SóProvas


ID
1385605
Banca
FDC
Órgão
AGERIO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O futebol de hoje, sob o puro aspecto quantitativo, deixa o de ontem longe. É acompanhado por multidões incalculáveis. Tem a televisão a seu serviço, essa máquina de criar fenômenos avassaladores. Movimenta interesses e quantias estratosféricas. Até no Japão e na Coreia - quem imaginaria? - é popular. Uma Copa do Mundo, nos dias que correm, é evento planetário como nenhum outro. Já sob o ponto de vista da qualidade da relação com o torcedor, o futebol atual perde. Havia um vínculo afetivo entre o craque e o clube, o craque e o torcedor e o torcedor e o clube, que foi comprometido. Atentemos, para ter ideia precisa do que se está tentando dizer, em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje.

A primeira diz respeito ao uniforme. Antes, os times apresentavam-se sempre com o mesmo. Vá lá: não era sempre, era quase sempre. Havia ocasiões - uma em cada dez, não mais que isso - em que era preciso trocar de uniforme, pois o do adversário era parecido. Trocava-se então pelo uniforme reserva, que por sua vez era sempre o mesmo, o único e mesmo uniforme reserva. Hoje, o que acontece? O mesmo time pode aparecer com a camisa branca num jogo, listrada no seguinte, cinza no terceiro jogo e com bolinhas e rendas no quarto, isso quando o time alvinegro não se traveste de vermelho, o rubro-negro de verde e o tricolor de um único e inteiriço amarelo. Vale tudo, em favor do contraste que a televisão julgar mais conveniente para a transmissão. 

A segunda diferença é que os times, antes, permaneciam com as mesmas escalações por anos a fio. Podia haver uma modificação pontual aqui e ali, mas no geral, na base, no núcleo duro, a escalação permanecia a mesma. Pode o jovem leitor imaginar uma coisa dessas? Era um tempo de estabilidade e permanência. Os craques ficavam longamente, muitas vezes a vida inteira, nos mesmos clubes. Em consequência, acabavam se identificando com eles. Não se precisa ir muito longe: isso acontecia ainda nos anos 80. Zico era do Flamengo. Zico era o Flamengo. Roberto Dinamite era do Vasco. Um pouco mais para trás, Ademir da Guia, chamado o Divino, a quem João Cabral de Melo Neto dedicou um poema que lhe descrevia o estilo melhor do que qualquer comentarista esportivo (“Ademir impõe com seu jogo / o ritmo de chumbo (e o peso) / da lesma, da câmara lenta, / do homem dentro do pesadelo”) era do Palmeiras. Era o Palmeiras. E Pelé naturalmente era do Santos, assim como Garrincha era do Botafogo, apesar das peregrinações por outros clubes impostas pelas humilhações de fim de carreira. 

Hoje, o que se vê? Tomem-se os craques da seleção, os Edilsons e Luizões da vida. Em que time jogam? Mais adequado seria perguntar: em que time estão jogando neste momento, 3 da tarde? E em qual estarão às 4? Se há tanta inconstância, não há como firmar vínculo com os clubes. Portanto, não há como firmar vínculo com o torcedor. Como resultado, eis-nos introduzidos a um futebol sem heróis. Ademir da Guia tem uma estátua na sede do Palmeiras. Já Romário, quem o homenageará? Nestes últimos anos, ele jogou no Vasco e em seu contrário, o Flamengo. Tanto para os torcedores de um clube como do outro, ele é em parte herói e em parte traidor. 

(TOLEDO, Roberto Pompeu de. Rev. Veja, 10 / 04 / 002, p. 110.) 

“Havia um vínculo afetivo entre o craque e o clube, o craque e o torcedor e o torcedor e o clube, que foi comprometido. Atentemos, para ter ideia precisa do que se está tentando dizer, em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje.”

Em relação ao fragmento, a resposta correta encontra-se na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • RESPOSTA C 

    A)ERRADA, o verbo "Haver" no sentido de "Existir  ou tempo  decorrido" faz  com que a oração não tenha sujeito, ou seja, sujeito inexistente, o que significa que o verbo haver não apresenta um sujeito promovendo a ação verbal.O sujeito indeterminado ocorre quando se tem o sujeito, porém, na oração não é possível determina-lo, dizer quem ele é. Quando "haver" está no sentido de "Existir" é impessoal e um verbo transitivo direto, que pede um objeto direto no caso: um vínculo afetivo entre o craque e o clube.


    B)A oração subordinada substantiva é iniciada pelas conjunções que e se, que podem ser substituído por isso, no caso da oração: "que foi comprometido"; temos um pronome relativo que pode ser substituído por "o qual" e está iniciando uma oração subordinada adjetiva.



    C)Correto , o "que " é um pronome relativo que pode ser substituído por "o qual", possuí função sintática de  sujeito pois pode ser substituído pelo sujeito: "que foi comprometido", o que foi comprometido? O vínculo afetivo. Então: O vínculo afetivo foi comprometido.



    d)Um período pode ser simples, quando possui apenas uma oração, ou composto, com duas ou mais orações. A oração é uma frase verbal, se núcleo é o verbo.No caso: "Atentemos, para ter ideia precisa do que se está tentando dizer, em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje.” Na ordem direta ficaria: Nos Atentemos em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje  /para ter ideia precisa /do que se está tentando dizer. Então temos pelo menos 3 orações.


    e) No trecho selecionado não há oração absoluta, a oração absoluta é quando apresente só um verbo ou locução verbal.

  • Gosto de fazer a análise sintática do QUE isolando-o e construindo uma nova oração com o termo antecedente de modo que faça sentido, assim, a função que o termo antecedente tiver será a mesma que o QUE, logo: 

    "Foi comprometido um vínculo afetivo entre o craque e o clube, o craque e o torcedor e o torcedor e o clube" 

    O que foi comprometido? Um vínculo afetivo entre....(sujeito)

    Portanto, o pronome relativo QUE, possuí uma função sintática de sujeito na segunda oração. 

  • Alternativa correta:

    c) o “que” é um pronome relativo e exerce a função sintática de sujeito e retoma a expressão “vínculo afetivo”; 

    ...E lembrem-se: oração absoluta é aquela que é única, não possui conexões com outras orações.

  • Gabarito C

    Período contém verbos(orações) e vai até o pontuação (. ! ?).
    e) Não há oração absoluta nos períodos, uma vez que têm mais de um verbo/oração cada.
    d) São 3 verbos/orações: "Atentemos", "ter" e "estar".
    b) Para ser oração Subordinada substantiva deve ter uma função sintática.  Neste caso faça o teste troque por "isso / isto" se substituir é Substantiva.
    a) O sujeito é inexistente, já que o verbo haver está com o sentido de existir tornando a oração impessoal. 
  • Nao entendi, pois se o verbo haver no sentido de existir nao ocorre sujeito, como que o pronome (que) faz o papel de retomar o sujeito...ALGUEM ME EXPLICA PVF.

  • A alternativa descreve CORRETAMENTE que o Pronome Relativo "...que..."(=o qual) retoma a expressão "...vínculo afetivo..." e esse exercer a função de sujeito na 2ª oração. Na 1ª oração, a expressão "...vínculo afetivo..." exercer função de Objeto Direto, já que o verbo Haver(sentido de existência ou ocorrência) é impessoal. 

    OBS: Cada oração é separada por um verbo ou uma locução verbal. Período, resumidamente é quando começa com letra maiúscula e termina no ponto final, portando no primeiro período da questão possui  duas orações.

  • gabarito  c

    Um vínculo efetivo, não é sujeito do verbo haver ( pois este no sentido de existir é impessoal ) ele é sujeito da locução verbal " foi comprometido".

  • O verbo haver (no sentido de existir) não tem sujeito, mas tem complemento verbal.


    HAVIA: verbo transitivo direto - VTD

    UM VÍNCULO AFETIVO: OD, porque não tem preposição entre o verbo e o complemento verbal

    QUE: pronome relativo, pois retoma "um vínculo afetivo" (lembrar que pronome relativo introduz oração subordinada adjetiva) e exerce função sintática de sujeito da locução verbal

    FOI COMPROMETIDO: locução verbal (= Verbo Auxiliar flexionado + Verbo Principal no Infinitivo, Gerúndio ou Particípio, ambos com o mesmo sujeito)

  • pra mim, na verdade é "um vinculo afetivo" e não "vinculo afetivo".

  • Aline, o pronome relativo "que" é o sujeito da oração "foi comprometido".

  • a) errada - o sujeito da primeira oração do primeiro período é inexistente e não indeterminado

    b) errada - comprometido caracteriza vinculo, então o que realmente é pronome relativo porém inicia uma oração adjetiva explicativa

    c) correta

    d)errada-  são 3 orações e não duas

    e)errada-  não há oração absoluta, o qual seria um período com apenas uma oração. No questão há dois períodos o primeiro com 2 orações e o segundo com 3.

  • Aline, a Rita está certa. O pronome relativo retorna um elemento que, na frase onde se encontra assume uma função sintática diferente.

    Marcelo: concordo plenamente. A questão deveria ser anulada pois o SUJEITO é "um vínculo afetivo". 

  • Cabe recurso, pois não identifica quais dos 2 "que".. se identificasse claramente o primeiro "que" ai sim..

  • quando há o verbo haver o sujeito é inexistente---- O pronome relativo só introduz oração subordinada adjetiva---- com um verbo, já existe uma oração após ele. Com esse conceitos dá pra matar a questão.