SóProvas


ID
1348276
Banca
FGV
Órgão
COMPESA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Eu e ele

No vertiginoso mundo dos computadores o meu, que devo ter há uns quatro ou cinco anos, já pode ser definido como uma carroça. Nosso convívio não tem sido muito confortável. Ele produz um texto limpo, e é só o que lhe peço. Desde que literalmente metíamos a mão no barro e depois gravávamos nossos símbolos primitivos com cunhas em tabletes até as laudas arrancadas da máquina de escrever para serem revisadas com esferográfica, não havia processo de escrever que não deixasse vestígio nos dedos. Nem o abnegado monge copiando escrituras na sua cela asséptica estava livre do tinteiro virado. Agora, não. Damos ordens ao computador, que faz o trabalho sujo por nós. Deixamos de ser trabalhadores braçais e viramos gerentes de texto. Ficamos pós-industriais. Com os dedos limpos.

Mas com um custo. Nosso trabalho ficou menos respeitável. O que ganhamos em asseio perdemos em autoridade. A um computador não se olha de cima, como se olhava uma máquina de escrever. Ele nos olha na cara. Tela no olho. A máquina de escrever fazia o que você queria, mesmo que fosse a tapa. Já o computador impõe certas regras. Se erramos, ele nos avisa. Não diz “Burro!”, mas está implícito na sua correção. Ele é mais inteligente do que você. Sabe mais coisas, e está subentendido que você jamais aproveitará metade do que ele sabe. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando estiver sendo programado por um igual. Isto é, outro computador. A máquina de escrever podia ter recursos que você também nunca usaria (abandonei a minha sem saber para o que servia “tabulador”, por exemplo), mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguenta os humanos por falta de coisa melhor, no momento.

Eu e o computador jamais seríamos íntimos. Nosso relacionamento é puramente profissional. Mesmo porque, acho que ele não se rebaixaria ao ponto de ser meu amigo. E seu ar de reprovação cresce. Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal e ele perguntou: “Tem certeza?”

(Luís Fernando Veríssimo)

“pedi para ele enviar esta crônica para o jornal”

Assinale a opção que indica a forma de reescrever-se essa frase que altera o seu sentido original.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: E


    Com correção, a frase ficaria assim: Pedi para ele que enviasse esta crônica para o jornal. 

  • Questão mal formulada, pois todas as opções têm o mesmo sentido.

    Era para ser anulada.


  • Segundo o gabarito oficial definitivo, a única forma de reescritura que altera o sentido da frase original é a do item (E):

      “Agora mesmo, pedi para ele enviar esta crônica para o jornal.”  (original)

       Agora mesmo, pedi para ele que envie esta crônica para o jornal.  (item E)

    Isso ocorre porque, na frase original, o pedido de envio da crônica se situa no passado, em um momento anterior ao momento em que se fala, haja vista a forma verbal “pedi” e a expressão “Agora mesmo”.

    Já na reescritura apontada pelo gabarito, o pedido também se situa no passado – pedi. Entretanto, a ação de enviar a crônica é deslocada para o presente, estende-se ao momento em que se fala – que envie. esta crônica Daí, a alteração de sentido.

    Nas outras quatro opções, basta observar que todas as formas verbais empregadas pertencem ao passado:

    (A) Pedi-lhe que enviasse esta crônica para o jornal.

    (B) Pedi a ele que enviasse esta crônica para o jornal.

    (C) Pedi-lhe o envio desta crônica para o jornal.

    (D) Pedi a ele o envio desta crônica para o jornal.

  • E

    Pedi para ele que envie (presente subjuntivo:errado) esta crônica para o jornal.

    certo: que enviasse, pret. imperfeito subjuntivo

  • Era só observar letra A e B idênticas. Letra C e D idênticas. SObre letra E