nasceu agora mas, a partir do conflito entre judeus e palestinos, lideranças fundamentalistas islâmicas o adotaram como arma de uma guerra santa contra a civilização ocidental, que não segue as palavras sagradas do Corão. 
      Em consequência disso, homens e mulheres jovens, transformados em bombas humanas, não hesitam em suicidar-se inutilmente, convencidos de que cumprem a vontade de Alá e serão recompensados com o paraíso. 
      Parece loucura e, de fato, o é, mas diferente da doença psíquica propriamente dita. É uma loucura decorrente do fanatismo político ou religioso, que muda o amor a Deus em ódio aos infiéis. 
      Embora o Corão condene o assassinato de inocentes, na opinião dos promotores de tais atentados - que matam sobretudo inocentes - só é proibido matar os “nossos” inocentes, como afirmou Bin Laden, não os inocentes “deles”. 
      Tudo isso mostra que o homem é mesmo um ser cultural, mas que a cultura tanto pode nos transformar em santos como em demônios. 

                          (Ferreira Gullar. Cultura e terror. Folha de São Paulo. Abril/2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/1269134-cultura-e-terror.shtml.) 


Assinale a alternativa em que as três palavras são acentuadas graficamente pela mesma razão.

Alternativas
Comentários
  • E


    pq são proparoxítonas 

  • A) é - monossílabo tônico terminado em "E"

        só - monossílabo tônico terminado em "O"

        também - oxítona terminada em "EM"


    B) Porém - oxítona terminada em "EM"

        Islâmico - proparoxítona (todas são acentuadas)

        Século - proparoxítona (todas são acentuadas)


    C) Daí - letra "i" formando hiato (acredito que seja isso)

        Contrário - paroxítona terminada em ditongo

        Indivíduos - paroxítona terminada em ditongo


    D) Atêm - oxítona terminada em "EM"

        Intolerância - paroxítona terminada em ditongo

        Infiéis - paroxítona terminada em ditongo


    E) Psíquica - proparoxítona (todas são acentuadas)

        Ideológico - proparoxítona (todas são acentuadas)

        Político - proparoxítona (todas são acentuadas)

  • Toda proparoxítona e acentuada

  • Letra E

    Pois todas são proparoxítonas.

  • Proparoxítonas! 

  • Concordo com a resposta da colega.

    Porém na letra D) INFIÉIS é um palavra oxítona terminada em éi, por isso é acentuada.

     

     

  • Letra E  as  trê s palavras  são proparoxitonas.

  • A alternativa (A) está errada, porque a palavra “é” é um
    monossílabo tônico, que apresenta “e”; “só” é acentuada por ser monossílabo  tônico terminado em “o”. Já “tam-bém” marca uma regra diferente, por ser
    uma oxítona terminada em “em”.
    A alternativa (B) está errada, pois “po-rém” é uma oxítona terminada
    em “em”. Já as palavras “is--mi-co” e “-cu-lo” são acentuadas por serem
    proparoxítonas.
    A alternativa (C) está errada, porque a palavra “da-í” é acentuada por
    possuir hiato. Já “con-trá-rio” e “in-di--duos” são acentuadas por serem
    paroxítonas terminadas em ditongo oral (seguido ou não de “s”).
    A alternativa (D) está errada, porque a palavra “a-têm” apresenta
    acento diferencial (ele atém, eles atêm); “in-to-le-rân-cia” é acentuada por
    ser paroxítona terminada em ditongo oral; e “in-fi-éis” é acentuada por ser
    oxítona terminada em ditongo aberto “éi”.
    A alternativa (E) é a correta, porque as palavras “psí-qui-ca”, “i-de-l
    ó-gi-co” e “po-lí-ti-co” são acentuadas por serem proparoxítonas.
    Gabarito: E
     

     

  • Letra E.

    Psíquico - Ideológico - Político.

    Toda proparoxítona e acentuada

  • E

  • GABARITO: LETRA E

    ACRESCENTANDO:

    Regra de Acentuação para Monossílabas Tônicas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s).

    Ex.: má(s), trás, pé(s), mês, só(s), pôs…

    Regra de Acentuação para Oxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: sofá(s), axé(s), bongô(s), vintém(éns)...

     

    Regra de Acentuação para Paroxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em ditongo crescente ou decrescente (seguido ou não de s), -ão(s) e -ã(s), tritongo e qualquer outra terminação (l, n, um, r, ns, x, i, is, us, ps), exceto as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: história, cáries, jóquei(s); órgão(s), órfã, ímãs; águam; fácil, glúten, fórum, caráter, prótons, tórax, júri, lápis, vírus, fórceps.

     

    Regra de Acentuação para Proparoxítonas:

    Todas são acentuadas .Ex.: álcool, réquiem, máscara, zênite, álibi, plêiade, náufrago, duúnviro, seriíssimo...


    Regra de Acentuação para os Hiatos Tônicos (I e U):

    Acentuam-se com acento agudo as vogais I e U tônicas (segunda vogal do hiato!), isoladas ou seguidas de S na mesma sílaba, quando formam hiatos.

    Ex.: sa-ú-de, sa-í-da, ba-la-ús-tre, fa-ís-ca, ba-ú(s), a-ça-í(s)...

    FONTE: A GRAMÁTICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 3ª EDIÇÃO FERNANDO PESTANA.

  • A questão é sobre acentuação gráfica e quer que marquemos a alternativa em que as três palavras são acentuadas graficamente pela mesma razão. Vejamos:

     .

    Oxítonas: a sílaba tônica é a última. Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (S), mesmo quando seguidas de LO(S), LA(S); e as terminadas em EM, ENS (com duas ou mais sílabas). Acentuam-se também as oxítonas terminadas com ditongos abertos ÉI, ÓI e ÉU, seguidas ou não de “s”.

    Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), ei(s), en, om, ons, um, uns, ditongo (crescente ou decrescente), seguido ou não de "s".

    Proparoxítonas: são palavras que têm a antepenúltima sílaba como sílaba tônica. TODAS as palavras proparoxítonas são acentuadas graficamente, segundo as regras de acentuação.

    Hiato é o encontro entre duas vogais que pertencem a sílabas diferentes. Devemos acentuar as vogais "i" e "u" tônicas dos hiatos, quando aparecem sozinhas na sílaba ou acompanhadas por "s". Ex.: sa·í·da, pa·ís, sa·ú·de, ba·ús.

     .

    A) é – só – também

    Errado.

    "É" é uma oxítona terminada em "e".

    "Só" é uma oxítona terminada em "o".

    "Tam-bém" é uma oxítona terminada em "em".

     .

    B) porém – islâmico – século

    Errado.

    "Po-rém" é uma oxítona terminada em "em".

    "Is-lâ-mi-co" é uma proparoxítona (todas as proparoxítonas são acentuadas).

    "Sé-c u-lo" é uma proparoxítona (todas as proparoxítonas são acentuadas).

     .

    C) daí – contrário – indivíduos

    Errado.

    "Daí" é acentuada pela presença do hiato (ai).

    "Con-trá-rio" é uma paroxítona terminada em ditongo.

    "In-di-ví-duos" é uma paroxítona terminada em ditongo.

     .

    D) atêm – intolerância – infiéis

    Errado.

    "A-têm" é uma oxítona terminada em "em".

    "In-to-le-rân-cia" é uma paroxítona terminada em ditongo.

    "In-fi-éis" é uma paroxítona terminada em ditongo.

     .

    E) psíquica – ideológico – político

    Certo.

    "Psí-qui-ca" é uma proparoxítona (todas as proparoxítonas são acentuadas).

    "I-de-o-ló-gi-co" é uma proparoxítona (todas as proparoxítonas são acentuadas).

    "Po-lí-ti-co" é uma proparoxítona (todas as proparoxítonas são acentuadas).

     .

    Gabarito: Letra E

  • Correção: "indivíduos" é acentuada por ser PROPAROXÍTONA, uma vez que a separação silábica é da seguinte forma: in-di-ví-du-os

    E "infiéis" é acentuada por ser OXÍTONA terminada em ditongo aberto (seguido ou não de S).