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ID
1288663
Banca
FGV
Órgão
TJ-AM
Ano
2013
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Sobre os estudos que apontam para modificações na estrutura familiar, analise as afirmativas a seguir.

I. O número de famílias chefiadas por mulheres, no Brasil, não tem aumentado nas últimas décadas.

II. É comum a mulher idosa ser a responsável pelo suporte às famílias de baixo poder aquisitivo, tanto pelo cuidado com os membros mais jovens, quanto pelo aporte financeiro.

III. A atuação junto a famílias monoparentais pobres tem sido facilitada pela confiança dos agentes comunitários na capacidade de resiliência dessas famílias.

Assinale:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO B

    Sobre o item III - Para estabelecer uma relação empática, genuína e geradora do desenvolvimento da identidade positiva e da consciência transformadora nestes grupos familiares, os agentes sociais deveriam reconhecer as reais dificuldades vivenciadas histórica e socialmente por estas famílias ao longo de gerações vivendo na pobreza. Ao contrário, as atitudes pessimistas e o descrédito dos profissionais em relação às famílias, podem agir em prejuízo do atendimento dispensado a essas populações. Assim, ao invés de contribuir para uma conscientização e mudança de situações de risco vivenciadas por essas famílias, as crenças desses profissionais resultam numa atuação pouco eficiente e apática, norteada por um sistema de idéias que culpabiliza as famílias pela pobreza e as impossibilita de visualizar soluções (Vasconcelos, Yunes & Garcia, 2006).

  • Alguém sabe dizer por que o item III está errado?

  • O artigo “Mulher idosa: suporte familiar ou agente de mudança?", de Ana Amélia Camarano, traça um interessante perfil da experiência do envelhecimento feminino e mostra uma mudança na perspectiva do envelhecimento que há algum tempo significava para as mulheres pobreza e isolamento, transmutando-se hoje na assunção de papéis não esperados e colocando-as como agentes de mudança social.

    De acordo com a autora, estudos tem apontado para uma menor dependência das mulheres idosas em relação à família e para um aumento das famílias chefiadas por elas, representando, aproximadamente 7,5% do total de famílias brasileiras. Separações e, principalmente, viuvez, explicam, em parte, o crescimento das famílias unipessoais e chefiadas por mulheres. Normas sociais vigentes são também responsáveis pelas reduzidas taxas de novo casamento entre as mulheres idosas descasadas.

    Ainda de acordo com as autoras a maior parte das idosas de hoje passou a vida adulta desempenhando papéis tradicionais femininos: apenas um quarto das idosas de hoje trabalharam quando tinham entre quarenta e 59 anos. Hoje, chefiam metade das famílias onde vivem, contribuindo significativamente para o orçamento destas. Isto se deve em grande parte ao recebimento do benefício da Previdência Social. Quando envelhecem, passam do seu papel tradicional de dependentes para o de provedoras. Esta, dentre outras mudanças, tais como o aumento das famílias de três gerações, tem levado a que os idosos, de uma maneira geral, estejam liderando uma mudança social de grande porte.

    O artigo pode ser acessado na íntegra em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300004

    Quanto ao item III, não foi o encontrado no mesmo artigo nenhuma referência ao assunto, porém no artigo de Maria Angela Mattar Yunes, Narjara Fernandes Mendes e Beatriz de Mello Albuquerque, intitulado “Percepções e crenças de agentes comunitários de saúde sobre resiliência em famílias monoparentais pobres" aprenda uma investigação sobre as ideias, crenças e percepções dos agentes comunitários de saúde a respeito da resiliência em famílias monoparentais. Nesse artigo as autoras apontam que a maioria dos agentes entrevistados enfatizou que a família, apesar de viver em situação de pobreza, sabe administrar o pouco que tem, no que se refere aos bens materiais e à renda familiar, notando-se uma valorização das condições financeiras para a superação das dificuldades.

    Esse dado reforça o “desvalor" desses agentes sobre as possibilidades de resiliência em famílias que vivem a situação de pobreza e direciona essas possibilidades a famílias que, de algum modo, tenham adquirido ou possuam bens materiais, desconsiderando os fatores interacionais e educacionais da convivência familiar.

    O artigo pode ser acessado na íntegra em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v14nspe/a02v14nspe.pdf




    GABARITO: B