Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto que segue.
Da ação dos justos
Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações de violência e de corrupção que se multiplicam em nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de dignidade.
Como não concordar com a oportunidade da frase? Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a comentários pessoais, não indo além de um mero discurso ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e gera conseqüências.
A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas pela total ausência de compromisso com o interesse público. Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e não abram mão de reagir contra quem a ignore.
A inação dos justos é tudo o que os contraventores e criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”, “Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”, promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira, seu cúmplice silencioso.
* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. (Aristides Villamar)
Estão corretos o emprego e a grafia de todas as palavras da frase:
Roberto Carlos - Erasmo Carlos Tanto amor perdido no mundo Verdadeira selva de enganos A visão cruel e deserta De um futuro de poucos anos Sangue verde derramado O solo manchado; Feridas na selva A lei do machado Avalanches de desatinos Numa ambição desmedida Absurdos contra os destinos De tantas fontes de vida Quanta falta de juízo Tolices fatais; Quem desmata, mata Não sabe o que faz [...] Desde os anos 70, muito antes de o tema "ecologia" entrar na moda por aqui, Roberto Carlos já abordava o assunto, em canções como O Progresso. Na década de 80 foi a vez de As Baleias e Amazônia, ambas em torno da preservação ambiental. Nesta canção, ele chama a atenção para a destruição da maior reserva natural da Terra, que cobre grande parte do território brasileiro.
(Adaptado de Roberto Carlos Braga II, Na poltrona, Revista de bordo do Grupo Itapemirim, ano 6, no 67, janeiro 2005, p. 60)
Há palavras escritas de maneira INCORRETA na frase:
Roberto Carlos - Erasmo Carlos Tanto amor perdido no mundo Verdadeira selva de enganos A visão cruel e deserta De um futuro de poucos anos Sangue verde derramado O solo manchado; Feridas na selva A lei do machado Avalanches de desatinos Numa ambição desmedida Absurdos contra os destinos De tantas fontes de vida Quanta falta de juízo Tolices fatais; Quem desmata, mata Não sabe o que faz [...] Desde os anos 70, muito antes de o tema "ecologia" entrar na moda por aqui, Roberto Carlos já abordava o assunto, em canções como O Progresso. Na década de 80 foi a vez de As Baleias e Amazônia, ambas em torno da preservação ambiental. Nesta canção, ele chama a atenção para a destruição da maior reserva natural da Terra, que cobre grande parte do território brasileiro.
(Adaptado de Roberto Carlos Braga II, Na poltrona, Revista de bordo do Grupo Itapemirim, ano 6, no 67, janeiro 2005, p. 60)
A norma gramatical que justifica o acento gráfico na palavra década é:
Atenção: Para responder às questões de números 5 a 9, assinale, na folha de respostas, a letra da alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada.
O município de Bonito é exemplo de preservação de suas belezas naturais, com ...... de visão magnífica, verdadeiros ...... .
TEXTO . OS COITADINHOS Clóvis Rossi . Folha de São Paulo, 25/02/01
SÃO PAULO . Anestesiada e derrotada, a sociedade nem está percebendo a enorme inversão de valores em curso. Parece aceitar como normal que um grupo de criminosos estenda faixas pela cidade e nelas fale de paz. Que paz? Não foram esses mesmos adoráveis senhores que decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões? A sociedade ouve em silêncio o juiz titular da Vara de Execuções Penais, Otávio Augusto Barros Filho, dizer que não vai resolver nada a transferência e isolamento dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital ou Partido do Crime). Digamos que não resolva. Qual é a alternativa oferecida pelo juiz? Libertá-los todos? Devolvê-los aos presídios dos quais gerenciam livremente seus negócios e determinam quem deve viver e quem deve morrer? Vamos, por um momento que seja, cair na real: os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privilégios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso. Há um coro, embora surdo, que tenta retratar criminosos como coitadinhos, vítimas do sistema. Calma lá. Coitadinhos e vítimas do sistema, aqui, são os milhões de brasileiros que sobrevivem com salários obscenamente baixos (ou sem salário algum) e, não obstante, mantêm-se teimosamente honestos. Coitadinhos e vítimas de um sistema ineficiente, aqui, são os parentes dos abatidos pela violência, condenados à prisão perpétua que é a dor pela perda de alguém querido, ao passo que o criminoso não fica mais que 30 anos na cadeia.
Parafraseando Millôr Fernandes: ou restaure-se a dignidade para todos, principalmente para os coitadinhos de verdade, ou nos rendamos de uma vez à Crime Incorporation.
Como se pode ver no texto, obscenamente é um vocábulo grafado com SC; o item abaixo em que um dos vocábulos está erroneamente grafado é:
Atenção: As questões de números 1 a 8 apóiam-se no texto apresentado abaixo.
Rios caudalosos e lagos deslumbrantes, cachoeiras e corredeiras, cavernas, grutas e paredões. Onças, jacarés, tamanduás, capivaras, cervos, pintados e tucunarés, emas e tuiuiús. As maravilhas da geologia, fauna e flora do Brasil Central reunidas em três ecossistemas únicos no mundo - Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica ?, poderiam ser uma abundante fonte de receitas turísticas. Mas não são, e os Estados da região agradecem. Para preservar seus delicados santuários ecológicos, o Centro-Oeste mantém rigorosas políticas de controle do turismo, com roteiros demarcados e visitação limitada. Assim é feito em Bonito, município situado na Serra da Bodoquena, cujas belezas naturais despertaram os fazendeiros para as oportunidades do turismo.
(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Novo mapa do Brasil, H16, 20 de novembro de 2005)
Atenção: As questões de números 1 a 8 apóiam-se no texto apresentado abaixo.
Rios caudalosos e lagos deslumbrantes, cachoeiras e corredeiras, cavernas, grutas e paredões. Onças, jacarés, tamanduás, capivaras, cervos, pintados e tucunarés, emas e tuiuiús. As maravilhas da geologia, fauna e flora do Brasil Central reunidas em três ecossistemas únicos no mundo - Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica ?, poderiam ser uma abundante fonte de receitas turísticas. Mas não são, e os Estados da região agradecem. Para preservar seus delicados santuários ecológicos, o Centro-Oeste mantém rigorosas políticas de controle do turismo, com roteiros demarcados e visitação limitada. Assim é feito em Bonito, município situado na Serra da Bodoquena, cujas belezas naturais despertaram os fazendeiros para as oportunidades do turismo.
(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Novo mapa do Brasil, H16, 20 de novembro de 2005)
Palavras do texto que recebem acento gráfico pela mesma razão que o justifica na palavra jacarés estão reproduzidas em:
Atenção: As questões de números 16 a 20 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Em todo o mundo, há 175 milhões de pessoas vivendo e trabalhando fora do país em que nasceram. A maior parte desse contingente é de imigrantes de países pobres em busca de melhores empregos no Primeiro Mundo. Outro êxodo, mais discreto mas igualmente intenso, percorre um caminho diferente. É formado por cidadãos do mundo próspero que vão viver em outros países. Emprego e qualidade de vida estão no topo dessa migração. Uma semelhança entre os dois fluxos é a de que ambos se dirigem sobretudo aos países ricos. O número de americanos que vivem fora dos Estados Unidos cresceu; a cada ano aumenta o número de franceses que moram no exterior; Inglaterra e Alemanha, que nas últimas décadas foram inundadas por levas de imigrantes, bateram recentemente o recorde histórico em emigração. Desde a II Guerra não se viam tantos alemães de mudança para o exterior. No ano passado, a quantidade foi equivalente à que saía do país no fim do século XIX ? época das grandes migrações, quando 44 milhões de pessoas fugiram da pobreza na Europa, em busca de oportunidades no Novo Mundo. Um dos tipos que caracteriza os novos migrantes, que saem de países ricos, é o de profissionais que encontram no exterior oportunidade de investir na carreira, se possível conciliando trabalho com qualidade de vida. A globalização da economia é o principal catalisador dessa tendência.
(Adaptado de José Eduardo Barella, Veja, 14 de setembro de 2005, p. 100)
Atenção: As questões de números 10 a 15 baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Um fator até pouco tempo negligenciado deve entrar na conta do desmatamento da Amazônia dentro de alguns anos. As chamadas florestas secundárias, produto da regeneração da mata após a derrubada, devem começar a ser contabilizadas pelo Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes).
O rebrotamento de florestas não reconstitui toda a biodiversidade, mas pode ser relevante no longo prazo. Sabese, por exemplo, que florestas secundárias podem reabsorver até 15% do carbono emitido pela perda da mata primária - o que ajuda a reduzir o efeito estufa. Só que esse dado não entra na conta dos milhões de toneladas de carbono que a destruição da Amazônia lança no ar por ano, porque ainda não se mediu a capacidade de "ressurreição" da floresta.
Estudos mostram que alguns proprietários de terras abandonam certas áreas ao longo do tempo e nelas a vegetação pode começar a regenerar-se. Não se sabe ainda com que intensidade esse fenômeno acontece na Amazônia. Entender o que ocorre nas florestas secundárias também é importante, porque elas podem ser cortadas novamente para suprir parte da demanda por madeira e voltar a receber pasto.
Os fatores que influenciam o grau de regeneração das matas, porém, são inúmeros, e não é tão simples prever como uma área desmatada e depois abandonada se comportará. Tudo isso depende, por exemplo, do tipo de uso que a terra teve antes. Um terreno desgastado por pastagens durante muito tempo pode se recuperar mais lentamente do que outro, submetido à agricultura com rotação de culturas. A proximidade do trecho desmatado com áreas de floresta primária também conta. Terras muito isoladas não estão sujeitas a processos de polinização e semeadura naturais. "Se houver um banco de sementes próximo, em uma área florestal ainda grande, com pássaros, ou algum vetor que possa trazer sementes, ela pode recuperar parte da biodiversidade", explica um pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
(Adaptado de Rafael Garcia. Folha de S. Paulo, Mais!, 11 de junho de 2006, p. 10)
A forma verbal que, além de corretamente flexionada, indica fato passado anterior a outro, também passado, está grifada na frase:
Atenção: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto abaixo.
Ensino que ensine
Jogar com as ambigüidades, cultivar o improviso, juntar o que se pretende irreconciliável e dividir o que se supõe unitário, usar falta de método como método, tratar enigmas como soluções e o inesperado como caminho? são traços da cultura do povo brasileiro. Estratégias de sobrevivência? Por que não também manancial de grandes feitos, tanto na prática como no pensamento? A orientação de nosso ensino costuma ser o oposto dessa fecundidade indisciplinada: dogmas confundidos com idéias, informações sobrepostas a capacitações, insistência em métodos "corretos" e em respostas "certas", ditadura da falta de imaginação. Nega-se voz aos talentos, difusos e frustrados, da nação. Essa contradição nunca foi tema do nosso debate nacional.
Entre nós, educação é assunto para economistas e engenheiros, não para educadores, como se o alvo fosse construir escolas, não construir pessoas. Preconizo revolução na orientação do ensino brasileiro. Nada tem a ver com falta de rigor ou com modismo pedagógico. E exige professorado formado, equipado e remunerado para cumprir essa tarefa libertadora.
Em matemática, por exemplo, em vez de enfoque nas soluções únicas, atenção para as formulações alternativas, as soluções múltiplas ou inexistentes e a descoberta de problemas, tão importante quanto o encontro de soluções. Em leitura e escrita, análise de textos com a preocupação de aprofundar, não de suprimir possibilidades de interpretação; defesa, crítica e revisão de idéias; obrigação de escrever todos os dias, formulando e reformulando sem fim. Em ciência, o despertar para a dialética entre explicações e experimentos e para os mistérios da relação entre os nexos de causa e efeito e sua representação matemática. Em história, e em todas as disciplinas, as transformações analisadas de pontos de vista contrastantes.
Isso é educação. O resto é perda de tempo. (...) Quem lutará para que a educação no Brasil se eduque?
(Roberto Mangabeira Unger, Folha de S. Paulo, 09/01/2007)
Quanto à acentuação, grafia das palavras e ocorrência do sinal de crase, a frase inteiramente correta é:
Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo imperfeitamente, o enigma brasileiro. Já independentes, continuamos a ser um animal muito estranho no zoológico das nações: sociedade recente, produto da expansão européia, concebida desde o início para servir ao mercado mundial, organizada em torno de um escravismo prolongado e tardio, única monarquia em um continente republicano, assentada em uma extensa base territorial situada nos trópicos, com um povo em processo de formação, sem um passado profundo onde pudesse ancorar sua identidade. Que futuro estaria reservado para uma nação assim? Durante muito tempo, as tentativas feitas para compreender esse enigma e constituir uma teoria do Brasil foram, em larga medida, infrutíferas. Não sabíamos fazer outra coisa senão copiar saberes da Europa (...) Enquanto o Brasil se olhou no espelho europeu só pôde construir uma imagem negativa e pessimista de si mesmo, ao constatar sua óbvia condição não-européia. Houve muitos esforços meritórios para superar esse impasse. Porém, só na década de 1930, depois de mais de cem anos de vida independente, começamos a puxar consistentemente o fio da nossa própria meada. Devemos ao conservador Gilberto Freyre, em 1934, com Casa-grande & Senzala, uma revolucionária releitura do Brasil, visto a partir do complexo do açúcar e à luz da moderna antropologia cultural, disciplina que então apenas engatinhava. (...) Freyre revirou tudo de ponta-cabeça, realizando um tremendo resgate do papel civilizatório de negros e índios dentro da formação social brasileira. (...) A colonização do Brasil, ele diz, não foi obra do Estado ou das demais instituições formais, todas aqui muito fracas. Foi obra da família patriarcal, em torno da qual se constituiu um modo de vida completo e específico. (...) Nada escapa ao abrangente olhar investigativo do antropólogo: comidas, lendas, roupas, cores, odores, festas, canções, arquitetura, sexualidade, superstições, costumes, ferramentas e técnicas, palavras e expressões de linguagem. (...) Ela (a singularidade da experiência brasileira) não se encontrava na política nem na economia, muito menos nos feitos dos grandes homens. Encontrava-se na cultura, obra coletiva de gerações anônimas. (...) Devemos a Sérgio Buarque, apenas dois anos depois, com Raízes do Brasil, um instigante ensaio - "clássico de nascença", nas palavras de Antônio Cândido - que tentava compreender como uma sociedade rural, de raízes ibéricas, experimentaria o inevitável trânsito para a modernidade urbana e "americana" do século 20. Ao contrário do pernambucano Gilberto Freyre, o paulista Sérgio Buarque não sentia nostalgia pelo Brasil agrário que estava se desfazendo, mas tampouco acreditava na eficácia das vias autoritárias, em voga na década de 1930, que prometiam acelerar a modernização pelo alto. Observa o tempo secular da história. Considera a modernização um processo. Também busca a singularidade do processo brasileiro, mas com olhar sociológico: somos uma sociedade transplantada, mas nacional, com características próprias. (...) Anuncia que "a nossa revolução" está em marcha, com a dissolução do complexo ibérico de base rural e a emergência de um novo ator decisivo, as massas urbanas. Crescentemente numerosas, libertadas da tutela dos senhores locais, elas não mais seriam demandantes de favores, mas de direitos. No lugar da comunidade doméstica, patriarcal e privada, seríamos enfim levados a fundar a comunidade política, de modo a transformar, ao nosso modo, o homem cordial em cidadão. O esforço desses pensadores deixou pontos de partida muito valiosos, mesmo que tenham descrito um país que, em parte, deixou de existir. O Brasil de Gilberto Freyre girava em torno da família extensa da casa-grande, um espaço integrador dentro da monumental desigualdade; o de Sérgio Buarque apenas iniciava a aventura de uma urbanização que prometia associar-se a modernidade e cidadania.
BENJAMIN, César. Revista Caros Amigos. Ano X, no 111. jun. 2006. (adaptado)
Em qual das palavras apresentadas a seguir as lacunas NÃO podem ser preenchidas com os mesmos sinais gráficos destacados no vocábulo expansão?
Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo imperfeitamente, o enigma brasileiro. Já independentes, continuamos a ser um animal muito estranho no zoológico das nações: sociedade recente, produto da expansão européia, concebida desde o início para servir ao mercado mundial, organizada em torno de um escravismo prolongado e tardio, única monarquia em um continente republicano, assentada em uma extensa base territorial situada nos trópicos, com um povo em processo de formação, sem um passado profundo onde pudesse ancorar sua identidade. Que futuro estaria reservado para uma nação assim? Durante muito tempo, as tentativas feitas para compreender esse enigma e constituir uma teoria do Brasil foram, em larga medida, infrutíferas. Não sabíamos fazer outra coisa senão copiar saberes da Europa (...) Enquanto o Brasil se olhou no espelho europeu só pôde construir uma imagem negativa e pessimista de si mesmo, ao constatar sua óbvia condição não-européia. Houve muitos esforços meritórios para superar esse impasse. Porém, só na década de 1930, depois de mais de cem anos de vida independente, começamos a puxar consistentemente o fio da nossa própria meada. Devemos ao conservador Gilberto Freyre, em 1934, com Casa-grande & Senzala, uma revolucionária releitura do Brasil, visto a partir do complexo do açúcar e à luz da moderna antropologia cultural, disciplina que então apenas engatinhava. (...) Freyre revirou tudo de ponta-cabeça, realizando um tremendo resgate do papel civilizatório de negros e índios dentro da formação social brasileira. (...) A colonização do Brasil, ele diz, não foi obra do Estado ou das demais instituições formais, todas aqui muito fracas. Foi obra da família patriarcal, em torno da qual se constituiu um modo de vida completo e específico. (...) Nada escapa ao abrangente olhar investigativo do antropólogo: comidas, lendas, roupas, cores, odores, festas, canções, arquitetura, sexualidade, superstições, costumes, ferramentas e técnicas, palavras e expressões de linguagem. (...) Ela (a singularidade da experiência brasileira) não se encontrava na política nem na economia, muito menos nos feitos dos grandes homens. Encontrava-se na cultura, obra coletiva de gerações anônimas. (...) Devemos a Sérgio Buarque, apenas dois anos depois, com Raízes do Brasil, um instigante ensaio - "clássico de nascença", nas palavras de Antônio Cândido - que tentava compreender como uma sociedade rural, de raízes ibéricas, experimentaria o inevitável trânsito para a modernidade urbana e "americana" do século 20. Ao contrário do pernambucano Gilberto Freyre, o paulista Sérgio Buarque não sentia nostalgia pelo Brasil agrário que estava se desfazendo, mas tampouco acreditava na eficácia das vias autoritárias, em voga na década de 1930, que prometiam acelerar a modernização pelo alto. Observa o tempo secular da história. Considera a modernização um processo. Também busca a singularidade do processo brasileiro, mas com olhar sociológico: somos uma sociedade transplantada, mas nacional, com características próprias. (...) Anuncia que "a nossa revolução" está em marcha, com a dissolução do complexo ibérico de base rural e a emergência de um novo ator decisivo, as massas urbanas. Crescentemente numerosas, libertadas da tutela dos senhores locais, elas não mais seriam demandantes de favores, mas de direitos. No lugar da comunidade doméstica, patriarcal e privada, seríamos enfim levados a fundar a comunidade política, de modo a transformar, ao nosso modo, o homem cordial em cidadão. O esforço desses pensadores deixou pontos de partida muito valiosos, mesmo que tenham descrito um país que, em parte, deixou de existir. O Brasil de Gilberto Freyre girava em torno da família extensa da casa-grande, um espaço integrador dentro da monumental desigualdade; o de Sérgio Buarque apenas iniciava a aventura de uma urbanização que prometia associar-se a modernidade e cidadania.
BENJAMIN, César. Revista Caros Amigos. Ano X, no 111. jun. 2006. (adaptado)
A ausência do sinal gráfico de acentuação cria outro sentido para a palavra:
"Começar de novo, e contar "comigo", vai valer a pena, ter amanhecido..."
*Ivan Lins*
Ter coragem de recomeçar a cada vez...fácil de dizer, difícil de fazer. Todas as manhãs pelo mundo afora, pessoas acordam com essa meta, esse desejo de recomeço, enfrentando o dilema: Por onde e como encontrar forças pra recomeçar. É preciso enlaçar as tristezas, num laço apertado, e jogá-las no desfiladeiro, que só tem o eco como companheiro. É preciso enfrentar o inimigo maior, nosso eu interior, e torná-lo nosso cúmplice. É preciso que nos tornemos perdoadores de nós mesmos. Nosso eu é nosso carrasco maior, na maioria das vezes. Ninguém nos poderá ajudar nessa tarefa! É uma incumbência que só podemos delegar a nós mesmos. É preciso achar o trilho perdido, nesta nossa vidinha de cada dia, de estradas nem sempre tão planas, nem sempre bem sinalizadas, que se repartem em múltiplos caminhos sem setas de chegada. É necessário, muitas vezes, juntar os cacos partidos de um coração que de alguma forma foi estraçalhado. Abrir a janela e perceber que o sol brilha a cada manhã, não apenas por nossa causa, mas apesar de nós. Saber que a vida continua, quer queiramos ou não! estejamos alegres, ou estejamos tristes... A vida caminha, esteja nossa alma leve ou pesada! Estamos vivos e enquanto houver vida dentro de nós...temos de ter coragem e esperança de... começar de novo, ainda que comigo, vai valer a pena, ter amanhecido!!...
POLLICE, Ercilia de Arruda(adaptado).
Os substantivos dicção e junção, derivados de "dizer" (l. 2) e "juntar" (l. 21), são grafados com ç. Assinale a opção em que o vocábulo é grafado com essa mesma letra.
Treinar a memória equivale a treinar os músculos do corpo ? é preciso usá-la ou ela atrofia. Há duas boas maneiras para fazer isso: a primeira é a leitura, porque, no instante em que se lê algo, ativam-se as memórias visual, auditiva, verbal e lingüística. "A qualidade do que se lê importa mais que a quantidade, porque gostar do assunto gera interesse", diz o médico e pesquisador Iván Izquierdo, diretor do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A memória sofre influência do humor e da atenção, despertada quando existe interesse em determinado assunto ou trabalho ? o desinteresse, ao contrário, é uma espécie de "sedativo", que faz a pessoa memorizar mal. A outra forma de deixar a memória viva é o convívio com familiares e amigos, com quem se podem trocar idéias e experiências. "Palavras cruzadas são inferiores à leitura, mas também ajudam. Da mesma forma que ouvir uma música e tentar lembrar a letra ou visitar uma cidade para onde já se viajou e relembrar os pontos mais importantes", afirma Izquierdo. É preciso corrigir o estilo de vida para manter a memória funcionando bem. "Uma pessoa de 40 anos só sofre de esquecimento se viver estressada e tiver um suprimento de informações acima do que é capaz de processar. Não dá para esperar o mesmo nível de retenção de informação quando se lê um e-mail enquanto se conversa ao telefone e é interrompido pela secretária. É preciso dar tempo para o cérebro", explica o psiquiatra Orestes Forlenza, da USP. Segundo Barry Gordon, professor da Johns Hopkins Medical Institution, a memória "comum" focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e tem capacidade limitada, deteriorando-se com a idade. Já a "inteligente" é um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias. É a que ajuda a tomar decisões diárias, aquela "luz" que se acende quando se encontra a solução de um problema. Por exemplo: a comum esquece o aniversário da mulher; a inteligente lembra o que poderia ser um presente especial para ela. A comum esquece o nome de um conhecido encontrado na rua; a inteligente lembra o nome da mulher dele e onde ele trabalha, pistas que acabam levando ao nome da pessoa.
CLEMENTE, Ana Tereza; VEIGA, Aida. Receitas para a inteligência. Revista Época. 31 out.2005. p.77-78.
Em relação ao comentário gramatical, assinale o item INCORRETO.
Conta-se que, certa vez, ligaram para Brasília uns cientistas americanos intrigados com o que viram em algumas fotos de satélite. Eles queriam saber o que havia na região ao norte do Distrito Federal, porque as imagens mostravam um brilho intenso naquelas coordenadas, algo muito incomum. Bem, esse telefonema pode nem ter ocorrido, mas o certo é que a Chapada dos Veadeiros, a 230 quilômetros de Brasília, está sobre uma das mais generosas jazidas de cristal de que se tem notícia. Os tais cientistas americanos, caso tenham ligado mesmo, não estavam descobrindo nenhuma América, pois durante longo tempo a garimpagem do cristal movimentou a Chapada e seus arredores. Esse minério translúcido servia como matéria-prima para fabricação de componentes eletrônicos e de computador, em vista de sua altíssima condutividade. Com o tempo, os pesquisadores desenvolveram outros materiais em laboratório e o cava-cava acabou. Os místicos falam que há uma gigantesca placa de cristal sob toda a região. E sobre ela, como você pode imaginar, uma gigantesca massa de místicos. Atraídos pela inegável atmosfera divinal da Chapada, que é um manancial de água e luz (a solar, ok?) e com visuais que chamam à contemplação, milhares de terapeutas, psicólogos, massagistas e líderes espirituais se mudaram para lá, o que faz de Alto Paraíso e da vizinha vila de São Jorge um "território alto-astral" de fama internacional.
RODRIGUES, Otávio. Viagem, Edição Especial (Ecoturismo) Ed. Abril - Edição 108-A.
Nas questões 14 e 15 assinale a opção que corresponde a palavra ou expressão do texto que contraria a prescrição gramatical.
No século XX, a arte cinematográfica introduziu um novo conceito de tempo. Não mais o conceito linear, histórico, que perspassa(1)a Bíblia e, também, as pinturas de Fra Angelico ou o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. No filme, predomina a simultaneidade( 2). Suprimem-se(3)as barreiras entre tempo e espaço. O tempo adquire caráter espacial, e o espaço, caráter temporal. No filme, o olhar da câmara e do espectador(4)passa, com toda a liberdade, do presente para o passado e, desse, para o futuro. Não há continuidade ininterrupta(5).
Nas questões 14 e 15 assinale a opção que corresponde a palavra ou expressão do texto que contraria a prescrição gramatical.
Aos poucos, o horizonte histórico apaga-se(1), como as luzes de um palco após o espetáculo. A utopia sai de cena, o que(2)permite a Fukuyama vatiscinar( 3): "A história acabou". Ao contrário do que(4)adverte Coélet, no Eclesiastes, não há mais tempo para construir e tempo para destruir; tempo para amar e tempo para odiar; tempo para fazer a guerra e tempo para estabelecer a paz. O tempo é agora. E nele se sobrepõem(5)construção e destruição, amor e ódio, guerra e paz.
Os fragmentos abaixo foram adaptados do texto O sentido do som, de Leonardo Sá, para compor três itens. Julgue-os quanto ao respeito às regras gramaticais do padrão culto da língua portuguesa para assinalar a opção correta a seguir.
I. A ausência de discurso é silêncio. O silêncio enquanto formador do discurso expressivo e entendido em sua forma dinâmica, em contraposição aquele que corresponde à ausência de discurso, ganha amplitude a gravidade quando passa a ser o perfi l de comportamento, isto é, quando passa a ser uma atitude assumida por (e imposta a) segmentos sociais que não “discursam”, mas que apenas silenciam, que exercem a expressão em dimensão mínima e deixam projetarem-se no discurso de outrem como sendo o seu discurso.
II. Em um contexto como o do Brasil, no qual há uma perversa concentração de privilégios, e no qual o acesso aos meios disponíveis é restrito, outra vez coloca-se a questão que abordamos ao falar dos silêncios: apenas alguns segmentos sociais “emitem”, enquanto amplas maiorias tornam-se “silenciosas”, resultando daí que as imagens acústicas encontram suporte em meios que, por razões tecnológicas e culturais, são inacessíveis às massas.
III. Por conseguinte, esse monólogo passa a gerar imagens sobre si mesmo, imagens de imagens, sem diálogo, produtos fortuitos que a indústria da cultura massifi ca, difunde, impõe, substitui, esquece, retoma, redimensiona, rejeita e reinventa.... As razões do “silêncio”, portanto, são também razões sociais e econômicas. Neste silêncio, o que se absorve não são apenas imagens, mas também o imaginário em seu conjunto pré-delimitado, um imaginário que não identifi ca as fontes de suas imagens, que nem sequer se preocupa em identifi cá-las, que aos poucos as esquece.
Assinale a opção que preenche corretamente a seqüência de lacunas do texto, mantendo sua coerência textual e sua correção gramatical.
Tendo _____ unidade de análise o gênero humano no tempo, Morgan dispõe ______ sociedades humanas na história segundo graus de complexidade crescente _________ se aproximam da civilização. Diferentes organizações sociais sucedem-se porque se superam ______ desenvolvimento de sua capacidade de ______ e de dominar a natureza, identifi cando vantagens biológicas e econômicas em certas formas de comportamento que são, então, instituídas ________ modos de organização social.
(Sylvia G. Garcia, Antropologia, modernidade, identidade. In: Tempo Social, vol. 5, no. 1 – 2, com adaptações)
As hidrelétricas podem ser uma boa opção de energia barata e renovável, desde que não inundem florestas primárias e nações indígenas nem desalojem compulsoriamente milhares de agricultores. Pequenas e médias hidrelétricas e também algumas muito grandes, como a Xingó, no Nordeste, têm um impacto socioambiental positivo. A combinação dos princípios de reciclagem, descentralização e conservação de energia com os mecanismos de democratização, avaliação dos impactos ambientais e opções energéticas menos agressivas promoverá mudanças substanciais na matriz energética e na economia global. Em decorrência, haverá amplo acesso de energia às populações e menor impacto nas florestas e no efeito estufa, bem como maior benefício na redução do lixo atômico e na conservação dos recursos hídricos.
(Carlos Minc, Ecologia e Cidadania, Rio de Janeiro, Editora Moderna, p.120)
Assinale a opção que corresponde a rro gramatical.
Uma das formas de combustível renovável é a utilização do biodiesel, que é produzido com o óleo vegetal e até(1) com o(2) animal. Mais comumente(3) o biodiesel vem sendo feito à partir de(4) óleos vegetais, utilizando-se a mamona, a soja e o feijão. Nessa época de racionamento de energia, nada mais importante do que(5) encontrar combustíveis renováveis para a geração de energia, principalmente para o pequeno e médio consumidor.
(Adaptado de http://www.aultimaarcadenoe.com/energia.htm)
1 É fácil ironizar os possuidores de telefones celulares. Mas é necessário descobrir a qual das cinco categorias eles pertencem. Primeiro, vêm as pessoas fisicamente incapacitadas, 4 ainda que sua deficiência não seja visível, obrigadas a um contato constante com o médico ou com o pronto-socorro. Depois, vêm aqueles que, devido a graves deveres profissionais, 7 são obrigados a correr em qualquer emergência (capitães do corpo de bombeiros, médicos, transplantadores de órgãos). Em terceiro lugar, vêm os adúlteros. Só agora eles têm a 10 possibilidade de receber ligações de seu parceiro secreto sem que membros da família, secretárias ou colegas malintencionados possam interceptar o telefonema. 13 Todas as três categorias enumeradas até agora merecem o nosso respeito: no caso das duas primeiras, não nos importamos de ser perturbados em restaurantes ou durante uma 16 cerimônia fúnebre, e os adúlteros tendem a ser muito discretos. Seguem-se duas outras categorias que, ao contrário, representam um risco. A primeira é composta de pessoas 19 incapazes de ir a qualquer lugar se não tiverem a possibilidade de conversar fiado acerca de frivolidades com amigos e parentes de que acabaram de se separar. Elas nos incomodam, 22 mas precisamos compreender sua terrível aridez interior, agradecer por não estarmos em sua pele e, finalmente, perdoar. A última categoria é composta de pessoas preocupadas 25 em mostrar em público o quanto são solicitadas, especialmente para complexas consultas a respeito dos negócios: as conversas que somos obrigados a escutar em aeroportos ou restaurantes 28 tratam de transações monetárias, atrasos na entrega de perfis metálicos e outras coisas que, no entendimento de quem fala, dão a impressão de que se trata de um verdadeiro Rockfeller. 31 O que eles não sabem é que Rockfeller não precisa de telefone celular, porque conta com um plantel de secretários tão vasto e eficiente que, no máximo, se seu avô estiver morrendo, 34 por exemplo, alguém chega e lhe sussurra alguma coisa no ouvido. O homem poderoso é justamente aquele que não é obrigado a atender todas as ligações, muito pelo contrário: 37 nunca está para ninguém, como se diz. Portanto, todo aquele que ostenta o celular como símbolo de poder, na verdade, está declarando de público sua 40 condição irreparável de subordinado, obrigado que é a pôr-se em posição de sentido, mesmo quando está empenhado em um abraço, a qualquer momento em que o chefe o chamar.
Umberto Eco. O segundo diário mínimo. Sergio Flaksman (Trad.). Rio de Janeiro: Record, 1993, p. 194-6 (com adaptações).
Com base nas idéias e estruturas do texto de Umberto Eco,
julgue os itens a seguir.
Nas formas verbais "vêm" e "têm", ambas na linha 9, foi
aplicada a mesma regra de acentuação gráfica.
Instruções: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto apresentado abaixo.
1. Coerente com a noção de que o pecado marca fundamentalmente a condição humana, como estigma degradante, e que este mundo material é apenas lugar de perdição ou, na melhor das hipóteses, lugar de penas re- 5. generadoras, o pensamento católico medieval insistiu no tema da miséria e da indignidade do homem. Indignidade resultante da Queda, indignidade tornada visceral e que, sozinho, apenas por si mesmo, apenas com suas parcas forças o homem não conseguiria superar, necessitando da 10. ação mediadora da Igreja, de seus clérigos, seus sacramentos. É bem verdade que essa visão pessimista em relação ao homem e à natureza, que lhe propicia ocasiões de pecado ou de esquecimento da necessidade de salvação, encontra seu reverso, na própria Idade Média, 15. no cristianismo de São Francisco de Assis, baseado em pobreza, alegria e amor à natureza enquanto obra belíssima de Deus. Essa é justamente uma das contradições mais fecundas apresentadas pelo universo religioso medieval (contradição muito bem exposta, em for- 20 ma romanceada, por Umberto Eco, em O nome da rosa). (...) Mas, franciscanismo à parte, a tese que prevalece na Idade Média como concepção "oficial" da Igreja é aquela da degradação do homem em decorrência do pecado original e da natureza como reino da perigosa e tentadora 25. materialidade.
(PESSANHA, José Américo Motta. Humanismo e pintura. Artepensamento. Org. Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 30-31)
Considerada a norma culta da Língua Portuguesa, é correto afirmar que
Atenção: As questões de números 16 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Página de História
De uma História Universal editada no século XXXIII: "Os homens do século XX, talvez por motivos que só a miséria explicaria, costumavam aglomerar-se desconfortavelmente em enormes cortiços de cimento. Alguns atribuem o fato a não se sabe que misterioso pânico ao simples contato com a natureza; mas isso é matéria de ficcionistas, místicos e poetas... O historiador sabe apenas que chegou a haver, em certas grandes áreas, conjuntos de cortiços erguidos lado a lado sem o suficiente espaço e arejamento, que poderiam alojar vários milhões de indivíduos. Era, por assim dizer, uma vida de insetos - mas sem a segurança que apresentam as habitações construídas por estes."
(Mário Quintana ? Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1973, p. 14)
Está correta a grafia de todas as palavras na frase:
Instruções: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
A eterna juventude
Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada, mas os homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para limites jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de "mocinhos" e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num comercial de TV, uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as clínicas de cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um meio de fazer voltar a "cor natural". Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas leis do mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta daí uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver. O mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do "ser jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder prolongar indefinidamente. São várias as conseqüências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais velhos" vai para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da mocidade são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e objeto de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos trouxeram, o motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete espetacular e na roupa de couro com tachas de metal. É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas não é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os antigos gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte, pois só assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta ilusão da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.
(Bráulio Canuto)
Quanto ao emprego e à forma ortográfica das palavras, a frase inteiramente correta é:
Instruções: As questões de números 1 a 15 referem-se ao texto seguinte.
A eterna juventude
Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada, mas os homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para limites jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de "mocinhos" e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num comercial de TV, uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as clínicas de cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um meio de fazer voltar a "cor natural". Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas leis do mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta daí uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver. O mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do "ser jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder prolongar indefinidamente. São várias as conseqüências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais velhos" vai para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da mocidade são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e objeto de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos trouxeram, o motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete espetacular e na roupa de couro com tachas de metal. É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas não é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os antigos gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte, pois só assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta ilusão da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.
Instruções: As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto seguinte.
A família na Copa do Mundo
A rotina de uma família costuma ser duramente atingida numa Copa do Mundo de futebol. O homem da casa passa a ter novos hábitos, prolonga seu tempo diante da televisão, disputaa com as crianças; a mulher passa a olhar melancolicamente para o vazio de uma janela ou de um espelho. E se, coisa rara, nem o homem nem a mulher se deixam tocar pela sucessão interminável de jogos, as bandeiras, os rojões e os alaridos da vizinhança não os deixarão esquecer de que a honra da pátria está em jogo nos gramados estrangeiros. É preciso também reconhecer que são muito distintas as atuações dos membros da família, nessa época de gols. Cabe aos homens personificar em grau máximo as paixões envolvidas: comemorar o alto prazer de uma vitória, recolher o drama de uma derrota, exaltar a glória máxima da conquista da Copa, amargar em luto a tragédia de perdê-la. Quando solidárias, as mulheres resignam-se a espelhar, com intensidade muito menor, essas alegrias ou dores dos homens. Entre as crianças menores, a modificação de comportamento é mínima, ou nenhuma: continuam a se interessar por seus próprios jogos e brinquedos. Já os meninos e as meninas maiores tendem a reproduzir, respectivamente, algo da atuação do pai ou da mãe. Claro, está-se falando aqui de uma "família brasileira padrão", seja lá o que isso signifique. O que indiscutivelmente ocorre é que, sobretudo nos centros urbanos, uma Copa do Mundo põe à prova a solidez dos laços familiares. Algumas pessoas não resistem à alteração dos horários de refeição, à alternância entre ruas congestionadas e ruas desertas, às tensas expectativas, às súbitas mudanças de humor coletivo ? e disseminam pela casa uma insatisfação, um rancor, uma vingança que afetam o companheiro, a companheira ou os filhos. Como toda exaltação de paixões, uma Copa do Mundo pode abrir feridas que demoram a fechar. Sim, costumam cicatrizar esses ressentimentos que por vezes se abrem, por força dos diferentes papéis que os familiares desempenham durante os jogos. Cicatrizam, volta a rotina, retornam os papéis tradicionais ? até que chegue uma outra Copa. (Itamar Rodrigo de Valença)
Está correto o emprego de ambas as formas sublinhadas na frase:
TEXTO I MANDE SEU FUNCIONÁRIO PARA O MAR Tudo que o aventureiro americano Yvon Chouinard faz contraria dez entre dez livros de negócios. Dono de fábrica de roupas e artigos esportivos, ele pergunta a seus clientes, numa etiqueta estampada em cada roupa: 5 você realmente precisa disto? Alpinista de renome, surfista e ativista ecológico, ele se levanta de sua mesa e incita os 350 funcionários da sede da empresa, na cidade de Ventura, na Califórnia, a deixar seus postos e pegar suas pranchas de surfe tão logo as ondas 10 sobem. Aos 67 anos de idade, ele vai junto. Resultado: a empresa, que faturou US$ 270 milhões em 2006, foi considerada pela revista Fortune a mais cool do mundo, em uma reportagem de capa. Isso não quer dizer que seus funcionários sejam 15 preguiçosos, apesar do ambiente maneiro. A equipe é motivada e gabaritada, como o perfeccionismo do dono exige. Para cada vaga que abre, a companhia recebe cerca de 900 currículos - como o do jovem Scott Robinson, de 26 anos, que, com dois MBAs no bolso e 20 passagens por outras empresas, implorou para ser aceito como estoquista de uma das lojas (ganhou o posto). Robinson justificou: "Queria trabalhar numa companhia conduzida por valores". Que valores são esses? "Negócios podem ser lucrativos sem perder a 25 alma", diz Chouinard. Essa alma está no parque de Yosemite, onde, nos anos 60, Chouinard se reunia com a elite do alpinismo para escalar paredões de granito. Foi quando começou a fabricar pinos de escalada de alumínio, reutilizáveis, 30 uma novidade. Vendia-os a US$ 1,50. Em 1972, nascia a empresa, com o objetivo de criar roupas para esportes mais duráveis e de pouco impacto ao meio ambiente. A filosofia do alpinismo - não importa só aonde você chega, mas como você chega - foi adotada nos 35 negócios. O lucro não seria uma meta, mas a conseqüência do trabalho bem-feito. A empresa foi pioneira no uso de algodão orgânico (depois adotado por outras marcas), fabricou jaquetas com garrafas plásticas usadas e passou a utilizar poliéster reciclado. 40 Hoje, o filho de Chouinard, Fletcher, de 31 anos, desenvolve pranchas de surfe sem materiais tóxicos que diz serem mais leves e resistentes que as atuais. Chouinard, que se define como um antiempresário, virou tema de estudo em escolas de negócios. Quando dá 45 palestras em Stanford ou Harvard, não sobra lugar. Nem de pé.
Revista Época Negócios. jun. 2007. (Adaptado)
Assinale a opção em que a palavra é grafada com hífen do mesmo modo que "bem-feito" (l. 36).
A reunião preparatória de Lisboa para a Cúpula Judicial Ibero-Americana debateu a ética judicial, a justiça eletrônica e o mapa do Poder Judiciário ibero-americano. A Cúpula está elaborando um código de ética judicial que servirá de modelo para os países ibero-americanos e estimulando o aperfeiçoamento da justiça eletrônica, entre outros objetivos.
O Brasil é reconhecido internacionalmente na área de justiça eletrônica. No ranque ibero-americano divulgado na reunião preparatória de Lisboa, o Judiciário brasileiro foi o primeiro colocado no critério que avaliou a qualidade e a incorporação de tecnologias da informação.
Internet: www.stj.gov.br (com adaptações).
Assinale a opção em que as palavras apresentadas são acentuadas com base em diferentes regras gramaticais.
Acabo de perder a crônica que havia escrito. Sequer tenho onde reescrevê-la, além desse caderninho onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta, desenhando garranchos que não vou entender daqui a meia 5 hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois computadores. E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil, que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho 10 cheio de idéias, entrou em conflito com a atualização do antivírus e não quer "iniciar". O temperamental está fazendo beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homemmáquina com ele. Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência 15 de que a crônica sobre as agruras do escritor com computadores indolentes virou um clichê, um subgênero batido como são as crônicas sobre falta de idéia. Mas não tenho opção que não seja registrar meu desalento com as máquinas nos poucos minutos que me restam até que a 20 redação do jornal me telefone cobrando peremptoriamente esse texto. E registrar a decepção comigo mesmo - com a minha dependência estúpida do computador. Não somente deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais 25 subordinados ao senhor computador. Vemos televisão no computador, vamos ao cinema no computador, fazemos compras no computador, amigos no computador. Música no computador. Trabalho no computador. Escritores mais graduados me confessam escrever 30 somente a lápis. Depois de vários tratamentos, passam o texto para o computador, "quando já está pronto". Faço parte de uma geração que não apenas cria direto no computador, mas pensa na frente do computador. Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina 35 branca do processador de texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas, "o mundo ao toque de um clique". Nada mais ilusório. O que assustou por aqui foi minha sincera reação 40 de pânico à possibilidade de perder tudo - como se a casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos seis anos de textos, três mil fotos e umas sete mil músicas em cada um dos computadores - a cópia de segurança dos arquivos de um estava no outro. Claro, seria 45 impossível que os dois quebrassem - "ainda mais no mesmo dia!" Os técnicos e entendidos em informática dirão que sou um idiota descuidado. Eles têm razão. Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir infinitamente livre para começar tudo de novo. Longe do 50 computador, espero.
CUENCA, João Paulo. Megazine. Jornal O Globo. 20 mar. 2007. (com adaptações)
Assinale a passagem em que predomina o uso da linguagem informal.
Acabo de perder a crônica que havia escrito. Sequer tenho onde reescrevê-la, além desse caderninho onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta, desenhando garranchos que não vou entender daqui a meia 5 hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois computadores. E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil, que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho 10 cheio de idéias, entrou em conflito com a atualização do antivírus e não quer "iniciar". O temperamental está fazendo beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homemmáquina com ele. Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência 15 de que a crônica sobre as agruras do escritor com computadores indolentes virou um clichê, um subgênero batido como são as crônicas sobre falta de idéia. Mas não tenho opção que não seja registrar meu desalento com as máquinas nos poucos minutos que me restam até que a 20 redação do jornal me telefone cobrando peremptoriamente esse texto. E registrar a decepção comigo mesmo - com a minha dependência estúpida do computador. Não somente deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais 25 subordinados ao senhor computador. Vemos televisão no computador, vamos ao cinema no computador, fazemos compras no computador, amigos no computador. Música no computador. Trabalho no computador. Escritores mais graduados me confessam escrever 30 somente a lápis. Depois de vários tratamentos, passam o texto para o computador, "quando já está pronto". Faço parte de uma geração que não apenas cria direto no computador, mas pensa na frente do computador. Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina 35 branca do processador de texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas, "o mundo ao toque de um clique". Nada mais ilusório. O que assustou por aqui foi minha sincera reação 40 de pânico à possibilidade de perder tudo - como se a casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos seis anos de textos, três mil fotos e umas sete mil músicas em cada um dos computadores - a cópia de segurança dos arquivos de um estava no outro. Claro, seria 45 impossível que os dois quebrassem - "ainda mais no mesmo dia!" Os técnicos e entendidos em informática dirão que sou um idiota descuidado. Eles têm razão. Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir infinitamente livre para começar tudo de novo. Longe do 50 computador, espero.
CUENCA, João Paulo. Megazine. Jornal O Globo. 20 mar. 2007. (com adaptações)
Um dos rapazes ____________ as máquinas e o outro era _____________ de imprensa. A opção cuja forma dos vocábulos completa correta e respectivamente a frase acima é:
Acabo de perder a crônica que havia escrito. Sequer tenho onde reescrevê-la, além desse caderninho onde inclino com mãos trêmulas uma esferográfica preta, desenhando garranchos que não vou entender daqui a meia 5 hora. Explico: tenho, para uso próprio, dois computadores. E hoje os dois me deixaram órfão, fora do ar, batendo pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um pico de energia. O portátil, que muitas vezes levo para passear como um cachorrinho 10 cheio de idéias, entrou em conflito com a atualização do antivírus e não quer "iniciar". O temperamental está fazendo beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homemmáquina com ele. Farei isso, pois, com os leitores. Tenho consciência 15 de que a crônica sobre as agruras do escritor com computadores indolentes virou um clichê, um subgênero batido como são as crônicas sobre falta de idéia. Mas não tenho opção que não seja registrar meu desalento com as máquinas nos poucos minutos que me restam até que a 20 redação do jornal me telefone cobrando peremptoriamente esse texto. E registrar a decepção comigo mesmo - com a minha dependência estúpida do computador. Não somente deste escriba, aliás: somos todos cada vez mais 25 subordinados ao senhor computador. Vemos televisão no computador, vamos ao cinema no computador, fazemos compras no computador, amigos no computador. Música no computador. Trabalho no computador. Escritores mais graduados me confessam escrever 30 somente a lápis. Depois de vários tratamentos, passam o texto para o computador, "quando já está pronto". Faço parte de uma geração que não apenas cria direto no computador, mas pensa na frente do computador. Teclamos com olhos dilatados e dedos frementes sobre a cortina 35 branca do processador de texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um trilhão de outras janelas, "o mundo ao toque de um clique". Nada mais ilusório. O que assustou por aqui foi minha sincera reação 40 de pânico à possibilidade de perder tudo - como se a casa e a biblioteca pegassem fogo. Tenho pelo menos seis anos de textos, três mil fotos e umas sete mil músicas em cada um dos computadores - a cópia de segurança dos arquivos de um estava no outro. Claro, seria 45 impossível que os dois quebrassem - "ainda mais no mesmo dia!" Os técnicos e entendidos em informática dirão que sou um idiota descuidado. Eles têm razão. Há outro lado. Se nada recuperar, vou me sentir infinitamente livre para começar tudo de novo. Longe do 50 computador, espero.
CUENCA, João Paulo. Megazine. Jornal O Globo. 20 mar. 2007. (com adaptações)
Não ____________ o que iria acontecer, mas era necessário que ____________ a calma. As formas verbais que preenchem, nesta ordem, as lacunas, são:
A família Schürmann ficou conhecida no Brasil pelas viagens que fez pelo mundo a bordo de seu veleiro. Como um de seus membros, posso dizer que vivemos incontáveis aventuras, mas descobrimos que o nosso projeto ia além da busca por novas culturas e desafios. Percebemos que diariamente vivíamos a realidade – e até mesmo o sonho – de muitos empresários. Aprendemos na prática o que empresas e executivos procuram aprimorar no seu dia-a-dia, como, por exemplo, reagir em situações adversas, enfrentar desafios e transformá-los em oportunidades, tomar decisões para administrar um empreendimento com sucesso e conviver em equipe. Em nossas palestras, procuramos destacar que o barco a vela é uma excelente ferramenta para fazer uma analogia com as empresas. Nós vivemos durante 20 anos dentro de um veleiro de 44 metros quadrados. Para que tudo desse certo nessas condições, foi preciso um bom planejamento, uma tripulação unida e perseverança para enfrentar as mais inesperadas situações. As empresas passam por problemas similares. Veja alguns deles: • Quando nos deparávamos com um mar tempestuoso, procurávamos enfrentá-lo com firmeza. A análise das condições meteorológicas através de mecanismos de informações, como satélite, barômetro e formações de nuvens nos ajudava a prever a dimensão da situação. Com esses dados em mãos, tudo ficava mais fácil e previsível. Tínhamos também uma tripulação bem treinada. Numa empresa é a mesma coisa. Você precisa utilizar os recursos tecnológicos e intelectuais disponíveis para cada uma das situações. E, para se sentir seguro, não há nada melhor do que promover treinamentos periódicos e sistemáticos. • Sempre que estamos no mar, temos de ajustar constantemente a embarcação, regular as velas, revisar os materiais e preparar a tripulação. É importante administrar riscos em situações de pressão e tomar decisões rápidas nos momentos difíceis. [...] • Os ventos fortes sempre forçam o velejador a fazer mudanças de rumo, mas ele nunca esquece que o objetivo precisa ser alcançado. Tem de encontrar soluções e fazer o barco se mover com rapidez e segurança na tempestade. Para isso, deve contar com uma tripulação unida, em que cada um cumpre bem o seu papel. Para que tudo siga o planejado, é preciso investir em comunicação. Em um veleiro oceânico, assim como nas empresas, a comunicação é fator crítico para o sucesso. Essas são algumas das lições preciosas que aprendemos em alto-mar. Acredite sempre em dias melhores. Nem mesmo quando perdemos os nossos mastros em meio a uma tempestade na Nova Zelândia e ficamos dias à deriva deixamos de acreditar. O segredo foi estarmos preparados para superar momentos difíceis e tensos como aquele. SCHÜRMANN, Heloisa, Revista Você S/A, Ago. 2004.
As palavras que se acentuam de acordo com as mesmas regras por que são acentuadas "difícil" e "através" são, respectivamente:
Quando eu era criança, morava na Penha. Em minha casa, havia quintal. Deitado na grama, eu via estrelas, cometas, asteróides: via até a ponta das barbas brancas de Deus. Em dia de lua cheia, via até 5 seu sorriso, encimando o bigode branco. As estrelas eram tantas que pareciam confetes e lantejoulas, em noite de terça-feira gorda. Brilhavam forte, com brilho que hoje já não se vê: a luz foi soterrada no céu sombrio pela poluição galopante, estufa onde nos esturricaremos todos 10 como torresmos, sem remissão, se os países poluentes continuarem sua obra sufocante. Na Praia das Morenas, no fim da minha rua, tropeçando em siris e caranguejos - naquele tempo havia até água-viva na Baía de Guanabara; hoje, nem 15 morta! - eu via barcos de pescadores e peixes contorcionistas, mordendo as redes, como borboletas em teias de aranha - que ainda existiam naqueles tempos, aranhas e borboletas. Criança, eu pensava: como seria possível aos 20 pescadores velejar tão longe da areia, perder-se da nossa vista, perder-se no mar onde só havia vento em ritmos tonitruantes, onde as ondas eram todas iguais, sem traços distintivos, feitas da mesma água e mesma espuma e, encharcados de tempestades, encontrar o 25 caminho de volta? Meu pai explicava: os pescadores olhavam as estrelas, guias seguras, honestas, que indicavam o caminho de suas choupanas, na praia. Eu olhava o céu e via que as estrelas se moviam, e me afligia: talvez 30 enganassem os pescadores. Meu pai esclarecia: os pescadores haviam aprendido os movimentos estelares, e as estrelas tinham hábitos inabaláveis, confiáveis, eram sérias, seguiam sempre os mesmos caminhos seguros.
BOAL, Augusto. (adaptado).
Assinale a opção correta quanto ao comentário gramatical.
Atenção: A questão baseia-se no texto apresentado abaixo.
Liberdade minha, liberdade tua
Uma professora do meu tempo de ensino médio, a propósito de qualquer ato de indisciplina ocorrido em suas aulas, invocava a sabedoria da frase “A liberdade de um termina onde começa a do outro". Servia-se dessa velha máxima para nos lembrar limites de comportamento. Com o passar do tempo, esqueci-me de muita coisa da História que ela nos ensinava, mas jamais dessa frase, que naquela época me soava, ao mesmo tempo, justa e antipática. Adolescentes não costumam prezar limites, e a ideia de que a nossa (isto é, a minha...) liberdade termina em algum lugar me parecia inaceitável. Mas eu também me dava conta de que poderia invocar a mesma frase para defender aguerridamente o meu espaço, quando ameaçado pelo outro, e isso a tornava bastante justa... Por vezes invocamos a universalidade de um princípio por razões inteiramente egoístas.
Confesso que continuo achando a frase algo perturbadora, provavelmente pelo pressuposto que ela encerra: o de que os espaços da liberdade individual estejam distribuídos e demarcados de forma inteiramente justa. Para dizer sem meias palavras: desconfio do postulado de que todos sejamos igualmente livres, ou de que todos dispomos dos mesmos meios para defender nossa liberdade. Ele parece traduzir muito mais a aspiração de um ideal do que as efetivas práticas sociais. O egoísmo do adolescente é um mal dessa idade ou, no fundo, subsiste como um atributo de todas?
Acredito que uma das lutas mais ingentes da civilização humana é a que se desenvolve, permanentemente, contra os impulsos do egoísmo humano. A lei da sobrevivência na selva - lei do instinto mais primitivo - tem voz forte e procura resistir aos dispositivos sociais que buscam controlá-la. Naquelas aulas de História, nossa professora, para controlar a energia desbordante dos jovens alunos, demarcava seu espaço de educadora e combatia a expansão do nosso território anárquico. Estava ministrando-nos na prática, ao lembrar os limites da liberdade, uma aula sobre o mais crucial desafio da civilização.
(Valdeci Aguirra, inédito)
Está clara e correta esta nova redação de uma frase do texto:
Atenção: A questão baseia-se no texto apresentado abaixo.
Liberdade minha, liberdade tua
Uma professora do meu tempo de ensino médio, a propósito de qualquer ato de indisciplina ocorrido em suas aulas, invocava a sabedoria da frase “A liberdade de um termina onde começa a do outro". Servia-se dessa velha máxima para nos lembrar limites de comportamento. Com o passar do tempo, esqueci-me de muita coisa da História que ela nos ensinava, mas jamais dessa frase, que naquela época me soava, ao mesmo tempo, justa e antipática. Adolescentes não costumam prezar limites, e a ideia de que a nossa (isto é, a minha...) liberdade termina em algum lugar me parecia inaceitável. Mas eu também me dava conta de que poderia invocar a mesma frase para defender aguerridamente o meu espaço, quando ameaçado pelo outro, e isso a tornava bastante justa... Por vezes invocamos a universalidade de um princípio por razões inteiramente egoístas.
Confesso que continuo achando a frase algo perturbadora, provavelmente pelo pressuposto que ela encerra: o de que os espaços da liberdade individual estejam distribuídos e demarcados de forma inteiramente justa. Para dizer sem meias palavras: desconfio do postulado de que todos sejamos igualmente livres, ou de que todos dispomos dos mesmos meios para defender nossa liberdade. Ele parece traduzir muito mais a aspiração de um ideal do que as efetivas práticas sociais. O egoísmo do adolescente é um mal dessa idade ou, no fundo, subsiste como um atributo de todas?
Acredito que uma das lutas mais ingentes da civilização humana é a que se desenvolve, permanentemente, contra os impulsos do egoísmo humano. A lei da sobrevivência na selva - lei do instinto mais primitivo - tem voz forte e procura resistir aos dispositivos sociais que buscam controlá-la. Naquelas aulas de História, nossa professora, para controlar a energia desbordante dos jovens alunos, demarcava seu espaço de educadora e combatia a expansão do nosso território anárquico. Estava ministrando-nos na prática, ao lembrar os limites da liberdade, uma aula sobre o mais crucial desafio da civilização.
(Valdeci Aguirra, inédito)
É preciso corrigir, por incoerente, a redação da seguinte frase:
Atenção: A questão, baseiam-se no
texto apresentado abaixo.
Acerca de Montaigne
Montaigne, o influente filósofo francês do século XVI,
foi um conservador, mas nada teve de rígido ou estreito, muito
menos de dogmático. Por temperamento, foi bem o contrário de
um revolucionário; certamente faltaram-lhe a fé e a energia de
um homem de ação, o idealismo ardente e a vontade. Seu
conservadorismo aproxima-se, sob certos aspectos, do que no
século XIX viria a ser chamado de liberalismo. Na concepção política de Montaigne, o indivíduo deve
ser deixado livre dentro do quadro das leis, e a autoridade do
Estado deve ser a mais leve possível. Para o filósofo, o melhor
governo será o que menos se fizer sentir; assegurará a ordem
pública sem invadir a vida privada e sem pretender orientar os
espíritos. Montaigne não escolheu as instituições sob as quais
viveu, mas resolveu respeitá-las, a elas obedecendo fielmente,
como achava correto num bom cidadão e súdito leal. Que não
lhe pedissem mais do que o exigido pelo equilíbrio da razão e
pela clareza da consciência.
(Adaptado da introdução aos Ensaios, de Montaigne. Trad.
de Sergio Milliet. S. Paulo: Abril, Os Pensadores, 1972.)
Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia.
A economia brasileira entrou na crise internacional em melhores condições do que(1) no passado, mas a exportação caiu, a atividade recuou desde o(2) fim de 2008 e o desemprego tem(3) crescido. As primeiras tentativas de reativar a economia por meio de facilidades fiscais deram resultado modesto, mas já(4) afetaram a arrecadação tributária. Além disso, o manejo da política orçamentária foi limitado pelo aumento de gastos com pessoal. É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor planejamento e com mais esforço de contensão(5) das despesas improdutivas. (O Estado de S. Paulo, 3/3/2009)
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo.
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas
do texto abaixo.
O tema espinhoso da conferência de dezembro em
Copenhague será a redução de emissões __1__
desmatamento e degradação de florestas, conhecida
como Redd (ao apodrecer ou queimar, a madeira lança
CO2
no ar). Redd é uma maneira barata de reduzir
emissões, __2__ restringe só atividades predatórias,
como a pecuária extensiva de baixa rentabilidade.
O Brasil poderia obter bons recursos no mercado mundial
de carbono, pois vem reduzindo o desflorestamento.
Brasília, contudo, aceita apenas doações voluntárias
__3__ compensação pelo desmatamento evitado.
Resiste __4__ converter o ativo em créditos negociáveis,
argumentando que países ricos se safariam de suas
obrigações pagando pouco pelo “direito de poluir” (créditos
de carbono Redd que inundariam o mercado).
Para impedir o desvio, bastaria acordar um teto para os
créditos Redd. Por exemplo, 10% do total de reduções.
Para usufruir desse mercado, o Brasil precisaria recalcular
quanto produz, hoje, de poluição __5__ desmatamento. (Folha de S. Paulo, Editorial, 31/8/2009)
A nova tribo dos micreiros* cresceu tanto que talvez já não seja apenas mais uma tribo, mas uma nação, embora a linguagem fechada e o fanatismo com que se dedicam ao seu objeto de culto sejam quase de uma seita. São adoradores que têm com o computador uma relação semelhante à do homem primitivo com o totem e o fogo. Passam horas sentados, com o olhar fixo num espaço luminoso de algumas polegadas, trocando não só o dia pela noite, como o mundo pela realidade virtual.
Sua linguagem lembra a dos funkeiros** em quantidade de importações vocabulares adulteradas, porém é mais ágil e rica, talvez a mais rápida das tribos urbanas modernas. Dança quem não souber o que é BBS, modem, interface, configuração, acessar e assim por diante. Alguns termos são neologismos e, outros, recriações semânticas de velhos significados, como janela, sistema, ícone, maximizar. No começo da informatização das redações de jornal, houve um divertido mal-entendido quando uma jovem repórter disse pela primeira vez: "Eu abortei!". Ela acabava de rejeitar não um filho, mas uma matéria. Hoje, ninguém mais associa essa palavra ao ato pecaminoso. Aborta-se tão impune e freqüentemente quanto se acessa. Nada mais tem forma e sim "formatação". Foi-se o tempo em que "fazer um programa" era uma aventura amorosa. O "vírus" que apavora os micreiros não é o HIV, mas uma intromissão indevida no "sistema", outra palavra cujo sentido atual nada tem a ver com os significados anteriores. A geração de 68 lutou para derrubar o sistema; hoje o sistema cai a toda hora.
Alguns velhos homens de letras olham com preconceito essa tribo, como se ela fosse composta apenas de jovens, e ainda por cima iletrados. É um engano, porque há entre os micreiros respeitáveis senhoras e brilhantes intelectuais. Falar mal do computador é tão inútil e reacionário quanto foi quebrar máquinas no começo da primeira Revolução Industrial. Ele veio para ficar, como se diz, e seu sucesso é avassalador. Basta ver o entusiasmo das adesões.
(Zuenir Ventura, Crônicas de um fim de século)
* micreiros = usuários de microcomputador. ** funkeiros = criadores ou entusiastas da música funk.
Estão corretos o emprego e a grafia de todas as palavras da frase:
Acaba de chegar a Massachussets um grupo de adolescentes sudaneses que viajaram diretamente da Idade da Pedra, ou quase, para a América do século XXI. São cinco mil refugiados, que estão sendo distribuídos pelos EUA. Para muitos, a viagem de avião é a primeira experiência em um transporte motorizado.
Qual será o maior estranhamento para esses jovens? A neve e a calefação? Os celulares? A Internet? (...) O susto virá da quantidade de leis formais detalhadas e explícitas que regram a vida americana, enquanto a vida da tribo era regrada por poucas normas quase sempre implícitas - ou seja, pela confiança de todos numa moral comum tácita.
Nossas leis tornam-se cada vez mais detalhadas, pois há a idéia de que um código exaustivo garantiria o funcionamento de uma comunidade justa. De fato, essa proliferação revela a angústia de uma cultura insegura de suas opções morais. Por sermos indigentes morais, compilamos uma casuística da qual esperamos que diga exatamente o que fazer em cada circunstância. O dito legalismo da sociedade americana, tão freqüentemente denunciado, é apenas o sinal dessa indigência.
A tentativa de animar uma comunidade por uma lengalenga de leis testemunha a fraqueza do vínculo social. Não podemos confiar numa inspiração moral compartilhada, por isso inventamos regras para ter, ao menos, muitas obrigações comuns.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. S. Paulo: Publifolha, 2004, pp. 66/68)
Quanto à ortografia, está inteiramente correto o que se lê em:
Os físicos se encontram numa posição não muito diferente da de Alfred Nobel. Ele inventou o mais poderoso explosivo jamais conhecido até sua época, um meio de destruição por excelência. Para reparar isso, para aplacar sua consciência humana, instituiu seus prêmios à promoção da paz e às realizações pacíficas. Hoje(*), os físicos que participaram da fabricação da mais aterradora e perigosa arma de todos os tempos sentem-se atormentados por igual sentimento de responsabilidade, para não dizer culpa. E não podemos desistir de advertir e de voltar a advertir, não podemos e não devemos relaxar em nossos esforços para despertar nas nações do mundo, e especialmente nos seus governos, a consciência do inominável desastre que eles certamente irão provocar, a menos que mudem sua atitude em relação uns aos outros e em relação à tarefa de moldar o futuro.
Ajudamos a criar essa nova arma, no intuito de impedir que os inimigos da humanidade a obtivessem antes de nós, o que, dada a mentalidade dos nazistas, teria significado uma inconcebível destruição e escravização do resto do mundo. Entregamos essa arma nas mãos dos povos norte-americano e britânico, vendo neles fiéis depositários de toda a humanidade, que lutavam pela paz e pela liberdade. Até agora, porém, não conseguimos ver nenhuma garantia das liberdades que foram prometidas às nações no Pacto do Atlântico. Ganhamos a guerra, não a paz. As grandes potências, unidas na luta, estão agora divididas quanto aos acordos de paz. Prometeu-se ao mundo que ele ficaria livre do medo, mas, na verdade, o medo aumentou enormemente desde o fim da guerra. Prometeu-se ao mundo que ele ficaria livre da penúria, mas grandes partes dele se defrontam com a fome, enquanto outras vivem na abundância. (...)
Possa o espírito que motivou Alfred Nobel a criar sua notável instituição, o espírito de fé e confiança, de generosidade e fraternidade entre os homens, prevalecer na mente daqueles de cujas decisões dependem nossos destinos. Do contrário, a civilização humana estará condenada.
(Albert Einstein, Escritos da maturidade. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994)
(*) Este texto foi escrito em 1945, logo depois do fim da II Guerra Mundial.
Está correta a grafia de todas as palavras da frase:
Urbanização abala a saúde de moradores do interior da Amazônia
Mesmo que aumente o conforto, as conseqüências do ingresso na vida moderna - com alimentos prontos, televisão, telefone e máquina de lavar roupa - não são nada boas para a saúde. Hilton Pereira da Silva, médico e antropólogo do Museu Nacional, encontrou uma taxa elevada de hipertensão arterial na população de três comunidades rurais do Pará que gradativamente deixaram o extrativismo (*) e começaram a usar bens de consumo tipicamente urbanos. Aracampina, a maior comunidade estudada,
localizada na ilha de Ituqui, às margens do rio Amazonas, tem cerca de 600 habitantes. Eram 460 há sete anos, quando Hilton Silva chegou lá pela primeira vez e notou que a vida mudava rapidamente - conseqüência da proximidade com Santarém, a quatro horas de barco. "Quando ocorre a transição para o estilo de vida moderno e urbano, a primeira mudança é a dieta", diz ele. "Aumenta o consumo de sal, de enlatados e de comida industrializada, cheia de aditivos químicos."
Nas primeiras vezes em que esteve lá, o pesquisador notou que os caboclos pescavam intensamente. Completavam a alimentação com farinha de mandioca, frutas, feijão e milho. "Hoje, os caboclos deixaram o extrativismo, trabalham na pesca industrial, para as madeireiras ou em fazendas e compram carne em conserva, açúcar, café e biscoitos", relata. "As mudanças na dieta estão causando uma mudança gradual na fisiologia do organismo, que leva à hipertensão."
Ainda não há água encanada em Aracampina, mas os caboclos agora têm luz elétrica, graças ao gerador a diesel, fogão a gás, televisão ligada a bateria de carro e telefone que funciona por meio de rádio. Em conseqüência, houve uma redução da atividade física que ajuda a equilibrar a pressão arterial. "Por terem acesso a fogão a gás, não buscam mais lenha na mata", exemplifica Hilton Silva. "E já usam fralda descartável, que também reduz o trabalho das mulheres". Mas surgem outras fontes de estresse, como a necessidade de ganhar mais dinheiro para comprar comida, relógios, bicicletas e aparelhos de som.
(Pesquisa. São Paulo: Fapesp, abril 2003.)
(*) extrativismo = atividade que consiste em extrair da natureza quaisquer produtos que possam ser cultivados para fins comerciais ou industriais.
Está correta a grafia de todas as palavras da frase:
Há não tanto tempo assim, uma viagem de ônibus, sobretudo quando noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e certamente com os próprios pensamentos. A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno devaneio, a memória de alguma cena longínqua, uma reflexão qualquer.
Nos dias de hoje as pessoas não parecem dispostas a esse exercício mínimo de solidão. Não sei se a temem: sei que há dispositivos de toda espécie para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias e da imaginação pessoal. Há sempre um filme passando nos três ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Em geral, é um filme ritmado pelo som de tiros, gritos, explosões. É também bastante possível que seu vizinho de poltrona prefira não assistir ao filme e deixar-se embalar pela música altíssima de seu fone de ouvido, que você também ouvirá, traduzida num chiado interminável, com direito a batidas mecânicas de algum sucesso pop. Inevitável, também, acompanhar a variedade dos toques personalizados dos celulares, que vão do latido de um cachorro à versão eletrônica de uma abertura sinfônica de Mozart. Claro que você também se inteirará dos detalhes da vida doméstica de muita gente: a senhora da frente pergunta pelo cardápio do jantar que a espera, enquanto o senhor logo atrás de você lamenta não ter incluído certos dados em seu último relatório. Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um inexplicável cansaço.
Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mídia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. Mas parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estímulos áudio-visuais, evitando o rumo dos mudos pensamentos e das imagens internas, sem luz. Ninguém mais gosta de ficar, por um tempo mínimo que seja, metido no seu canto, entretido consigo mesmo? Por que se deleitam todos com tantas engenhocas eletrônicas, numa viagem que poderia propiciar o prazer de uma pequena incursão íntima? Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporção em que se expandem os recursos eletrônicos.
(Thiago Solito da Cruz, inédito)
Está correta a grafia de todas as palavras da frase:
Marque a opção que preenche os espaços encontrados nos períodos a seguir, obedecendo à seqüência correta.
Só no ano passado, as _________ chinesas _________ cerca de US$53 bilhões nas Bolsas de Shanghai e Hong Kong. As autoridades chinesas começaram a se _________, pois foram _________ com o fato.
Colisão entre caminhão e carro deixa 4 mortos em Pernambuco Ana Lima Freitas - Texto adaptado
Uma colisão, na qual um caminhão foi de encontro a um carro, deixou 4 pessoas mortas e 2 feridas na noite desta terça-feira na cidade de Salgueiro, a 530km do Recife, no sertão de Pernambuco. Entre as vítimas fatais, estavam engenheiros responsáveis pela construção da Ferrovia Transnordestina. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, o caminhão com placa do Rio Grande do Norte, o qual a Polícia recolheu ao depósito, colidiu com o carro, um veículo Gol, com placa do Ceará. Dos 4 ocupantes do Gol, 3 morreram. Entre eles estavam engenheiros responsáveis pela construção da Ferrovia Transnordestina. O motorista do caminhão também morreu no local do acidente. Ao Hospital Regional de Salgueiro as vítimas do referido acidente foram levadas.
Reescrevendo-se trechos do texto I, indicados entre parênteses, há correção ortográfica no item
No afã de manter a elegância textual e a correção na utilização dos tempos e ortografia verbais, policial em rodovia diz a um companheiro de trabalho: "Na rodovia, ...... com ...................... e agilidade quando ........ pessoas que necessitem de seu auxílio".
O item que completará adequadamente o período selecionado é:
"Nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado." Essas palavras do filósofo Feurbach nos dizem algo fundamental sobre nossa época. Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida. O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Como parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência. O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação entre pessoas, mediatizadas por imagens. A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado exprime-se assim: quanto mais contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes, apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que deveria agir como um sujeito real aparece no fato de que os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que os apresenta a ele. Eis por que o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda parte. Eis por que nossos valores mais profundos têm dificuldade de sobreviver em uma sociedade do espetáculo, porque a verdade e a transparência, que tornam a vida realmente humana, dela são banidas e os valores, enterrados sob o escombro das aparências e da mentira, que nos separam, em vez de nos unir.
(Adaptado de Maria Clara Luccheti Bingemer, revista Adital)
Na frase Eis por que o espectador não se sente em casa em parte alguma, porque o espetáculo está em toda parte, os elementos sublinhados podem ser correta e respectivamente substituídos por
Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.
Mas, para instaurar uma vida mais simples e sábia, seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, de um número... Para que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
(Rubem Braga, 200 crônicas escolhidas
Está correta a grafia de todas as palavras na frase:
Justiça e burocracia A finalidade maior de todo processo judicial é chegar a uma sentença que condene o réu, quando provada a culpa, ou o absolva, no caso de ficar evidenciada sua inocência ou se nada vier a ser efetivamente comprovado contra ele. O pressuposto é o de que, em qualquer dos casos, a sentença terá sido justa. Mas nem sempre isso ocorre. O caminho processual é ritualístico, meticuloso, repleto de cláusulas, de brechas para interpretação subjetiva, de limites de prazos, de detalhes técnicos - uma longa jornada burocrática, em suma, em que pequenos subterfúgios tanto podem eximir de condenação um culpado como penalizar um inocente. Réus poderosos contam com equipes de advogados particulares experientes e competentes, ao passo que um acusado sem recursos pode depender de defensores públicos mal remunerados e indecisos quanto à melhor maneira de conduzir um processo. No limite, mesmo os réus de notória culpabilidade, reincidentes, por exemplo, em casos de corrupção, acabam por colecionar o que cinicamente chamam de "atestados de inocência", sucessivamente absolvidos por força de algum pequeno ou mesmo desprezível detalhe técnico. Quanto mais burocratizados os caminhos da justiça, maior a possibilidade de que os "expedientes" das grandes "raposas dos tribunais" se tornem decisivos, em detrimento da substância e do mérito essencial da ação em julgamento. A burocracia dos tortuosos caminhos judiciais enseja a vitória da má-fé e do oportunismo, em muitos casos; em outros, multiplica entraves para que uma das partes torne evidente a razão que lhe assiste. (Domiciano de Moura)
A grafia de todas as palavras está correta na frase:
O censo ajuda cada um de nós a conhecer melhor os estados e, principalmente, nossos municípios. Os resultados do censo refletem a realidade brasileira, fornecendo o retrato do Brasil num determinado período de tempo. Seus dados são utilizados em programas e projetos que contribuem para estudar o crescimento e a evolução da população ao longo do tempo, identificar regiões que precisam de investimentos em saúde, habitação, transportes, energia, programas de assistência à velhice.
Seus efeitos podem ser vistos, também, na agropecuária. Conhecendo melhor a situação deste setor, o governo pode criar novos incentivos na produção da agricultura familiar, por exemplo, em produtos que alimentam os brasileiros, como arroz, feijão, milho, mandioca, hortaliças, além da criação de caprinos, ovinos e gado de leite.
A sociedade também pode fazer uso destes resultados. Eles podem indicar locais propícios para instalação de fábricas, supermercados, shopping centers, escolas, creches, cinemas, restaurantes, lojas. Além disso, podem servir de base para que os cidadãos possam reivindicar maior atenção do governo para problemas específicos, como a expansão da rede de água e esgoto, expansão de rede telefônica, instalação de postos de saúde, etc.
Disponível em www.ibge.gov.br/censo/motivos.shtm(adaptado)
Assinale a opção em que todas as palavras estão escritas de forma correta.
Entraram na crônica policial do Estado de São Paulo siglas como PCC. Ela significa Primeiro Comando da Capital. Trata-se de uma facção de criminosos, ao que consta nascida em Taubaté, que atua nos presídios paulistas. O PCC protagonizou a inédita megarrebelião que, num mesmo dia, amotinou presos na capital e em diversas cidades do interior paulista. Esse tipo de organização era mais conhecido na trajetória dos presídios do Rio de Janeiro. Parece que agora age com mais desenvoltura em São Paulo. Para o Secretário Estadual da Segurança Pública, Marco Vinício Petreluzzi, esse fenômeno não causa surpresa. "Não me espanta que em qualquer cadeia haja tentativa de organização por parte dos presos, porque, afinal, estamos tratando com criminosos", disse o Secretário. Pode causar espécie o ceticismo de Petreluzzi, até mesmo pela responsabilidade do cargo que ocupa, mas ele contém um ponto que merece reflexão. De fato, a concentração de criminosos facilita a formação dessas organizações que passam a fazer dos presídios uma espécie de quartel-general do crime, de onde se comandam "operações" internas e externas. Mas características específicas do sistema prisional brasileiro também contribuem para formar o caldo de cultura propício às organizações criminosas. Podem ser citados, nesse sentido, fatores como superlotação, baixa inteligência na administração de presídios, corrupção e reunião de presos que não poderiam conviver no mesmo recinto. O Governo do Estado toma algumas providências para combater esse tipo de organização. Mas é preciso mais para que as assombrosas siglas dessas gangues de presídios não venham a fazer parte de uma triste rotina contra a qual nada se pode fazer. Que não se propague o temível exemplo de motim rganizado, apresentado por esse tal PCC.
Folha de S. Paulo, 19 fevereiro 2001
Surgiram ...... de criminosos, que transformaram os presídios em ...... do crime organizado.
As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas por
O crime não ocorre por acaso. Antes de atacar, o bandido costuma observar atentamente sua vítima. Estuda seus movimentos e pontos fracos e avalia os riscos da investida. A não ser que esteja drogado, quem pratica uma ação criminosa pesa todos esses fatores antes de decidir se vale a pena arriscar. Facilidade de ataque e fuga, fragilidade do alvo e possibilidade de bons ganhos são fatores que pesam na decisão. Analisando dessa forma, fica fácil entender o que se deve fazer para diminuir o risco de se tornar alvo preferencial, sujeito a ataques a qualquer momento. O melhor é recorrer ao bom senso. Não ostentar jóias nem outros objetos de valor, evitar lugares desertos, procurar estar sempre acompanhado, somente utilizar caixas eletrônicas em locais públicos e prestar atenção quando estiver no trânsito. Apesar de amplamente conhecidos, esses cuidados costumam ser negligenciados pelas pessoas. A tendência é imaginar que coisas ruins só contecem com os outros. Para evitar o risco de engrossar as estatísticas da criminalidade, a melhor tática é seguir os conselhos de policiais e profissionais especialistas em segurança. Ao caminhar pela calçada, por exemplo, os ladrões preferem abordar pessoas distraídas e que aparentam ter algo de valor. É aconselhável ficar afastado das aglomerações e andar com bolsas e sacolas junto ao corpo. A observação do movimento também ajuda. Uma pessoa precavida tem muito mais chance de um caminho livre de bandidos.
Veja Especial - Sua Segurança
Todas as palavras recebem acento pela mesma razão que o justifica em tendência na alternativa
No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são ocupadas por países pobres. O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte público?
(Veja, 02.12.2009)
Analisar escreve-se com s porque é derivada da palavra análise, que tem s em seu radical. A palavra em que o mesmo processo justifica o emprego do s é
No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são ocupadas por países pobres. O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte público?
(Veja, 02.12.2009)
Assinale a alternativa em que as palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos motivos que justificam, respectivamente, as acentuações de: década, relógios, suíços.
O mercado não deixa de ser uma criatura assaz estranha, pois ela é apresentada como se fosse portadora de vontade. Ouvimos freqüentemente que o mercado "quer" isto ou aquilo, que ele tem tal ou qual expectativa, como se tratássemos com um ente volitivo, dotado de desejos, paixões e esperanças. Como uma criança mimada, se a sua vontade é contrariada, o seu mau humor imediatamente se manifesta, expressando-se na queda das bolsas, no aumento da cotação do dólar e do dito risco Brasil. Não se trata, evidentemente, de negar que o mercado tenha regras que devem ser obedecidas, sob pena de uma disfunção total do corpo social e econômico. Seguir regras faz parte de qualquer comportamento, sem que daí se infira necessariamente que obedecer a um conjunto de regras torna esse conjunto um ser dotado de vontade. Se sigo regras de trânsito, daí não se segue que essas regras "queiram" tal ou qual coisa, senão no sentido derivado de que seres volitivos impuseram a si mesmos esse conjunto de regras. (...) No domínio econômico observamos dois tipos de processos, de essência diferente, que tendem a ser identificados, sobretudo na vida política e, mais especificamente, eleitoral. Se um determinado governo, seguindo certas políticas, não segue regras econômicas básicas, ele certamente produzirá um descalabro completo das contas públicas e uma desorganização total das relações socioeconômicas. As experiências socialistas e comunistas do século XX são plenas de ensinamento nesse sentido, pois, ao serem conduzidas contra o mercado, produziram regimes totalitários com milhões de mortos. A supressão das liberdades democráticas foi a sua primeira manifestação mais visível. Não se pode, contudo, dizer que o mercado não comporte um leque muito variado de políticas, algumas muito distantes entre si. (...) Quem quer determinadas políticas, e não outras, são os agentes econômicos, sociais e políticos que, dependendo das orientações seguidas, não "querem" a sua implementação. Como não se assumem diretamente, apresentam os seus interesses sob uma forma impessoal, como se uma entidade coletiva e mirabolante não quisesse certas ações. Toda política favorece determinados interesses e contraria outros, sem que se possa dizer que exista uma política de custo zero que beneficiaria todos os agentes envolvidos. Uma política que favoreça as exportações e a substituição de importações, por exemplo, irá contrariar outros interesses que são hoje satisfeitos. Uma política de redistribuição de renda necessariamente tirará de alguns para favorecer os mais carentes. A especulação que temos observado no mercado financeiro obedece precisamente a esse jogo de interesses contrariados ou favorecidos, em que simples rumores de subida ou de descida de determinados candidatos nas pesquisas de opinião produzem lucros para alguns e prejuízos para outros. Em alguns casos, os rumores relativos a essas pesquisas nem se confirmam, porém lucros e perdas não cessam de ser produzidos. E o que é pior: os prejuízos dizem respeito a todo o País.
(Denis Lerrer Rosenfeld, O Estado de S. Paulo, agosto de 2002)
As palavras acentuadas pela mesma razão que justifica os acentos na expressão domínio econômico, são
A absolvição da nigeriana Amina Lawal, que havia sido condenada à morte por apedrejamento pela acusação de adultério, representa uma vitória dos direitos humanos e da comunidade internacional. Ela está longe, entretanto, de significar uma melhora da situação das mulheres no país. Na verdade, a "solução" encontrada pelos juízes da corte islâmica de apelações que reviu o caso manteve as aparências. Lawal foi absolvida devido a "erros de procedimento" nos dois julgamentos anteriores. Em nenhum momento o "crime" (sexo fora do casamento, ou "zina", na lei islâmica) ou a crueldade da pena foram postos em questão. A sentença, porém, aliviou a pressão internacional sobre o governo nigeriano. O caso Lawal é, para os padrões democráticos ocidentais, um verdadeiro escândalo. Amina Lawal, 31, foi sentenciada em primeira instância, em março de 2002, no Estado de Katsina, no norte da Nigéria. Segundo a Anistia Internacional, a prova usada contra ela foi o fato de ter engravidado sem ser casada. Curiosamente, o homem que ela afirmava ser o pai da criança apenas negou que tivesse mantido relações sexuais com Amina e nem foi a juízo. Pelos cânones da escola Maliki de interpretação da "sharia", a lei muçulmana, que é a corrente dominante no norte da Nigéria, a gravidez é prova bastante da culpabilidade da ré. A condenação de Amina fora confirmada em segunda instância em agosto de 2002. A absolvição representa um alívio para o governo do presidente Olusegun Obasanjo (cristão). Se o apedrejamento fosse confirmado pela corte islâmica e ascendesse a um tribunal laico, uma eventual liberação de Lawal - vista por observadores como certa - poderia desencadear uma guerra civil entre os muçulmanos do norte do país e os cristãos do sul. Se o pior desfecho foi evitado com a absolvição, a questão dos direitos humanos está longe de equacionada. No mesmo dia em que Lawal era libertada, a imprensa nigeriana noticiava a condenação ao apedrejamento de um acusado de sodomia.
(Folha de S.Paulo. Editorial. 27/09/2003)
Está correta a grafia de todas as palavras da frase:
Quem precisava de uma desculpa definitiva para fugir da malhação pode continuar sentadão no sofá. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) demonstra que, a exemplo do que ocorre com drogas como o álcool e a cocaína, algumas pessoas podem tornar-se dependentes de exercícios físicos. Ao se doparem, os viciados em drogas geralmente experimentam um bem-estar, porque elas estimulam, no sistema nervoso, a liberação da dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. A privação da substância, depois, produz sintomas que levam a pessoa a reiniciar o processo, num ciclo de dependência. Os exercícios físicos podem resultar em algo semelhante. Sua prática acarreta a liberação da endorfina, outro neurotransmissor, com propriedades analgésicas e entorpecentes. É como se os exercícios físicos estimulassem a liberação de drogas do próprio organismo. Às vezes, a ginástica funciona como uma válvula de escape para a ansiedade, e nesses casos o prazer obtido pode gerar dependência. Na década de 80, estudiosos americanos demonstraram que, após as corridas, alguns maratonistas sentiam euforia intensa, que os induzia a correr com mais intensidade e freqüência. Em princípio, isso seria o que se pode considerar um vício positivo, já que o organismo se torna cada vez mais forte e saudável com a prática de exercícios. Mas existem dois problemas. Primeiro, a síndrome da abstinência: quando não tem tempo para correr, a pessoa fica irritada e ansiosa. Depois, há as complicações, físicas ou no relacionamento social, decorrentes da obsessão pela academia. Atletas compulsivos chegam a praticar exercícios mais de uma vez ao dia, mesmo sob condições adversas, como chuva, frio ou calor intenso. E alguns se exercitam até quando lesionados.
(Revista VEJA, edição 1713, 15/08/2001)
A grafia de todas as palavras está correta na frase:
Quem precisava de uma desculpa definitiva para fugir da malhação pode continuar sentadão no sofá. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) demonstra que, a exemplo do que ocorre com drogas como o álcool e a cocaína, algumas pessoas podem tornar-se dependentes de exercícios físicos. Ao se doparem, os viciados em drogas geralmente experimentam um bem-estar, porque elas estimulam, no sistema nervoso, a liberação da dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. A privação da substância, depois, produz sintomas que levam a pessoa a reiniciar o processo, num ciclo de dependência. Os exercícios físicos podem resultar em algo semelhante. Sua prática acarreta a liberação da endorfina, outro neurotransmissor, com propriedades analgésicas e entorpecentes. É como se os exercícios físicos estimulassem a liberação de drogas do próprio organismo. Às vezes, a ginástica funciona como uma válvula de escape para a ansiedade, e nesses casos o prazer obtido pode gerar dependência. Na década de 80, estudiosos americanos demonstraram que, após as corridas, alguns maratonistas sentiam euforia intensa, que os induzia a correr com mais intensidade e freqüência. Em princípio, isso seria o que se pode considerar um vício positivo, já que o organismo se torna cada vez mais forte e saudável com a prática de exercícios. Mas existem dois problemas. Primeiro, a síndrome da abstinência: quando não tem tempo para correr, a pessoa fica irritada e ansiosa. Depois, há as complicações, físicas ou no relacionamento social, decorrentes da obsessão pela academia. Atletas compulsivos chegam a praticar exercícios mais de uma vez ao dia, mesmo sob condições adversas, como chuva, frio ou calor intenso. E alguns se exercitam até quando lesionados.
(Revista VEJA, edição 1713, 15/08/2001)
Estão corretas as duas formas verbais sublinhadas na frase:
Os fragmentos contidos nos itens seguintes, na ordem em que são apresentados, constituem reescrituras sucessivas de parágrafos de notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do Brasil (Internet: <http://www.cesec.ucam.edu.br/artigos.asp>. Acesso em ago./2004). Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
Na tarde do dia 29 de abril último, no teatro do SESC Tijuca, adolescentes infratores e sob a responsabilidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas, órgão subordinado à Secretaria da Infância e da Juventude do Estado do Rio de Janeiro, encenaram, orientados por um grupo de profissionais de uma organização não-governamental, passagens de suas vidas, a partir de situações e textos criados por eles mesmos.
Os fragmentos contidos nos itens seguintes, na ordem em que são apresentados, constituem reescrituras sucessivas de parágrafos de notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do Brasil (Internet: <http://www.cesec.ucam.edu.br/artigos.asp>. Acesso em ago./2004). Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
Os fragmentos contidos nos itens seguintes, na ordem em que são
apresentados, constituem reescrituras sucessivas de parágrafos de
notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do
Brasil (Internet: <www.cesec.ucam.edu.br/artigos.asp>. Acesso em ago./2004). Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
Os jovens apresentaram à um público, ora perplexo, ora emocionado, mas sempre profundamente impactado, cenas de seu cotidiano: a violência à que estão submetidos dentro de casa; o jovem traficante pegado no flagrante; a relação dos meninos infratores com a polícia e entre eles e o tráfico.
Os fragmentos contidos nos itens seguintes, na ordem em que são apresentados, constituem reescrituras sucessivas de parágrafos de notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do Brasil (Internet: <http://www.cesec.ucam.edu.br/artigos.asp>. Acesso em ago./2004). Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
O fragmentos contido no item seguinte, constituei reescritura sucessiva de parágrafo de
notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do
Brasil (Internet: .
Acesso em ago./2004).
Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
Durante as discussões, em que meninos e meninas, com extraordinária franqueza e emoção, abordaram cenas de suas vidas, uma das meninas disse que sua mãe apanhara de seu pai por anos a fio. Um menino argumentou: "Ora, com todo o respeito, se sua mãe apanhou por tantos anos, ela bem que devia merecer." A menina retrucou, também com respeito, que sua mãe nunca merecera nada; seu pai é que bebia muito.
Os fragmentos contidos nos itens seguintes, na ordem em que são apresentados, constituem reescrituras sucessivas de parágrafos de notícia assinada por Julita Lemgruber e publicada no Jornal do Brasil (Internet: <http://www.cesec.ucam.edu.br/artigos.asp>. Acesso em ago./2004). Julgue-os quanto ao emprego do sinal
indicativo de crase, à regência, à concordância e à grafia.
Este trabalho que obriga a reflexão, provoca questionamento: ajuda a alguns meninos e meninas a
concluírem que na vida do crime eles e elas mais perdem que ganham, acaba de ser suspenso. Foi determinado ao grupo de profissionais que vinha trabalhando com os jovens, que, em futuras encenações, estaria proibido o assunto de polícia, de tráfico de drogas, de violência, das lamentáveis condições que são submetidos os adolescentes-infratores privados da liberdade, enfim, de seu trágico cotidiano.
A idéia de que o povo é bom e que deve, por conseguinte, ser o titular da soberania política, provém, sem dúvida, de Rousseau. Mas o pensamento do grande filósofo sobre esse ponto era muito mais complexo e profundo do que podem supor alguns de seus ingênuos seguidores. Do fato de que o homem é sempre bom, e que a sociedade o corrompe, não se seguia logicamente, no pensamento de Rousseau, a conclusão de que as deliberações do povo fossem sempre boas. "Cada um procura o seu bem, mas nem sempre o enxerga. O povo nunca é corrompido, mas é freqüentemente enganado, e é então que ele parece querer o mal" - advertia o filósofo. É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado, sendo apenas a soma de vontades particulares". Para Rousseau, nada garantiria que a vontade geral predominasse sempre sobre as vontades particulares. Ao contrário, ele tinha mesmo da vida em sociedade uma visão essencialmente pessimista. Sustentava que os povos são virtuosos apenas na sua infância e juventude. Depois, corrompem-se irremediavelmente. Não há, pois, maior contra-senso interpretativo do que afirmar que o princípio da soberania absoluta do povo tem origem em Rousseau. Na verdade, ele, que sempre foi um moralista, preocupado antes de tudo com a reforma dos costumes, descria completamente de qualquer remédio jurídico para os males da humanidade.
(Fábio Konder Comparato)
Está correta a grafia de todas as palavras na frase:
A idéia de que o povo é bom e que deve, por conseguinte, ser o titular da soberania política, provém, sem dúvida, de Rousseau. Mas o pensamento do grande filósofo sobre esse ponto era muito mais complexo e profundo do que podem supor alguns de seus ingênuos seguidores. Do fato de que o homem é sempre bom, e que a sociedade o corrompe, não se seguia logicamente, no pensamento de Rousseau, a conclusão de que as deliberações do povo fossem sempre boas. "Cada um procura o seu bem, mas nem sempre o enxerga. O povo nunca é corrompido, mas é freqüentemente enganado, e é então que ele parece querer o mal" - advertia o filósofo. É aí que se insere a sua famosa distinção entre vontade geral e vontade de todos. Aquela "só diz respeito ao interesse comum; a outra, ao interesse privado, sendo apenas a soma de vontades particulares". Para Rousseau, nada garantiria que a vontade geral predominasse sempre sobre as vontades particulares. Ao contrário, ele tinha mesmo da vida em sociedade uma visão essencialmente pessimista. Sustentava que os povos são virtuosos apenas na sua infância e juventude. Depois, corrompem-se irremediavelmente. Não há, pois, maior contra-senso interpretativo do que afirmar que o princípio da soberania absoluta do povo tem origem em Rousseau. Na verdade, ele, que sempre foi um moralista, preocupado antes de tudo com a reforma dos costumes, descria completamente de qualquer remédio jurídico para os males da humanidade.
(Fábio Konder Comparato)
Estão corretos o emprego e a forma do verbo sublinhado na frase:
Certo autor famoso dividiu um livro seu em duas partes: na primeira, contos realistas, na segunda, contos fantásticos. Resultado: tem-se a frustrada impressão de que ficou cada uma das partes amputada da outra, quando na realidade os dois mundos convivem. Por que chamar de invisível ou fantástico a esse mundo de que faz parte a caneta esferográfica com que vou abrindo caminho pelo papel como um esquiador sobre o gelo? Este é o mundo que se vê... e no entanto pertence ao mesmo mundo espiritual que está movendo a minha mão. Um dia, num poema, ante esse frêmito que às vezes agita quase imperceptivelmente a relva do chão, eu anotei: são os cavalos do vento que estão pastando. Invisíveis? Disse Ambrosio Bierce que, da mesma forma que há infrassons e ultrassons inaudíveis ao ouvido humano, existem cores no espectro solar que a nossa vista é incapaz de distinguir. Ele disse isso num conto seu, para explicar os estragos e as estrepolias de um monstro que "ninguém não viu". Mas deixemos de horrores e de monstros - coisas de velhas e crianças - e acreditemos na cor dos seres por enquanto invisíveis para nós, como é chamado invisível este oceano de ar dentro do qual vivemos. Há muitas cores que não vêm nos dicionários. Há, por exemplo, a indefinível cor que têm todos os retratos, os figurinos da última estação, a voz das velhas damas, os primeiros sapatos, certas tabuletas, certas ruazinhas laterais: ? a cor do tempo...
Um indivíduo participa da vida social em proporção ao volume e à qualidade das informações que possui, mas, especialmente, em função de suas possibilidades de aproveitálas e, sobretudo, de sua possibilidade de nelas intervir como produtor do saber. Isso significa que, nas discussões acerca das condições sociais da democracia, algumas questões merecem ser focalizadas.
Como os indivíduos recebem a informação? Quais as informações que lhes são dadas? Quando o são? Quem as dá? Com que fim são fornecidas ? para serem fixadas mecanicamente ou para lhes dar liberdade de escolha e margem de iniciativa?
São questões decisivas, se a discussão da democracia for a sério.
(Adaptado de Marilena Chauí, Cultura e democracia)
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto.
Um indivíduo participa da vida social em proporção ao volume e à qualidade das informações que possui, mas, especialmente, em função de suas possibilidades de aproveitálas e, sobretudo, de sua possibilidade de nelas intervir como produtor do saber. Isso significa que, nas discussões acerca das condições sociais da democracia, algumas questões merecem ser focalizadas.
Como os indivíduos recebem a informação? Quais as informações que lhes são dadas? Quando o são? Quem as dá? Com que fim são fornecidas ? para serem fixadas mecanicamente ou para lhes dar liberdade de escolha e margem de iniciativa?
São questões decisivas, se a discussão da democracia for a sério.
(Adaptado de Marilena Chauí, Cultura e democracia)