Para complementar a informação da colega Genoclécia, a resposta da questão encontra-se precisamente na p.22 do livro do CFESS - Atuação de Assistentes Sociais no sociojurídico - subsídios para reflexão.
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Esse conjunto de mediações encerra uma contradição fundamental nessas instituições em que se situa o exercício profissional de assistentes sociais, que, conforme resgata Silva (2010), atuam:
[...] num campo de extrema tensão entre duas requisições: manter a ordem social – por meio de instrumentos e práticas de coerção e controle que integram a natureza e as funções precípuas das instituições empregadoras – e garantir direitos (p. 150, Grifos da autora).
Tal realidade desafia a categoria, demonstrando que, fora do cerne do projeto ético-político profissional, o serviço social tende a ser identificado com o tecnicismo ou intervenção recheada de ‘cientificidade’ na compreensão da realidade. Tal contexto é determinado por uma ‘força institucional’ com raízes na autoridade constituída, que nos revela a existência
[...] de investimento em modelos autoritários e conservadores de práticas para disciplinar as relações cotidianas, no interior do privilegiamento do Estado penal em detrimento do Estado social. Ou, na judicialização dos conflitos familiares, no excessivo poder dado e solicitado ao Estado em relação à guarda de filhos, como é o caso, em detrimento de programas e ações que favoreçam o diálogo entre a família, sua escuta atenta, respeitando direitos de todos os envolvidos, num trabalho interdisciplinar que evite a fragmentação da realidade vivida pelos sujeitos e o recurso ao Judiciário para enquadrar e/ou simplificar a realidade, por meio de avaliações realizadas com base num modelo ou num guia para avaliação de famílias em disputa pela guarda dos filhos. (FÁVERO, 2010, p. 8-9).
Nesse contexto, urge a defesa intransigente dos direitos, pela via da radicalidade analítica, que permite conjugar a instrumentação com princípios éticos e políticos, que não reproduzam a sociabilidade da exploração e, portanto, a complexidade em que se inserem os indivíduos em suas relações sociais alienadas e reificadas."