Questão sobre as técnicas de avaliação do valor justo,
conforme CPC 46.
Primeiramente, é importante
lembrar que o CPC 46, em seu Apêndice A, define valor justo como sendo o “preço
que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência
de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na
data de mensuração".
Nesse contexto, as técnicas de
avaliação são “meios" para obtenção
do valor justo. Portanto, o objetivo de se utilizar uma técnica de avaliação é
obter esse preço definido como valor justo no CPC46. Conforme o manual da FIPECAFI¹, a técnica de avaliação é um método e não um fim em si mesmo. O valor
justo estimado será resultado das premissas utilizadas nas técnicas de avaliação.
As técnicas de avaliação podem
ser classificadas quanto à abordagem:
(1) Abordagem
de Mercado:
(2) Abordagem
de Custo:
(3) Abordagem
de Receita (ou Resultado)
Vou detalhar a técnica (3) que
é a que interessa para a questão. Nela, temos o valor justo como um valor presente (descontado), desde que
essa mensuração seja feita considerando as expectativas correntes dos participantes
do mercado atuais em relação a esses valores futuros. Por isso, também pode ser
chamada de técnica do valor presente
esperado.
Portanto, essa técnica captura
os seguintes elementos: as projeções
(de caixa ou outros valores
provenientes do ativo ou passivo a ser mensurado), expectativas de incertezas relativas ao fluxo projetado, o valor do
dinheiro no tempo (uso de uma taxa de
desconto livre de risco), o prêmio pelo risco (ajustando-se a taxa
de desconto) e outros fatores que os participantes do mercado levariam em
consideração.
Nesse sentido, o CPC 46 detalha
ainda 2 métodos da técnica de valor
presente esperado. O 1º que ajusta o próprio fluxo de caixa e um 2º que desconta
o fluxo de caixa esperado por uma taxa de
retorno esperada. Vou trazer um trecho elucidativo do 2º método que é o que
interessa para a questão:
B26. Em contraste, o Método 2 da técnica de valor
presente esperado efetua ajuste para refletir o risco sistemático (ou seja, de
mercado) pela aplicação de prêmio de risco à taxa de juros livre de risco.
Consequentemente, os fluxos de caixa esperados são descontados a uma taxa que
corresponde à taxa esperada associada a fluxos de caixa ponderados por
probabilidade (ou seja, taxa de retorno esperada). Os modelos utilizados
para a precificação de ativos de risco, como o modelo de precificação de ativos
financeiros, podem ser utilizados para estimar a taxa de retorno esperada.
Repare que os modelos
utilizados para a precificação de ativos de risco, a exemplo do CAPM pode ser utilizado para estimar
essa taxa de retorno esperada. É nesse modelo que o examinador se inspirou para
elaborar a questão. Vocês estudam com mais detalhe em Finanças Corporativas,
mas nesse modelo, temos o retorno
esperado como resultado da soma taxa
livre de riscos e do prêmio de risco do mercado.
Veja que a própria questão nos
fornece essa soma (10%). Ela será a nossa taxa
de retorno esperada que utilizaremos para descontar o fluxo de caixa, trazendo
a valor presente, que por fim, será nosso valor justo. Então é só aplicarmos a fórmula clássica do valor
presente:
200.000 / (1 + 0,1) =
aproximadamente 181mil
Com isso, já podemos identificar
a correção da afirmativa:
Se a soma da taxa livre
de riscos e do prêmio de risco não sistemático for igual a 10%,
então o valor justo do ativo financeiro estimado pela técnica do valor
presente esperado será superior a R$ 180 mil.
Gabarito do Professor: Certo.
¹ Manual de contabilidade
societária : aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas internacionais
e do CPC / Ernesto Rubens Gelbcke ... [et al.]. – 3. ed. – São Paulo: Atlas,
2018.