SóProvas


ID
1339711
Banca
FUNCAB
Órgão
MDA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

     No primeiro dia, foi o gesto genial. Era um domingo. Ao se curvar no campo do estádio espanhol, descascar a banana, comê-la de uma abocanhada e cobrar o escanteio, Daniel Alves assombrou o mundo. Não só o mundo do futebol, esse que chama juiz de “veado” e negro de “macaco” . O baiano Daniel, mestiço de pele escura e olhos claros, assombrou o mundo inteiro extracampo. Vimos e revimos a cena várias vezes. “Foi natural e intuitivo” , disse Daniel, o lateral direito responsável pelo início da virada do Barcelona no jogo contra o Vilarreal. Por isso mesmo, por um gesto mudo, simples, rápido e aparentemente sem raiva, Daniel foi pop, simbólico, político e eficaz.
      Só que, hoje, ninguém, nem Daniel Alves, consegue ser original por mais de 15 segundos. Andy Warhol previa, na década de 1960, que no futuro todos seriamos famosos por 15 minutos. Pois o futuro chegou e banalizou os atos geniais, transformando tudo numa lata de sopa de tomate Campbell’s. A banana do Daniel primeiro reapareceu na mão de Neymar, também vítima de episódios de racismo em estádios. Neymar escreveu na rede em defesa do colega e dele próprio: “Tomaaaaa bando de racistas, #somostodosmacacos e daí?” Uma reação legítima, mas sem a maturidade do Daniel. Natural. Há quase dez anos de estrada de vida entre um e outro.
     Imediatamente a banana passou a ser triturada por milhares de "selfies" . O casal Luciano Huck-Angélica lançou uma camiseta #somostodosmacacos. Branco, o casal que jamais correu o risco de ser chamado de macaco apropriou-se do gesto genial, por isso foi bombardeado por ovos e tomates na rede, chamado de oportunista. A presidente Dilma Rousseff, em seu perfil no Twitter, também pegou carona no gesto de Daniel “contra o racismo” e chamou de “ousada” a atitude dele. Depois de ler muitas manifestações, acho que #somostodosbobos, a não ser, claro, quem sente na pele o peso do preconceito.
      ''Estou há onze anos na Espanha, e há onze é igual... Tem de rir desses atrasados” , disse Daniel ao sair do gramado no domingo. Depois precisou explicar que não quis generalizar. “Não quis dizer que a Espanha seja racista. Mas sim que há racismo na Espanha, porque sofro isso em campos (de futebol) diferentes. Não foi um caso isolado. Não sou vítima, nem estou abatido. Isso só me fortalece, e continuarei denunciando atitudes racistas”
     Tudo que se seguiu àquele centésimo de segundo em que Daniel pegou a fruta e a comeu, com a mesma naturalidade do espanhol Rafael Nadai em intervalo técnico de torneios mundiais de tênis, como se fizesse parte do script, tudo o que se seguiu àquele gesto é banal. Os “selfies” , a camiseta do casal 1.000, o tuíte de Dilma, as explicações de Daniel após o jogo, esta coluna. Até a nota oficial do Vilarreal, dizendo que identificou o torcedor racista e o baniu do estádio El Madrigal “para o resto da vida” . Daniel continuou a evitar as cascas de banana. Disse que o ideal, para conscientizar sobre o racismo, seria fazer o torcedor “pagar o mal com o bem”.

AQUINO, Ruth de. Rev. Época: 05 maio 2014


Altera-se o sentido de: “BRANCO, o casal que jamais correu o risco de ser chamado de macaco apropriou-se do gesto genial...” (§ 3) com a substituição do termo em destaque por:

Alternativas
Comentários
  • Eu respondi a letra "a", acreditando que o "embora" alterasse o sentido... Se alguém puder me dar uma luz... Agradeço

    Bons estudos a todos...

  • Letra  D - "Visto ser branco..." introduz uma explicação para o casal "apropriar-se do gesto genial". Logo, esta substituição altera o sentido pretendido.

  • Também não entendi. Penso que as três primeiras alternativas alteram o sentido original da frase. Se alguém souber explicar, eu agradeço. 


    A luta continua...

  • Questão estranha essa, acertei-a por eliminação, porque foi a única forma que encontrei de responder.

  • Embora = ainda que branco, o casal nao corre o risco de sofrer atos de racismo... se isso nao é mudar o sentindo, o que mais é

  • Não concordo com o gabarito... O casal foi achincalhado, justamente, por ser branco e não "a despeito" ou apesar desse fato, como afirma a alternativa C. As demais opções, inclusive a primeira, carregam o mesmo sentido: justificar, explicar o ocorrido. 

    No caso da letra 'a', a colocação do "embora" faz toda a diferença. Se a expressão viesse antes de "Branco", teria o mesmo valor da letra 'c', também alterando a frase.

  • Banca escrota, varias questoes estranhas... Quero CESPE!

  • fiquei entre a "a" e a "d" e coloquei a "a" quando se dis visto ser branco da o sentido que" a nossa eu sou branco vou ajudar a influenciar" que muda mas a a pra mim da certa tinha que ser anulada

     

  • Também marquei a alternativa D), o "embora" introduz o sentido de concessão, de oposição do que vem pela frente. Os demais nexos manteriam o sentido, no meu ponto de vista.

  • NA DÚVIDA 


    CONCESSIVA OU ADVERSATIVA

    ACHEI UMA CAUSAL MARQUEI E CORRI PARA O ABRAÇO.