SóProvas


ID
1260544
Banca
CRS - PMMG
Órgão
PM-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Diário de um fescenino 

                                                                                               Rubem Fonseca 

1º. de janeiro 

Decidi, neste primeiro dia do ano, escrever um diário. Não sei que razões me levaram a isso. Sempre me interessei pelos diários dos outros, mas nunca pensei em escrever um. Talvez depois de considerá-lo terminado quando?, que dia? - eu o rasgue, como fiz com um romance epistolar, ou o deixe na gaveta, para, depois de morto, os outros - nem sei quem serão, pois não tenho herdeiros - resolverem o que fazer com ele. Ou, então, pode ser que eu o publique.

"O bom diarista", disse Virginia Woolf, "é aquele que escreve para si apenas ou para uma posteridade tão distante que pode sem risco ouvir qualquer segredo e corretamente avaliar cada motivo. Para esse público não há necessidade de afetação ou restrição." Não me imporei restrições, porém sei que estarei sendo influenciado de várias maneiras, ao considerar a hipótese de ser lido pelos meus contemporâneos. Os autores de diários, qualquer que seja sua natureza íntima ou anedótica, sempre escrevem para serem lidos, mesmo quando fingem que ele é secreto. O Samuel Pepys, que codificou o seu diário, deixou pistas para ser decifrado. 

Nesse gênero literário, o autor fala sozinho numa, espécie de solilóquio. Aqui, porém, não apenas a minha voz, a do protagonista, será ouvida, mas também as dos outros, deuteragonistas e tritagonistas. (Podem me chamar de pedante, mas que nomes posso atribuir a esses outros, a partir do momento em que me denominei protagonista?) Confesso que, ao realizar essa tarefa, pretendo me exercitar na técnica de escrever em forma dialogada. Há escritores, talvez eu seja um deles, que têm um certo preconceito contra o uso freqüente de falas para descrever interações entre dois ou mais personagens. O teatro não pode prescindir do diálogo e o cinema pode contar alguma coisa sem usar diálogos graças ao close e outros truques de câmera, no entanto o que o cinema pode nos dizer com imagens nunca tem a mesma riqueza de significados da narrativa literária. Acho que fiz todos os meus livros de ficção sem diálogos por não os ter usado no primeiro que escrevi, que fez aquele sucesso todo. Tentei repetir o mesmo formato. Mas aqui pretendo contar o que acontece usando diálogos. Tentarei reproduzir fielmente as expressões verbais de meus interlocutores. Ao fim do dia, após digitar os diálogos junto com uma descrição sucinta do cenário e das circunstâncias em que eles ocorreram, arquivarei tudo na memória do meu computador. Talvez escapem gestos ou falas importantes, elipses estas que resultarão de preguiça e algum desleixo; e, por outro lado, é provável que eu inclua ações e alocuções inúteis. 

Os verbetes referentes a diários, journals e similares enchem várias páginas de qualquer enciclopédia. Os limites classificatórios desses textos são vagos. Numa firula taxinômica eu diria que não podem ser considerados diários, como muitos o fazem, o A JournalofthePlagueYear, do Defoe, ou o Diário de um sedutor, do SorenKierkegaard, que mais me parece um romance epistolar, assim como as Confissões, de Santo Agostinho, ou as Confissões de um comedor de ópio, do de Quincey, que devem ser rotulados como literatura confessional. Quatro exemplos apenas, em uma miríade possível. 

Texto extraído do livro “Diário de um fescenino”, Cia. das Letras - Rio de Janeiro, 2003, pág. 11. 

Quanto à concordância nominal, marque a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • "Bastante" ou "bastantes"?

    Por Thaís Nicoleti

    "O promotor do caso, Francisco Cembranelli, disse que já esperava essa decisão da Justiça, pois a acusação contra o casal, segundo ele, foi bem fundamentada. 'Não acredito que [a defesa] consiga reverter a decisão. A denúncia foi bem fundamentada, com bastante provas', disse."

    No fragmento acima, extraído de notícia sobre o caso Isabella Nardoni, observamos o uso coloquial do termo "bastante" na declaração do promotor, transcrita pelo redator.

    Por uso coloquial entendemos aqui a forma invariável do advérbio em emprego universal, ou seja, em quaisquer situações.

    Na norma culta, todavia, distingue-se o advérbio "bastante", que é invariável (não tem plural), do pronome indefinido homônimo, forma de caráter adjetivo e, portanto, flexionável de acordo com o número (singular ou plural) do substantivo a que se refere.

    Proveniente do verbo "bastar", a palavra "bastante" refere-se àquilo que basta, que é suficiente. Como advérbio, modifica os verbos ("Comeu bastante no almoço"), os adjetivos ("Ele era bastante bom no que fazia") e os advérbios ("Escrevia bastante bem"); como pronome indefinido adjetivo, caracteriza os substantivos, indicando-lhes quantidade imprecisa ("Havia bastante gente na festa").

    Na condição de pronome, varia quanto ao número. Caso o substantivo a que se refere esteja no plural, o pronome assumirá a forma "bastantes". Assim: "Havia bastantes argumentos para inocentá-lo". Note-se que, anteposto ao substantivo, o termo "bastante" equivale a "muito", "demasiado", mas, posposto, recupera seu valor original. Assim: "Eram argumentos bastantes para inocentá-lo". 

    No texto da declaração do promotor Cembranelli, o ideal seria o emprego do plural, já que "bastantes" refere-se a "provas", um substantivo. Assim:

    "O promotor do caso, Francisco Cembranelli, disse que já esperava essa decisão da Justiça, pois a acusação contra o casal, segundo ele, foi bem fundamentada. 'Não acredito que [a defesa] consiga reverter a decisão. A denúncia foi bem fundamentada', com bastantes provas", disse.

  • Bastante, como muito, pode funcionar seja como advérbio, sendo então invariável, seja comoadjetivo, devendo então concordar com o substantivo a que se refere. Quando houver dúvida em relação a bastante antes de palavra no plural, pode-se colocar muito no lugar. Se muito for para o plural, o mesmo deverá ocorrer com bastante:

    Tenho bastantes (muitos) problemas.
    Elas estão bastante (muito) cansadas.


  • As palavras barato, bastante, caro e meio merecem atenção. Observe:

    a) Se advérbios, são invariáveis.

    Exs.: A gasolina custa caro. / Trabalhamos bastante.

    b) Se adjetivos, concordam com o nome a que se referem.

    Exs.: Analisei bastantes documentos. / Não me venha com meias palavras

  •  a) As provas não foram bastantes para inocentá-lo.



    Concordância Nominal: Bastante



    * Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente:


    Não havia provas bastantes para condenar o réu.


    * Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica um adjetivo:

     

    As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.



    Correção:      b) bastante.     c) bastantes.     d) bastantes.


    Fonte: CEGALLA.

  • É só trocar por MUITO,MUITA, MUITOS, MUITAS

    As provas não foram bastantes (MUITAS)para inocentá-lo. CORRETO

    Com as manifestações populares, tivemos dias bastantes (MUITO) trabalhosos.

    As provas não foram bastante (MUITAS) para inocentá-lo.

    Os obstáculos não foram bastante (MUITOS) para desanimá-lo.

  • Olha um macetinho capenga galera, substitui o bastante por suficiênte ou muito, assim você irá saber se trata-se de um advérbio ou adjetivo.

    Bastante= muito (significa advérbio invariável) 

    Bastante = suficiênte ( significa adjetivo que é variável).

  • VAMOS SIMPLIFICAR?!


    Quanto à concordância, bastante pode ser:


    ADVÉRBIO e será invariável, tendo significado equivalente a “muito”.


    Ou


    ADJETIVO e, portanto, concordará com o substantivo a que estiver se referindo. Como adjetivo, poderá ser substituído por muito, muitos, muita, muitas.



    Perceba que em todas as alternativas, exceto na letra A, nosso gabarito, a palavra "bastante" é morfologicamente classificada como advérbio, sendo invariável.

  • Se puder trocar o "bastante" por "muito", e o "muito" for p plural e manter o sentido, então "bastante" tbm varia

  • Basta substituir as expressões "bastante(s)" por SUFICIENTE. Se der certo, será adjetivo. Caso contrário, será advérbio, invariável por natureza.

  • Gabarito: Letra A

    As provas não foram bastantes (MUITAS) para inocentá-lo. **Correta**

    Com as manifestações populares, tivemos dias bastantes (MUITO) trabalhosos.

    As provas não foram bastante (MUITAS) para inocentá-lo.

    Os obstáculos não foram bastante (MUITOS) para desanimá-lo.

  • Só trocar o bastante por MUITAS...