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ID
1266112
Banca
FUNCAB
Órgão
PRF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1
                                                         A era do automóvel

        E, subitamente, é a era do Automóvel, O monstro transformador irrompeu, bufando, por entre os descombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações.[...]
        [...] Ruas arrasaram-se, avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou,arrastando desvaíradamente uma catadupa de automóveis, Agora, nós vivemos positivamente nos momentos do automóvel, em que o chauffeur é rei, é soberano, é tirano.
        Vivemos inteiramente presos ao Automóvel. O Automóvel ritmiza a vida vertiginosa, a ânsia das velocidades, o desvario de chegar ao fim, os nossos sentimentos de moral, de estética, de prazer, de economia, de amor.
        [...] Passamos como um raio, de óculos enfumaçados por causa da poeira. Não vemos as árvores. São as árvores que olham para nós com inveja. Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta, [...] A natureza recolhe-se humilhada. Em compensação temos palácios, altos palácios nascidos do fumo de gasolina dos primeiros automóveis e a febre do grande devora-nos. Febre insopitável e benfazeja! Não se lhe pode resistir.[...]
João do Rio, In: GOMES, Renato Cordeiro (Org.) Rio de Janeiro: Agir, 2005 p. 57-60.

Vocabulário:
benfazejo: que é bem-vindo
catadupa: jorro, derramamento grande
desabrido: rude, violento
insopitável: incontrolável

O desenvolvimento do tema da narrativa é atravessado pela experiência tanto coletiva quanto particular do autor. Essa característica, no texto de João do Rio, é irrefutável em:

Alternativas
Comentários
  • Significado de Irrefutável

    adj.m e adj.f. Que não pode sofrer refutação ou contestação.
    Que foi comprovado, que pôde ser evidenciado: prova irrefutável. 
    Algo evidente, incontestável: testemunho irrefutável.
    pl. irrefutáveis. 
    (Etm. do latim: irrefutabilis)


    Fonte: http://www.dicio.com.br/irrefutavel/


  • Gabarito E:

    Acredito que o que deixa o item certo seja a palavra "nossas", pois fala da experiência coletiva (inclusive do autor) de bater palmas aos trechos de floresta.

  • Acho que o que identifica a  alternativa "e" como correta é o fato da presença  dos verbos" vivemos e passamos", uma vez que se trata da presença da primeira pessoa do plural , tornando assim tanto pessoal quanto coletiva narração proposta.

  • entender-se que o autor está incluído nas ações apresentadas na letra `e` juntamente com outras pessoas

  • “Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta."

    Gabarito E

  • Inconformado com o Gabarito e a resposta dos colegas, estou em dúvida nas alternativas C e ,E.  Posso afirmar categoricamente que é irrefutável a experiência coletiva como também do autor  que antureza, encontra-se "humilhada" pelo uso e crescimento desenfreado dos automóveis, devemos portanto por conta desta consciência, combater o impacto ambiental causado. Por favor se alguém puder me ajudar melhor a entender a questão serei muito grato.

    Um abraço e bom estudo a todos. 

  • Essa característica, no texto de João do Rio, é irrefutável apenas quando o autor FAZ USO DA PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL, incluindo-se e mostrando, claramente, que ele - João do Rio- não abandona as ruas do Rio de Janeiro, frequenta-as ainda mais, na mesma intensidade e velocidade com que a cidade se moderniza. Além disso, cabe lembrar que as outras alternativas mostram-no como um espectador do que ocorre, postura registrada pelo uso dos verbos na terceira pessoa

     

    GABARITO: "E"

  • NOSSAS

    Significa a do autor e de das pessoas.

  • A alternativa "E" é a CORRETA

    .

     

     

    Esta questão trata de interpretação textual. Devemos indicar o trecho do texto que traz uma experiência coletiva e, ao mesmo tempo, particular do autor. Em outras palavras, o enunciado quer saber em que trecho abaixo o autor compartilha, de forma explícita, algo vivido por ele e por uma coletividade de pessoas. Vamos lá?

     

     

    a) “Febre insopitável e benfazeja! Não se lhe pode resistir.” (§ 4)

    INCORRETA. Gente, essa "febre" mencionada pelo autor é a provocada pelo uso massivo dos automóveis nas cidades. Vejam: "Em compensação temos palácios, altos palácios nascidos do fumo de gasolina dos primeiros automóveis e a febre do grande devora-nos."

    A construção "se lhe pode resistir" deve ser entendida da seguinte forma: Não se pode resistir a essa febre. Quem não pode resistir? O autor não fala. Fica subentendida a ideia de que ninguém pode resistir, mas não podemos dizer que o autor, de forma explícita, se inclui nesse grupo. 

    b) “Ruas arrasaram-se, avenidas surgiram, os impostos aduaneiros caíram, e triunfal e desabrido o automóvel entrou, arrastando desvairadamente uma catadupa de automóveis.' (§ 2)

    INCORRETA. Esse trecho trata de elementos relativos ao surgimento do automóvel: ruas, avenidas, impostos, etc. Veja que em momento algum o autor participa pessoalmente desse cenário. 

    c) “A natureza recolhe-se humilhada." (§ 4')

    INCORRETA. O autor fala apenas da natureza, portanto não se trata de uma experiência vivida por ele ou por uma coletividade.

    d) “e como nas mágicas e na natureza, aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações.” (§ 1)

    INCORRETA. Quem transformou tudo? O automóvel! Mais um trecho que não fala de algo vivido pelo autor.

    e) “Assim o Automóvel acabou com aquela modesta felicidade nossa de bater palmas aos trechos de floresta." (§ 4)

    CORRETA. A expressão "felicidade nossa" traz um elemento explícito de 1ª pessoa do plural. Felicidade de quem? De todos nós, inclusive do autor. Assim, ele deixa explícito que costumava "bater palmas aos trechos de floresta" e que isso foi interrompido pela chegada do automóvel.