SóProvas


ID
1265215
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFGD
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Pensando livremente sobre o livre arbítrio 

                                                                                                Marcelo Gleiser

      Todo mundo quer ser livre; ou, ao menos, ter alguma liberdade de escolha na vida. Não há dúvida de que todos temos nossos compromissos, nossos vínculos familiares, sociais e profissionais. Por outro lado, a maioria das pessoas imagina ter também a liberdade de escolher o que fazer, do mais simples ao mais complexo: tomo café com açúcar ou adoçante? Ponho dinheiro na poupança ou gasto tudo? Em quem vou votar na próxima eleição? Caso com a Maria ou não?
      A questão do livre arbítrio, ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas, é tradicionalmente debatida por filósofos e teólogos. Mas avanços nas neurociências estão mudando isso de forma radical, questionando a própria existência de nossa liberdade de escolha. Muitos neurocientistas consideram o livre arbítrio uma ilusão. Nos últimos anos, uma série de experimentos detectou algo surpreendente: nossos cérebros tomam decisões antes de termos consciência delas. Aparentemente, a atividade neuronal relacionada com alguma escolha (em geral, apertar um botão) ocorre antes de estarmos cientes dela. Em outras palavras, o cérebro escolhe antes de a mente se dar conta disso.
      Se este for mesmo o caso, as escolhas que achamos fazer, expressões da nossa liberdade, são feitas inconscientemente, sem nosso controle explícito.
      A situação é complicada por várias razões. Uma delas é que não existe uma definição universalmente aceita de livre arbítrio. Alguns filósofos definem livre arbítrio como sendo a habilidade de tomar decisões racionais na ausência de coerção. Outros consideram que o livre arbítrio não é exatamente livre, sendo condicionado por uma série de fatores, desde a genética do indivíduo até sua história pessoal, situação pessoal, afinidade política etc.
      Existe uma óbvia barreira disciplinar, já que filósofos e neurocientistas tendem a pensar de forma bem diferente sobre a questão. O cerne do problema parece estar ligado com o que significa estar ciente ou ter consciência de um estado mental. Filósofos que criticam as conclusões que os neurocientistas estão tirando de seus resultados afirmam que a atividade neuronal medida por eletroencefalogramas, ressonância magnética funcional ou mesmo com o implante de eletrodos em neurônios não mede a complexidade do que é uma escolha, apenas o início do processo mental que leva a ela.
      Por outro lado, é possível que algumas de nossas decisões sejam tomadas a um nível profundo de consciência que antecede o estado mental que associamos com estarmos cientes do que escolhemos. Por exemplo, se, num futuro distante, cientistas puderem mapear a atividade cerebral com tal precisão a ponto de prever o que uma pessoa decidirá antes de ela ter consciência da sua decisão, a questão do livre arbítrio terá que ser repensada pelos filósofos.
      Mesmo assim, me parece que existem níveis diferentes de complexidade relacionados com decisões diferentes, e que, ao aumentar a complexidade da escolha, fica muito difícil atribuí-la a um processo totalmente inconsciente. Casar com alguém, cometer um crime e escolher uma profissão são ponderações longas, que envolvem muitas escolhas parciais no caminho que requerem um diálogo com nós mesmos. Talvez a confusão sobre o livre arbítrio seja, no fundo, uma confusão sobre o que é a consciência humana. 

                        http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/01/ 1396284-pensando-livremente-sobre-o-livre-arbitrio.shtml.


Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao que se afirma a seguir.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito B


    complemento nominal??

  • é complemento nominal sim (ao controle), porque essência é um substântivo

  • a)Em “Em quem vou votar na próxima eleição?”, funciona como objeto indireto.  (CORRETO) OBS. Verbo VTI, logo precisa do OI.

     

    b)Em “...ligada na sua essência ao controle...” funciona como objeto indireto.  (ERRADO)   OBS. OD é na sua essência, logo o ao controle é CN.

     

    c)Em “Mesmo assim, me parece que existem...”, expressa contraste.   (CORRETO) OBS.  faz uma oposição a ideia anterior.

     

    d)Em “Talvez a confusão sobre o livre arbítrio...”, expressa dúvida.   (CORRETO) OBS.  Não é uma certeza

     

    e)“...estão mudando isso de forma radical...”, expressa modo.   (CORRETO) OBS. Modo como estar mudando

  • Discordo do gabarito, já que me parece que a banca trocou as bolas. A letra "C)" está errada e a "B)" está correta, pois aquela expressa ideia de concessão e não de adversidade enquanto esta não há que se falar em complemento nominal.

    LETRA C):

    "Mesmo assim, me parece que existem..." Equivale a "Apesar disso, me parece que existem..."

    Ideia concessiva(permissiva) é diferente de adversativa(contrária)!

    LETRA B):

    Vou retirar os termos 1 por 1, para tentar enxergar quem é o quê:

    "A questão do livre arbítrio, ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas, é tradicionalmente debatida [...]"

    "A questão do livre arbítrio, ligada ao controle que temos sobre nossas vidas, é tradicionalmente debatida [...]"

    "A questão do livre arbítrio, ligada na sua essência, é tradicionalmente debatida [...]"

    Fica um pouco mais nítido (inclusive pelo sentido do texto) que a questão do livre arbítrio está ligada ao controle que temos sobre nossas vidas e não a "sua essência".

    Alguém concorda?

  • GABARITO: B

    ..." está       ligada      ao controle     na sua essência."

                 Pred do Suj     CN

                  (adjetivo)

    Comentário de FLA DRESSEN, aluna do QCONCURSOS nessa mesma questão em https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/e0a6589e-2b

    Q421168

  • Vi muitos comentários, porém, não concordei tanto. Se vocês analisarem o texto, e não se limitarem as alternativas, verão a quantidade de absurdos colocados aqui...

    a)ERRADA, Em “Em quem vou votar na próxima eleição?”, funciona como objeto indireto. - Quando votamos, votamos em algo ou EM alguém, portanto, é VTI, que requer objeto indireto.

    b)CORRETA (incorreta), Em “...ligada na sua essência ao controle...” funciona como objeto indireto.

    Vamos lá: o trecho na qual a passagem está inserida é:

      A questão do livre arbítrio(sujeito), ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas, é (VL) tradicionalmente (Advérbio) debatida por filósofos e teólogos (predicado)

    Percebam que o excerto está intercalado entre vírgulas para marcar uma oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio (ligada), que em sua forma estendida fica assim: "que é ligada na sua essência ao controle que temos sobre nossas vidas".

    Assim fica mais fácil de analisar! é (verbo de ligação) ligada (substantivo feminino abstrato) ao controle (Complemento nominal)(...).

    Ademais, a banca considerou o "ligada" como substantivo abstrato.

  • Quer explicação de professor? Pois bem, fui buscar lá no TEC, QC anda valendo menos que nada

    Beatriz de Assis Oliveira

    Gabarito: Letra B

     

    A questão solicita que analisemos as proposições quanto à classificação sintática dos termos destacados em cada oração e identifiquemos a classificação incorreta. Vejamos.

     

    a) Em “Em quem vou votar na próxima eleição?”, funciona como objeto indireto.

    Alternativa incorreta. A classificação está correta. O verbo “votar” é transitivo indireto e exige complemento verbal regido pela preposição “em”. Então, “em quem” é o objeto indireto.

     

    b) Em “...ligada na sua essência ao controle...” funciona como objeto indireto.

    Alternativa correta. A classificação está incorreta. “Ao controle” completa o sentido do adjetivo “ligada”. Então, trata-se de complemento nominal e, não, verbal.

     

    c) Em “Mesmo assim, me parece que existem...”, expressa contraste.

    Alternativa incorreta. A classificação está correta. “Mesmo assim” é locução conjuntiva de valor concessivo. Então, expressa contraste ou oposição a fato ocorrido na oração principal.

     

    d) Em “Talvez a confusão sobre o livre arbítrio...”, expressa dúvida.

    Alternativa incorreta. A classificação está correta. Assim como: possivelmente, provavelmente, acaso, porventura, quiçá, será, talvez, casualmente, “talvez” expressa valor de dúvida.

     

    e) Em “...estão mudando isso de forma radical...”, expressa modo.

    Alternativa incorreta. A classificação está correta. “De forma radical” é o mesmo que “radicalmente”. Expressa valor de modo.