SóProvas


ID
1378825
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Colégio Pedro II
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1904.

Meu caro Nabuco,

Tão longe, e em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou eu só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia a ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui me fco por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo lembra-me a minha meiga Carolina.

Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará.
Não posso, caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe.
Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. Aceite este abraço do triste amigo velho

Machado de Assis

Adaptado de http://bagagemclandestina.blogspot.com.br/2008/08/meu- caro-nabuco.html

A linguagem utilizada no texto é

Alternativas
Comentários
  • No texto há traços de linguagem informal em vários parágrafos.

    Alguém saberia explicar porque é predominantemente formal?

  • Sim, Matheus.
    Basta olhar o autor da carta: Machado de Assis kkkkk
    Você deveria expor o que viu de informal para nós tentarmos te ajudar...

  • Matheus W., também não concordo com o gabarito. A carta é de um amigo para outro e trata de um assunto íntimo (a morte da esposa do remetente), permitindo o pronome de tratamento mais coloquial como "você" e vocativos íntimos como "caro amigo". Mas acho que a banca valeu-se apenas do prestígio do autor. O que é preocupante por ignorar que, à época, ainda não havia uma gramática normativa do Português brasileiro, resultando em erro de colocação pronominal mesmo o autor sendo Machado de Assis. Note que ele usa o pronome oblíquo "lhe" para referir-se a seu interlocutor, quando sabemos que tal pronome refere-se à 3ª pessoa do singular.

  • Apesar de também não concordar com o gabarito, a opção dada como correta diz "predominantemente formal.", logo, a mesma não diz que a carta é TOTALMENTE formal, e sim que é em sua maioria formal, porém admitindo-se em alguns pontos a informalidade/coloquialismo.

  • Embora seja uma carta pessoal, a linguagem que predomina é a FORMAL em relação a gramatica e a forma como foi redigida!

  • Vejo muita gente errando questões e colocando a culpa no gabarito. Pessoal, o texto está pedindo o que predomina e o que predomina, sem sombra de dúvidas, é a formalidade.

    Mudando de assunto...Que carta, hein? Muito show!

  • gabarito (E)

    predominantemente coloquial.  tambem pode -se chamar de informal ou popular. E A LINGUAGEM DO COTIDIANO DAS PESSOAS.. no caso do texto esta escrito na norma culta. uma linguagem clara!

    predominantemente jornalística. nao tem nada de jornalismo ai. esse texto é pessoal/sentimental

    mistura proporcionalmente linguagem coloquial e formal.. no caso do texto é so formal. 

    predominantemente argumentativa. no texto nao esta argumentando nada

  • Deu foi vontade de chorar :'(

     

    Gabarito letra E). Predominantemente formal, percebe-se facilmente o uso da norma culta.

  • Simples... Tu achas que o Machado de Assis faria uma texto informal kkkkk

  • O que era coloquial em 1904 poder-se-ia considerar formal em 2013... A língua sofre alterações significativas com o tempo... Questão repleta de subjetividade... De qualquer forma, não poderia mesmo esperar nada diferente dessa "gentalha"... "gentalha, gentalha: prrrrrrrrrr!" LIXO DE QUESTÃO

  • Que carta! Tadinho do Machado...

    GAB. E, texto predominantemente formal, apesar de ser dirigido a um amigo, não se nota excesso de coloquialidade, ao contrário.

  • Só por ser uma carta a um amigo, não quer dizer que é necessriamente coloquial. Ao ler só a pergunta, até risquei a letra E das possibilidades nesse raciocínio rápido, mas ao ler o texto, dá para ver claramente a formalidade na carta.

    E ele até pode ter usado o pronome "você", mas fez a concordância direitinho, usando o "lhe" que igualmente é da terceira pessoa, é Machado de Assis né gente?

    Fora isso não vi presença de gírias ou palavras que só se usariam no popular, fiquei desconfiada de "enfadonha" e "acabrunhado", mas ainda acredito que já fazia parte do português oficial da época.

  • Se alguém marcou que Machado de Assis escreveria um texto predominantemente "informal" ou "coloquial" merece uma surra. rs

  • A culpa é sempre da banca, nunca da interpretação do candidato.

    Pessoal chorão demais!

  • Que texto triste!!! a pessoa já tá lascada na hora da prova ai lê um texto desse e pensa: "Pronto, me lasquei!"

  • Imagine se MACHADO DE ASSIS iria escrever um texto coloquial, AINDA QUE fosse uma carta a um amigo.

    É preciso também utilizar nosso conhecimento de mundo, pessoal.