SóProvas


ID
134233
Banca
FCC
Órgão
PGE-RJ
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Segredo

Há muitas coisas que a psicologia não nos explica.
Suponhamos que você esteja em um 12o andar, em companhia
de amigos, e, debruçando-se à janela, distinga lá embaixo, inesperada
naquele momento, a figura de seu pai, procurando atravessar
a rua ou descansando em um banco diante do mar. Só
isso. Por que, então, todo esse alvoroço que visita a sua alma
de repente, essa animação provocada pela presença distante
de uma pessoa de sua intimidade? Você chamará os amigos
para mostrar-lhe o vulto de traços fisionômicos invisíveis: "Aquele
ali é papai". E os amigos também hão de sorrir, quase
enternecidos, participando um pouco de sua glória, pois é
inexplicavelmente tocante ser amigo de alguém cujo pai se
encontra longe, fora do alcance de seu chamado.

Outro exemplo: você ama e sofre por causa de uma
pessoa e com ela se encontra todos os dias. Por que, então,
quando essa pessoa aparece à distância, em hora desconhecida
aos seus encontros, em uma praça, em uma praia,
voando na janela de um carro, por que essa ternura dentro de
você, e essa admirável compaixão?

Por que motivo reconhecer uma pessoa ao longe sempre
nos induz a um movimento interior de doçura e piedade? (...)
Até para com os nossos inimigos, para com as pessoas que nos
são antipáticas, a distância em relação ao desafeto atua sempre
em sentido inverso. Ver um inimigo ao longe é perdoá-lo
bastante.

(Paulo Mendes Campos - Crônicas escolhidas. S.Paulo:
Ática, 1981, p.p. 49-50)

É adequado o emprego e correta a grafia de todas as palavras da frase:

Alternativas
Comentários
  • Corrigindo:a) É prazeroso o reconhecimento de uma pessoa que, surgindo longínqua, parece então mais próxima que nunca - paradoxo pleno de poesia. (CORRETA)b) A ABSTENÇÃO da proximidade de alguém não impede, segundo o cronista, que nossa afetividade aflore e haja para promover uma aproximação. c) Nenhuma distância dilui o afeto, pelo contrário: o reconhecimento da amada longeva AVIZINHA-A de nós, fá-la mais próxima que nunca. d) O cronista ratifica o que diz um velho provérbio: a distância que os olhos acusam não EXCLUI a proximidade que o nosso coração promove. e) Os poetas românticos eram OBCECADOS por imagens que, figurando a distância, expressavam com ela a gososa inatingibilidade de um ideal.
  • Eu tenho uma dúvida... A palavra haja no item B, também não estaria errada? Não seria aja?
  • Na minha opinião a expressão HAJA  está correta.

    A abstenÇão da proximidade de alguém não impede, segundo o cronista, que nossa afetividade aflore e haja (VERBO HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR) para promover uma aproximação.

    Portanto, não é aja de agir.

  • seria AJA conjugação do verbo agir, porque possui significado de agir e não existir.

    ...que nossa afetividade aflore e aja (atue) para promover uma aproximação.
  • a) V
    b)F- A abstenção da proximidade de alguém não impede, segundo o cronista,que nossa afetividade aflore e haja para promover uma aproximação.
     c) F - Nenhuma distância dilui o afeto, pelo contrário: o reconhecimento da amada longeva a avizinha-a de nós, fá-la mais próxima que nunca.
    d) F- O cronista ratifica o que diz um velho provérbio: a distância que os olhos acusam não exclui a proximidade que o nosso coração promove.
    e) F- Os poetas românticos eram obcecados por imagens que, figurando a distância, expressavam com ela a gasosa inatingibilidade de um ideal.


  • Complementando.....

    O sistema ortográfico em português é misto, ou seja, algumas palavras são grafadas de acordo com o critério fonético - a pronúncia -, enquanto outras são escritas com base na etimologia. Obsessão, obcecar e obcecado são exemplos de palavras que seguem o critério etimológico, pois obedecem à grafia latina, de onde provieram. Ocorre que obcecado e obsessão não têm a mesma origem, ou seja, não provêm da mesma raiz latina, diferentemente de obcecar e obcecado. Esse último termo provém do latim obcaecatus, particípio de obcaecare, que significa "cegar, tornar cego". Já a palavra obsessão também vem do latim, mas de obsessione, cujo sentido original é "assédio, cerco, bloqueio". Em síntese, obcecado e obsessão têm origens diversas, daí as grafias diferentes. Outras palavras da língua portuguesa costumam despertar esse mesmo tipo de dúvida, como acender (atear fogo) e ascender (subir). A primeira provém do latim accendere, e a segunda, do latim ascendere. As duas têm exatamente a mesma pronúncia, mas são escritas de modo diferente porque a raiz delas não é a mesma. A melhor maneira de ter certeza sobre a grafia correta de uma palavra, então, é a consulta a um bom dicionário, em que se encontra também a origem dela. 
  • importante destacar que a grafia correta do substantico é: obsessão
    já a grafia correta do adjetivo é: obcecado
    pesquisando, a explicação se dá por que a origem de tais palavras são diferentes, o que comumente não se percebe. 
  • Letra A - GABARITO

    Letra B - errada. AbstenÇão (não é abstenSão). Macete > abster, reter, conter, etc: usa-se Ç

    Letra C - errrada. AviZinha (de vizinhança) e não aviSinha.

    Letra D - errada. É exclui e não exclue. Macete> verbos terminados em uir, a palavra termina com i.

    Letra E - errada. É obCecado e não obSecado.

  • a)É prazeroso o reconhecimento de uma pessoa que, surgindo longínqua, parece então mais próxima que nunca - paradoxo pleno de poesia.

     b)A abstensão da proximidade de alguém não impede, segundo o cronista, que nossa afetividade aflore e haja para promover uma aproximação. ABSTENÇÃO

     c)Nenhuma distância dilui o afeto, pelo contrário: o reconhecimento da amada longeva avisinha-a de nós, fá-la mais próxima que nunca. AVIZINHA

     d)O cronista ratifica o que diz um velho provérbio: a distância que os olhos acusam não exclue a proximidade que o nosso coração promove. EXCLUI a fcc gosta hehehe

     e)Os poetas românticos eram obsecados por imagens que, figurando a distância, expressavam com ela a gososa inatingibilidade de um ideal. OBCECADOS