SóProvas


ID
1387858
Banca
FCC
Órgão
TCE-GO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Não surpreende que, em todo lugar, esteja em curso uma corrosão do sono, dada a dimensão do que está economicamente em jogo.

Já em meados do século XVII, a incompatibilidade do sono com noções modernas de produtividade passou a ser notada. Descartes, Hume e Locke foram apenas alguns dos filósofos que apontavam para a sua irrelevância na busca do conhecimento.

Última das “barreiras naturais", para usar a expressão de Marx, à completa realização do capitalismo "24 horas", o sono não pode ser eliminado. Mas pode ser arruinado e despojado, e existem métodos e motivações para destruí-lo.

Pesquisas recentes mostram que cresce exponencialmente o número de pessoas que acordam uma ou mais vezes durante a noite para verificar mensagens ou informações. Uma figura de linguagem recorrente e aparentemente inócua é o sleep mode [modo de hibernação], inspirada nas máquinas. A ideia de um aparelho em modo de consumo reduzido e de prontidão transforma o sentido mais amplo do sono em mera condição adiada ou diminuída de operacionalidade.

O dano ao sono é inseparável do atual desmantelamento da proteção social em outras esferas. Estado mais privado e vulnerável de todos, o sono depende crucialmente da sociedade para se sustentar. Um dos exemplos vívidos da insegurança do estado de natureza no Leviatã de Thomas Hobbes é a vulnerabilidade de um indivíduo adormecido diante dos inúmeros perigos de cada noite. Assim, uma obrigação rudimentar dos membros da comunidade é oferecer segurança para os que dormem, não apenas contra perigos reais, mas - igualmente importante - contra a ansiedade e temores que geram.

Diversos pressupostos fundamentais a respeito da coesão das relações sociais se aglutinam em torno da questão do sono - na reciprocidade entre vulnerabilidade e confiança, entre exposição e proteção.

(Adaptado de: Revista Piauí. Ed. 96, 09/14)

Depreende-se corretamente do texto:

Alternativas
Comentários
  • Gab. E

    a) Pesquisas recentes que mostraram o ''sleep mode'', não a proposição de Thomas Hobbes
    b) não é o autor que constata e sim os filósofos e as pesquisas
    c) não se contradiz, pelo contrário, a figura de linguagem representa a idéia...
    d) O sono não é irrelevante.
    e) fundamento: Assim, uma obrigação rudimentar dos membros da comunidade é oferecer segurança para os que dormem, não apenas contra perigos reais, mas - igualmente importante - contra a ansiedade e temores que geram.

    Bons estudos!

  • Dada a resposta E) A proteção e guarda de outros membros da sociedade é fundamental para que o indivíduo possa entregar-se ao sono, livre de preocupações e temores reais e imaginários.

    Será que o autor inferiu temores imaginários deste trecho: "Assim, uma obrigação rudimentar dos membros da comunidade é oferecer segurança para os que dormem, não apenas contra perigos reais, mas - igualmente importante - contra a ansiedade e temores que geram" Um guarda vai me livrar da ansiedade e temores imaginários????

  • o que eu entendi é que o texto fala em oferecer segurança ao membros da sociedade que dormem

    e no Item E dá entender que se proteger outros membros da sociedade, os que dormem podem ficar tranquilos


    achei confusa essa


  • Também achei confuso...

  • Não tenho dúvidas que a letra E está certa. Entretanto, Marx considera o sono uma "barreira natural" ao capitalismo 24 horas. Isso não quer dizer que o sono é irrelevante?

  • Comentário a letra D...

    Marx não corrobora com a ideia dos filósofos porque Marx é contra o capitalismo que deseja pessoas em atividade 24  horas por dia. Ao contrário dos pensadores que acredita que o sono é irrelevante. Quem corrobora é o capitalismo e não Marx.

    Marx corrobora a ideia dos filósofos citados, segundo a qual o sono, um obstáculo natural ao desenvolvimento pleno da sociedade capitalista "24 horas", é irrelevante.

    Descartes, Hume e Locke foram apenas alguns dos filósofos que apontavam para a sua irrelevância na busca do conhecimento. 

    Última das “barreiras naturais", para usar a expressão de Marx, à completa realização do capitalismo "24 horas", o sono não pode ser eliminado.