- ID
- 1387861
- Banca
- FCC
- Órgão
- TCE-GO
- Ano
- 2014
- Provas
-
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Administrativa
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Contabilidade
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Gestão de Conhecimento
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Gestão de Pessoas
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Jurídica
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Orçamento e Finanças
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Planejamento e Desenvolvimento Organizacional
- FCC - 2014 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Tecnologia da Informação
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Não surpreende que, em todo lugar, esteja em curso uma corrosão do sono, dada a dimensão do que está economicamente em jogo.
Já em meados do século XVII, a incompatibilidade do sono com noções modernas de produtividade passou a ser notada. Descartes, Hume e Locke foram apenas alguns dos filósofos que apontavam para a sua irrelevância na busca do conhecimento.
Última das “barreiras naturais", para usar a expressão de Marx, à completa realização do capitalismo "24 horas", o sono não pode ser eliminado. Mas pode ser arruinado e despojado, e existem métodos e motivações para destruí-lo.
Pesquisas recentes mostram que cresce exponencialmente o número de pessoas que acordam uma ou mais vezes durante a noite para verificar mensagens ou informações. Uma figura de linguagem recorrente e aparentemente inócua é o sleep mode [modo de hibernação], inspirada nas máquinas. A ideia de um aparelho em modo de consumo reduzido e de prontidão transforma o sentido mais amplo do sono em mera condição adiada ou diminuída de operacionalidade.
O dano ao sono é inseparável do atual desmantelamento da proteção social em outras esferas. Estado mais privado e vulnerável de todos, o sono depende crucialmente da sociedade para se sustentar. Um dos exemplos vívidos da insegurança do estado de natureza no Leviatã de Thomas Hobbes é a vulnerabilidade de um indivíduo adormecido diante dos inúmeros perigos de cada noite. Assim, uma obrigação rudimentar dos membros da comunidade é oferecer segurança para os que dormem, não apenas contra perigos reais, mas - igualmente importante - contra a ansiedade e temores que geram.
Diversos pressupostos fundamentais a respeito da coesão das relações sociais se aglutinam em torno da questão do sono - na reciprocidade entre vulnerabilidade e confiança, entre exposição e proteção.
(Adaptado de: Revista Piauí. Ed. 96, 09/14)
O termo cujo sentido no contexto reflete o ponto de vista do autor do texto é: