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ID
1284253
Banca
FCC
Órgão
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  Os direitos “nossos” e os “deles”

     Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas.

     Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando.      

     Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim? 

     O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas. 


                         (Abelardo Trancoso, inédito)

A afirmação de que “a demonização tem duas mãos”, no 3º parágrafo, justifica-se quando

Alternativas
Comentários
  • Alguém poderia me justificar o erro da letra D?

  • Meu amigo, embora a alternativa "d" esteja correta, não tem relação com a ideia que o texto quis passar.

  • Marcos Maurício,

    A letra D extrapola o que está escrito no terceiro parágrafo.

    Vamos considerar somente o terceiro parágrafo; em qual parte , você identifica a violência de quem subjuga ou a fragilidade de quem é subjugado? Quais fragmentos do referido parágrafo remetem a esses entendimentos de violência e fragilidade?

    A demonização tem duas mãos: significa que ora o proprietário é demonizado, ora os subjugados são demonizados.

    Espero ter ajudado!

  • Alguém por caridade me explica porque é a letra A?

  • Porque não a letra (d)? Alguém poderia explicar-me por gentileza?

  • por que não pode ser a letra "B"? Alguém poderia explicar.


  • Vou tentar ajudar de acordo com o que raciocinei:

    A) Acabei decidindo pela "A" principalmente pela palavra "demonização" do enunciado. Já que dá a ideia de culpa, alinhando-se com o termo "indefensáveis" da questão. De fato tanto subjugar o negro à escravidão quanto achar que matar seu Senhor sempre será perdoável, são ideias condenáveis, indefensáveis.

    B) De fato ambos se acusam mas ambos têm razão para fazê-lo. 

    C) A reação não é desproporcional, o comentário do advogado abolucionista sim. Além disso a alternativa só "demoniza" um dos lados da mão. 

    D) É verdade. Mas a própria questão afirma que o escravo matou o Senhor, não sendo tão frágil assim. Sem falar que só demoniza uma das mãos.

    E) Ao contrário, ambos são culpados. " demonização tem duas mãos". 

  • Se for por suposições, as cinco alternativas estarão corretas.

  • Gabarito: A. Mas fiquei na dúvida entre as alternativas A e D. Alguém sabe porque a A está certa e não a D!!

  • Primeiro elimine as alternativas erradas. Para isso, verifique os indicadores linguísticos como: advérbios e verbos.

     Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim? 

    A afirmação de que“a demonização tem duas mãos, no 3º parágrafo, justifica-se quando:


  • Fiquei entre a "a" e a "b", acabei marcando a "b" e depois de muita reflexão conclui "b" não poderia estar correta, pois o texto não fala em troca de acusações entre as partes envolvidas e sim em justificativa.

    Quem subjuga é censurado antes de mais nada por escravizar...pois isso que faz-se a afirmação de que em qualquer situação um escravo mata em legítima defesa, pois independente de qualquer coisa ele já é escravo, portanto, matar é um ato de legítima defesa da sua liberdade; Por outro lado quem é subjugado é censurado por não poder agir contra o seu proprietário, muito menos sem uma justificativa plausível, pois ele é uma propriedade.

    A letra c não é cabível pois depende do ponto de vista (se do subjugado ou do subjugador)

    Letra d, idem letra c.

    Letra e, não se falou no texto de excesso.

  • Gabarito A. Alternativa D, ao meu ver, é a mais desconectada com o texto, pois o texto não entra nessa questão da fragilidade do subjugado em nenhum momento, embora, historicamente e pelo senso comum, esteja correta. Só não fui na A com 100% porcento, por causa da palavra indefensável. Não percebi esse significado no texto. Contudo, A está tão correta antes dessa palavra que eu não podia marcar outra.

  • D - A violência de quem subjuga aproveita-se da extrema fragilidade de quem é subjugado.

    Acho que o erro da D está em afirmar que o fato de um subjugar o outro é a afirmação de que “a demonização tem duas mãos”. Observem: A subjuga (domina) B. Onde estão as "duas mãos" da demonização? Por essa frase, só há "uma mão".