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ID
1266106
Banca
FUNCAB
Órgão
PRF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1
                                                         A era do automóvel

        E, subitamente, é a era do Automóvel, O monstro transformador irrompeu, bufando, por entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações.[...]
        [...] Ruas arrasaram-se, avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,arrastando desvaíradamente uma catadupa de automóveis, Agora, nós vivemos positivamente nos momentos do automóvel, em que o chauffeur é rei, é soberano, é tirano.
        Vivemos inteiramente presos ao Automóvel. O Automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor.
        [...] Passamos como um raio, de óculos enfumaçados por causa da poeira. Não vemos as árvores. São as árvores que olham para nós com inveja. Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta, [...] A natureza recolhe-se humilhada. Em compensação temos palácios, altos palácios nascidos do fumo de gasolina dos primeiros automóveis e a febre do grande devora-nos. Febre insopitável e benfazeja! Não se lhe pode resistir.[...]
João do Rio, In: GOMES, Renato Cordeiro (Org.) Rio de Janeiro: Agir, 2005 p. 57-60.

Vocabulário:
benfazejo: que é bem-vindo
catadupa: jorro, derramamento grande
desabrido: rude, violento
insopitável: incontrolável

Com relação ao fragmento da crônica de João do Rio, é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: "A"

     

    ALTERNATIVA "B" INCORRETA 

    JUSTIFICATIVA - O texto afirma justamente o contrário “o desvario de CHEGAR AO FIM, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor.”, não se encontra registro da arquitetura estática e estética da cidade, como casas, sobrados ou cafés. O que importa é o carro e sua chegada.

     

    ALTERNATIVA "C" INCORRETA

    JUSTIFICATIVA - O fragmento faz referência ao que DEVORA, ao que HUMILHA, sem apontar desejo por ela, o homem é submetido e se rende a ela.

     

    ALTERNATIVA "D" INCORRETA

    JUSTIFICATIVA - INCORRETO porque é o carro que vais estabelecer essa artificialidade, é ele o “monstro novo” que leva à saída do privado para o espaço da rua, é ele através dele que se “percebe nitidamente, o papel que João do Rio atribui ao automóvel, inclusive, na maioria das vezes, grafando em letra maiúscula o nome desse novo ser, que povoa o Rio de Janeiro, que teve suas ruas adaptadas para receber esse “monstro” da modernidade que é o automóvel. O carro, assim, dita o ritmo da vida vertiginosa, desde a moral até os amores, mostrando como as relações humanas estavam COISIFICADAS na cidade”.

     

    ALTERNATIVA "E" INCORRETA

    JUSTIFICATIVA - INCORRETO, pois o texto NÃO SE PROPÕE TRAÇAR A TRAJETÓRIA, retrata as mudanças (NÃO o caminho) de um Rio de Janeiro que se abria para a modernidade, o autor age como um operador de cinematógrafo selecionando as imagens que mais eram coerentes com essa modernização que QUERIA REGISTRAR.