SóProvas


ID
1272208
Banca
FGV
Órgão
AL-BA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                    Sai a energia limpa, entra o pré-sal 


     Vivemos um tempo em que o fantasma do apagão assombra o já inseguro, pouco competitivo e bamboleante setor industrial brasileiro. Pouco a pouco esse fantasma começa também a assustar os incautos cidadãos comuns de nosso país.

     Por um lado, o Brasil possui uma das matrizes elétricas consideradas uma das mais limpas do mundo. Entre 80% e 90%da nossa geração elétrica vêm de fontes renováveis. Segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – da Agência Nacional de Águas – o país tem cerca de mil empreendimentos hidrelétricos, sendo que mais de 400 deles são pequenas centrais hidrelétricas.

     Por outro lado, se olharmos nossa matriz energética como um todo, veremos que estamos muito longe de sermos exemplo na área de energias limpas.Mais de 52% da energia que move o Brasil vêm do petróleo e seus derivados, empurrando a energia hidrelétrica para um modesto terceiro lugar, com apenas 13% do total, ficando também atrás da energia gerada através da cana (álcool +biomassa, com 19,3%).

     Se você vivia no país antes de 2007, deve ter lido ou ouvido falar que o Estado brasileiro estava investindo pesadamente em biocombustíveis e em fontes energéticas renováveis e limpas.Pelo discurso oficial, o Brasil se tornaria a potência energética limpa do terceiro milênio e um país exportador dessas tecnologias.

     Mas em 2007, Deus – talvez por ser brasileiro – resolveu dar uma mãozinha e nos deu de presente o pré‐sal, rapidamente vendido (sem trocadilhos) como a redenção de todos os nossos problemas. O que se viu a partir daí foi uma verdadeira batalha política entre os estados “com pré‐sal” e os estados “sem pré‐sal”pelos royalties do tesouro recém‐descoberto.

     A face menos perceptível desse fenômeno foi que, como mágica, sumiram os projetos de desenvolvimento tecnológico e de inovação para aprimoramento e popularização de fontes energéticas limpas.

     (....) É muito triste constatar que vivemos em um país de discursos, sem nenhum planejamento estratégico para a área de energia e, pior, que o Brasil fez uma clara opção pelo caminho da poluição e da ineficiência energética.

     Quanto ao fantasma do apagão, justiça seja feita, o Estado brasileiro tem feito sua parte para espantá‐lo definitivamente.Mas, como não há planejamento, faz isso como pode, rezando todos os dias – e com muita fé – para que São Pedro mande o único antídoto que pode, de fato, impedir que esse espectro da falta de planejamento provoque um colapso energético no país: a chuva.

          

                             (José Roberto Borghetti Antonio OstrenskyO Globo, 27/03/2014) 

Quanto ao fantasma do apagão, justiça seja feita, o Estado brasileiro tem feito sua parte para espantá-lo definitivamente”.

Nesse segmento do último parágrafo do texto, o trecho sublinhado indica

Alternativas
Comentários
  • Leia das linhas 40, 41 e 42. O autor expõe sobre o apagão e em seguida demonstra ironia - na linha 42- quando ele usa "Mas, como não há planejamento". Ele quer dizer que o governo está lutando contra o apagão, fazendo sua parte, MAS, PORÉM, TODAVIA, ele (governo) não faz planejamento.

  • Nas questoes da FGV quando eles citarem um trecho, nunca se atenha só a ele. Sempre volte ao texto e leia ao menos uma frase antes e depois, que a resposta está normalmente ali. Só com o trecho fica impossível responder ;)

  • Gabarito: D


    O Estado faz a sua parte, mas rezando para que São Pedro mande a chuva. Ou seja, não há planejamento, o Estado está fazendo a sua parte, mas de modo incompleto. Por essa razão, inclusive, o gabarito não pode ser a letra A, já que não há um real reconhecimento do esforço do Governo; ao contrário, há pura ironia diante do que é apresentado logo em seguida. 

    Vejamos:


    "Quanto ao fantasma do apagão, justiça seja feita, o Estado brasileiro tem feito sua parte para espantá‐lo definitivamente.Mas, como não há planejamento, faz isso como pode, rezando todos os dias – e com muita fé – para que São Pedro mande o único antídoto que pode, de fato, impedir que esse espectro da falta de planejamento provoque um colapso energético no país: a chuva."

  • O autor utiliza o tom altamente debochado e altamente ironico.

    Quanto ao fantasma do apagão, justiça seja feita, o Estado brasileiro tem feito sua parte para espantá‐lo definitivamente. Mas, (observe a partir de agora o deboche) como não há planejamento, faz isso como pode, rezando todos os dias – e com muita fé – para que São Pedro mande o único antídoto que pode, de fato, impedir que esse espectro da falta de planejamento provoque um colapso energético no país: a chuva.
    Gabarito D.
  • Na minha opinião o trecho sublinhado não é de ironia, mas sim o reconhecimento. A ironia vem apenas depois quando se trata da falta de planejamento. Logo o gabarito está errado.

  • N vi tom ironico.

  • d) uma ironia diante da realidade apresentada a seguir

    A ironia está no fato de o autor dizer que o Estado está rezando para resolver o problema do apagão, pois não tem planejamento algum, está apenas rezando para São pedro e esperando a chuva.

    Bons estudos!