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ID
1392097
Banca
FCC
Órgão
Câmara Municipal de São Paulo - SP
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                       Celebridades

    Todos sabemos qual é a atividade de um médico, de um engenheiro, de um publicitário, de um torneiro mecânico, de um porteiro. Mas o que faz, exatamente, uma celebridade - além de ser célebre? Vejam que não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce; falo das celebridades que estão acima de um talento específico e se tornaram célebres ninguém sabe exatamente por quê.

    Ilustro isso com um caso contado pelo poeta Ferreira Gullar. Andando numa rua do Rio de Janeiro, com sua inconfundível figura - magérrimo, rosto comprido e longos cabelos prateados - foi avistado por um indivíduo embriagado que deve tê-lo reconhecido da televisão, onde sempre aparece, que lhe gritou da outra calçada: - Ferreira Gullar! Sujeito famoso que eu não sei quem é!

    Aqui, a celebração não era do poeta ou de sua obra: era o reconhecimento de uma celebridade pela celebridade que é, e ponto final. Isso faz pensar em quanto o poder da mídia é capaz de criar deuses sem qualquer poder divino, astros fulgurantes sem o brilho de uma sólida justificativa. E as consequências são conhecidas: uma vez elevada a seu posto, a celebridade passa a ser ouvida, a ter influência, a exercitar esse difuso poder de um “formador de opinião”. Cobra-se da celebridade a lucidez que não tem, atribui-se-lhe um nível de informação que nunca alcançou, conta-se com um descortino crítico que lhe falta em sentido absoluto. Revistas especializam-se nelas, fotografam- nas de todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto.

    À falta de algum mérito real, as oportunidades da sorte ou da malícia bem-sucedida acabam por presentear pessoas vazias com o cetro e a coroa de uma realeza artificial. Mas um artifício bem administrado, sabemos disso, pode ganhar o aspecto de uma qualidade natural. O que se espera é que sempre haja quem não confunda um manequim vazio com uma cabeça com cérebro dentro.

                                                                                                                     (Diógenes Lampeiro, inédito)

Atente para as seguintes afirmações:

I. Para dar força à sua tese, o autor do texto não contempla em nenhum momento a possibilidade de alguém ser celebrado pelo fato de demonstrar competência em alguma atividade específica.

II. Ao estabelecer, no 3o parágrafo, uma conexão entre o culto das celebridades e o poder da mídia, o autor admite que essa conexão constitui uma rela- ção de causa e efeito.

III. Depreende-se da leitura do final do 3o parágrafo que a celebração de uma personalidade costuma ser transitória, mas a necessidade da celebração como fenômeno social surge como permanente.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • I. Para dar força à sua tese, o autor do texto não contempla em nenhum momento a possibilidade de alguém ser celebrado pelo fato de demonstrar competência em alguma atividade específica.

    É contrário ao primeiro parágrafo onde o autor diz:  Vejam que não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce; falo das celebridades que estão acima de um talento específico e se tornaram célebres ninguém sabe exatamente por quê.

  • Gabarito: C.

    Análise das assertivas:

    I. Para dar força à sua tese, o autor do texto não contempla em nenhum momento a possibilidade de alguém ser celebrado pelo fato de demonstrar competência em alguma atividade específica. Errado: ao contrário o autor pondera que há sim celebridades que assim são alçadas a esta posição por sua competência ou capacidade:

    Vejam que não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce (...)


    II. Ao estabelecer, no 3o parágrafo, uma conexão entre o culto das celebridades e o poder da mídia, o autor admite que essa conexão constitui uma relação de causa e efeito. Certo: a mídia cria a celebridade (causa), que passa a ser, inclusive," formador de opinião" (efeito). Infelizmente, pessoas que, não raras vezes são tão pouco conhecidas e valorizadas, investem suas vidas para cuidar de outras; contudo, continuam anônimas. Sim, esses anônimos são os excelentes!

    Isso faz pensar em quanto o poder da mídia é capaz de criar deuses sem qualquer poder divino (...) . E as consequências são conhecidas: uma vez elevada a seu posto, a celebridade passa a ser ouvida, a ter influência, a exercitar esse difuso poder de um “formador de opinião”.


    III. Depreende-se da leitura do final do 3o parágrafo que a celebração de uma personalidade costuma ser transitória, mas a necessidade da celebração como fenômeno social surge como permanente. Certo: a mídia, de certa forma, se beneficia dos dividendos desta prática e, claro, costuma ser eficiente na substituição de celebridades.


    Revistas especializam-se nelas, fotografam- nas de todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto. 

    Bons estudos!

  • matei essa questao olhando o final do paragrafo 3:


    . Revistas especializam-se nelas, fotografam- nas de todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto. 


    nao desistam

  • I -> " Todos sabemos qual é a atividade de um médico, de um engenheiro, de um publicitário, de um torneiro mecânico, de um porteiro. Mas o que faz, exatamente, uma celebridade - além de ser célebre? Vejam que não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce; falo das celebridades que estão acima de um talento específico e se tornaram célebres ninguém sabe exatamente por quê."


    II ->     "Aqui, a celebração não era do poeta ou de sua obra: era o reconhecimento de uma celebridade pela celebridade que é, e ponto final. Isso faz pensar em quanto o poder da mídia é capaz de criar deuses sem qualquer poder divino, astros fulgurantes sem o brilho de uma sólida justificativa."



    III -> " Revistas especializam-se nelas, fotografam- nas de todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto."


    GABARITO -> [C]