SóProvas


ID
1266991
Banca
IESES
Órgão
GasBrasiliano
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

             A PRECISÃO DOS CLICHÊS

                                                                                                 Por: Chico Viana. Disponível em: http://hom.gerenciadordeconteudo.com.br/produtos/ESLP/textos/blog-ponta/a-precisao-dos- cliches-301498-1.asp Acesso em 17 de dezembro de 2013

       Os manuais de redação dizem que escrever bem é evitar lugares comuns. Nada compromete mais o estilo do que o uso de expressões batidas, do feijão com arroz linguístico, que nada acrescenta à expressão. Mas não é fácil fugir ao clichê (acabei de usar um no período anterior: "feijão com arroz").
       Por que é tão difícil escapar dessas fórmulas? Em parte, porque a língua tem um estoque limitado de imagens; não se pode a todo momento criar uma metáfora e, menos ainda, fazê-la atraente ao leitor. O público às vezes leva tempo para se afeiçoar tanto à semântica quanto à sonoridade de uma imagem nova.
      Nelson Rodrigues dizia que seu maior achado era a repetição. Fiel a isso, recheava seus textos com expressões que os leitores já sabiam de cor. Tanto nas crônicas quanto nos romances, deparamo-nos a todo momento com referências à "ricaça das narinas de cadáver", ao Narciso às avessas, que cospe na própria imagem", ao sol de rachar catedrais". São imagens criadas pelo próprio Nelson, é certo, mas que perderam a novidade de tanto ser repetidas.
      Nem por isto a sua prosa é menos sedutora. Pelo contrário, lemos o autor de "Vestido de noiva" com um prazer oposto ao que nos propicia, por exemplo, um Guimarães Rosa. Lemos para nos deparar com o mesmo, o conhecido, o quase-igual. Para gozar daquele "prazer de reencontro", de que nos fala Freud.
      Uma boa explicação para o sucesso dos clichês encontro na página 199 de "O caçador de pipas", de Khaled Hosseini. Vale a pena transcrever a passagem:
      "Um professor de redação que tive na San Jose State sempre dizia, referindo-se aos clichês: 'Tratem de evitá-lo como se evita uma praga.' E ria da própria piada. A turma toda ria junto com ele, mas sempre achei que aquilo era uma tremenda injustiça. Porque, muitas vezes, eles são de uma precisão impressionante. O problema é que a adequação das expressões-clichês é ofuscada pela natureza da expressão enquanto clichê."
      Não deixa de ser irônico: ao orientar os alunos a rejeitar os clichês, o professor não escapa de produzir um deles ("como se evita uma praga"). Isso mostra que o clichê parece mesmo inevitável; funciona porque é preciso, exato. A precisão faz com que muitas vezes o escolhamos a despeito da sua natureza de lugar-comum. Servimo-nos dele não por preguiça mental, ou carência vocabular, mas por em dado momento não nos ocorrer nada mais expressivo.
      Chico Viana é professor de português e redação.
                                                       www.chicoviana.com


O autor emprega o hífen em palavras como: quase-igual; expressões-clichês; e lugar-comum.

O emprego do hífen nestas construções está justificado corretamente em qual das alternativas a seguir?

Alternativas
Comentários
  • Pegadinha bem bolada. Topónimo: nome próprio de um lugar, sítio ou localidade

  • Gabarito A - O emprego do hífen neste caso forma um encadeamento vocabular.
  • Sinceramente? Não entendi o porquê das palavras "quase-igual; expressões-clichês; e lugar-comum" serem encadeamentos vocabulares! Alguém?

  • Joyci M, a pergunta é associada ao texto. Se for analisar de maneira isolada não dá pra entender! Espero ter ajudado!!! Bons estudos;)
  • .............

     

    LETRA A  – CORRETA – Segundo o professor Fernando Pestana ( in Serie Provas e Concursos. A Gramática para concursos públicos. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. Pág. 74):

     

    “Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.” (Grifamos)

  • NÃO SE EMPREGA O HÍFEN.

     

    1)  p/ unir Vogais Diferentes: agroindustrial, autoestrada, anteontem, extraoficial, videoaulas, coautor, infraestrutura, ...

     

    Obs.1: Prefixo CO não tem hífen, mesmo que a próxima letra seja igual:  cooperativa,  coobrigado, coeducação, coobrigação, coocupante, ...

     

    Obs.2: Prefixo RE se junta aos nomes ordinariamente, sem restrições: reabastecer, reentrância, reimprimir, ...

     

    2)  p/ unir consoantes Diferentes: hipermercado, superbactéria, intermunicipal, ...

     

    3)  p/ unir consoante com vogal: interescolar, supereconômico, interação, ...

     

    Obs.: se consoante for S / R duplica: contrarregra, contrarrazões, contrassenso, ultrassom, antissocial, antirracismo, antirrugas, ...

     

    4) após "quase"  e "não": não agressão, não comuns, não essencial, não padrão, não conforme, não beligerante, não fumante, não violência, quase delito, quase morte, ...

     

    5) entre palavras com elemento de ligação: mão de obra, café com leite, pé de moleque, cara de pau, camisa de força, cão de guarda

     

    Obs.: Se NÃO há elemento de ligação haverá hífen: vaga-lume, porta-malas, boa-fé, guarda-chuva, bate-boca, pega-pega, pingue-pongue, ...

     

    Obs.2: Exceções: Palavras com Elemento de ligação mas que tenha

     

    --- > sentido composto: pé-de-meia, gota-d´água, cor-de-rosa, água-de-colônia, ...

     

    --- > nomes botânicos ou científicos: pimenta-do-reino, bico-de-papagaio, cravo-da-índia, ...

     

    --- > vocábulos que perderam noção de composição perderam o hífen:   paraquedas, mandachuva, ...

     

    6) entre palavras repetidas: dia a dia, corpo a corpo, face a face, porta em porta, ....

     

    Obs.: Se não houver elemento de ligação,  háverá emprego do hífen: corre-corre,  pega-pega, cri-cri, ...

     

    7)  girassol, mandachuva, paraqueda, aguardente, varapau, ...

     

    8) Demais / De mais.

     

    De mais: Separado, é uma locução adjetiva que acompanha substantivos, corresponde a “a mais” e seu oposto é de “de menos”. Exemplo: Problemas de mais, dinheiro de menos.

     

    Demais: A palavra pode ser um advérbio (adjetivando um verbo), indicando excesso.

     

    O garoto perdeu a hora da prova do Enem e gritou demais (gritou muito).

     

    Em sua apresentação o orador utilizou palavras demais (muitas palavras) na apresentação.

     

    Adorava o ator, achava-o demais (o máximo)!

  • EMPREGO DO HÍFEN

     

    1) Encadeamento, sentido particular,  não composto: Ponte Rio-Niterói,  Eixo Rio-São Paulo,  Percurso casa-trabalho, ...

     

    2) Após prefixos Recém, além, aquém, sem, pós, pre, ex, vice.

     

    3) Prefixo antes de palavra com H.

     

    4) Após prefixos Pro, Pre, Pos.

     

    5) Sub /  Sob  +  R/B: sub-região,  sub-raça, sub-reitor, sub-reptício, ...

     

    6) Circum / PAN + Vogal: Pan-americano, Pan-europeu, circum-adjacente, circum-navegação, ...

     

    7)  Bem + Vogal / Consoante: bem-aventurado, bem-criado, bem-estar, bem-visto, bem-ditoso, ...

     

    Obs.1: Exceto se palavra seguinte derivar de querer / fazer:  benquerer, benfeito, benquisto, benquisto, benquerido, ...

     

    Obs.2: Bem – feito/ Benfeito / Bem feito:

     

    --- > “Benfeito” = substantivo: “O benfeito dele foi de grande valor para o país”.

     

    --- > “Bem-feito” = adjetivo: “Achei o serviço muito bem-feito”.

     

    --- > “Bem feito” = quando “bem” é advérbio e não está agregado a “feito”: “O serviço foi [bem] feito por Mariana”; e quando é uma expressão interjetiva: “Ele escorregou na gramática. Bem feito!”

     

    8)  Mal + Vogal: mal-educado, mal-humorado, mal-afortunado, mal-estar, ...

     

    Obs.1: Exceto se palavra seguinte derivar de querer / fazer: malquerer, malfeito, malquisto, ...

     

    Obs.2: Se palavra seguinte iniciar com consoante: malnascido, malvisto, malfeito, malcriado, malditoso, ...

     

    9)Emprega – se o hífen:  à queima – roupa, a deus – dará.

     

    10) Emprega-se o hífen, nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma letra com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, auto-observação, sub-bairro, ad-digital, circum-navegação, hiper-realista, pan-negritude, anti-inflamatório, micro-ondas, micro-organismo...

  • Alguém poderia elucidar melhor o que seria encadeamento vocabular?

  • No encadeamento de ideias que compõe a palavra (processo de composição) assim, deve-se empregar o hífen.

  • Excelente questão!!!!

  • Acertei por eliminação hahaha

  • AHHAHAHAHAHA

    Banca pequena querendo fazer graça. Que engraçado!