Segundo MANKIW, para entendermos a inclinação negativa da curva de
demanda agregada, portanto, temos que examinar como o nível de preços afeta a
quantidade de bens e serviços demandados para consumo, investimento e
exportações líquidas, então:
1) Nível de Preços e Consumo: O Efeito Riqueza
Considere o dinheiro que você tem em sua carteira e em sua conta bancária.
O valor nominal desse dinheiro fixo, mas seu valor real, não. Quando os
preços caem, esse dinheiro fica mais valioso porque pode ser usado para
comprar mais bens e serviços. Portanto,
uma queda no nível de preços enriquece os consumidores, o que, por sua
vez, os incentiva a gastar mais. O aumento nas despesas de consumo significa
uma maior quantidade demandada de bens e serviços.
2) Nível de Preços e Investimento: O Efeito Taxa
de Juros. O nível de preços é um dos determinantes da quantidade demandada
de moeda. Quanto menor o nível de preços, menos moeda as famílias
necessitarão manter para comprar os bens e serviços que desejam. Quando o nível
de preços cai, portanto, as famílias podem tentar diminuir a retenção de
moeda mediante concessão de empréstimos. Por exemplo, uma família poderia
usar seu excedente de moeda para comprar títulos que rendem juros. Ou
poderia depositar seu excedente de moeda em uma conta de poupança, que
rende juros, e o banco usaria esses fundos para conceder mais empréstimos.
Em qualquer dos dois casos, medida que as famílias tentam converter parte
de sua moeda em ativos que rendem juros, empurram a taxa de juros para
baixo. Uma taxa de juros menor, por sua vez, incentiva a tomada de empréstimos
por empresas que desejam investir em novas fábricas e equipamentos e por
parte de famílias que desejam investir em novas casas. Portanto, um menor nível de preços reduz a
taxa de juros, incentiva uma maior despesa em bens de investimento e, por
meio disso, aumenta a quantidade de demanda de bens e serviços.
3) Nível de Preço e Exportações Líquidas: O
Efeito Taxa de câmbio como acabamos de ver, um menor nível de preços nos
Estados Unidos reduz a taxa de juros americana. Reagindo a isso, alguns
investidores dos Estados Unidos procurarão maiores retornos, investindo no
exterior. Por exemplo, à medida que as taxas de juros dos títulos do
governo dos Estados Unidos diminuem, um fundo mútuo poderia vender seus
títulos norte-americanos a fim de comprar títulos do governo alemão. À
medida que o fundo mútuo tenta converter seus dólares em euros para
comprar os títulos alemães, ele aumenta a oferta de dólares no mercado de
câmbio de moeda estrangeira. O aumento na oferta de dólares provoca uma
depreciação do dólar diante de outras moedas. Como cada dólar compra menos
unidades de moedas estrangeiras, os bens estrangeiros se tornam mais caros
em relação aos bens produzidos internamente. Essa variação na taxa de
câmbio real (o preço relativo dos produtos internos e estrangeiros)
aumenta as exportações americanas de bens e serviços e reduz a importação
de bens e serviços pelos Estados Unidos. As exportações líquidas, que são
iguais as exportações menos as importações, aumentam. Portanto, quando uma queda no nível de preços nos Estados Unidos provoca
uma queda na taxa de juros americana, a taxa de câmbio real se deprecia e
essa depreciação estimula as exportações líquidas dos Estados Unidos,
aumentando, assim, a quantidade demandada de bens e serviços.(grifo
nosso)
Há, portanto, três razões distintas, porém correlacionadas, pelas quais
uma queda no nível de preços aumenta a quantidade demandada de bens e serviços:
(1) os consumidores se sentem mais ricos, o que estimula a demanda por bens de
consumo. (2) A taxa de juros cai, o que estimula a demanda por bens de investimento.
(3) A taxa de câmbio se deprecia, o que estimula a demanda por exportações líquidas.
Por essas três razões, a curva de demanda agregada tem inclinação negativa.
Assim, os efeitos riqueza, taxa de juros e taxa de câmbio afetam a
inclinação da curva de demanda agregada, pois a torna negativamente inclinada.
Gabarito: Correto.
Gab. C
A inclinação da Demanda Agregada (DA) é dada por Y (Renda Nominal)/ P (Nível de Preços). Como veremos a seguir, o efeito riqueza, taxa de juros e taxa de câmbio afetam diferentemente Y/P, ou seja, a inclinação da DA.
a) Efeito-Riqueza (ou Efeito-Pigou): supondo uma queda do nível de preços (P), com renda nominal constante (Y), leva ao aumento do valor real da riqueza dos consumidores, estimulando-os a gastar mais. Portanto, a queda da inflação deve elevar o consumo agregado, que é um dos componentes da demanda agregada.
b) Efeito Taxa de Juros: eventual queda do nível geral de preços (P) e a um dado nível de renda (Y), os consumidores necessitarão de menos moeda para comprar bens e serviços. As famílias poderão utilizar essa “sobra” de moeda para aplicações financeiras, aumentando a demanda de títulos, que tende a provocar uma queda da taxa de juros de mercado. Essa queda da taxa de juros, além de baratear os empréstimos bancários, e, portanto, estimular o consumo de muitas famílias, poderá viabilizar muitos projetos de investimentos, já que muitos empresários, ao invés de aplicarem seus recursos no mercado financeiro, tendem a aplicá-los em investimentos produtivos, como na ampliação de sua empresa, na modernização de equipamentos etc. Ou seja, a queda do nível geral de preços tende a provocar uma queda da taxa de juros, que deve levar ao aumento tanto do consumo como do investimento agregado, dois dos elementos da demanda agregada de bens e serviços.
c) Efeito Taxa de Câmbio: uma queda do nível geral de preços internos torna nossos produtos mais competitivos, relativamente aos preços dos produtos importados. Esse efeito estimula as exportações (X) e desestimula as importações agregadas (M), elevando a demanda agregada.
Fonte adaptada: Economia Micro e Macro, de Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos; 4º Ed.