NOTAS DE RODAPÉ
A expressão Desenvolvimento de Comunidade foi pioneiramente utilizada, em 1942, pelo governo inglês, e o intuito era auxiliar os países na conquista da independência. Revela-se na preocupação do governo britânico para com suas colônias a manutenção das relações até então existentes, pois, conforme Souza (2004), estimular-lhes a independência não significa romper relações, mas mudar as estratégias dessas relações. A exigência capitalista de dominação sobre estes países, que propõem para si um futuro em novos termos, desperta e preocupa as grandes potências. Esse contexto condiciona a iniciativa da Inglaterra, através do Desenvolvimento de Comunidade, a promover a melhoria de vida da população comunitária a partir de sua própria participação e iniciativa, quer seja espontaneamente ou por meio do emprego de técnicas. Dessa maneira, o Desenvolvimento de Comunidade se afirma como fundamental estratégia de ação de um país sobre outros.
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Neste cenário, o trabalho social com a comunidade é absorvido como método privativo do Serviço Social e, à época, se apresenta como solução aos efeitos do comunismo (ESTEVAN, 1992). O crescimento econômico e o progresso tecnológico são objetivos supremos a serem atingidos por esse paradigma de desenvolvimento. Tal contexto ideológico assegura a perspectiva política do Desenvolvimento de Comunidade conforme as propostas dos grupos dominantes.
A Organização das Nações Unidas, no decorrer dos anos 1950 e 1960, voltou-se a sistematizar e disseminar um modelo de Desenvolvimento de Comunidade que se define como um processo que envolve a integração dos esforços da população aos planos regionais e nacionais de desenvolvimento econômico e social. A sua finalidade é capacitar as comunidades para contribuírem com o progresso do país. Ainda, prevê a participação popular nos esforços para melhorar seu nível de vida e o apoio técnico- -governamental para tornar os programas de mútua ajuda eficazes. É reservada à população a incumbência de se responsabilizar pelo desenvolvimento de sua comunidade e pelo progresso do país (SOUZA, 2004).
De acordo com Zé Paulo Netto o Desenvolvimento de Comunidade no processo de erosão do Serviço Social se divide em 3 correntes:
1.Uma que extrapola p o desenvolvimento de comunidade os procedimentos e as representações "tradicionais" apenas alterando o âmbito de sua intervenção
2. Pensa o DC numa pespectiva macrossociatária supondo mudanças socioeconômicas estruturais, mas sempre no bojo do ordenamento capitalista
3. DC como instrumento de um processo de transformação social substantiva, conectado a libertação social das classes subalternas
(Netto, Ditadura e Serviço Social, 2004, pg 140)