SóProvas


ID
1422409
Banca
AOCP
Órgão
Prefeitura de Camaçari - BA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Falência múltipla
                                                                        Lya Luft


      Um jornalista comentou recentemente num programa de televisão que pediu a um médico seu amigo um diagnóstico do que está ocorrendo no Brasil: infecção, virose? A resposta foi perfeita: “Falência múltipla dos órgãos”.
      Nada mais acertado. Há quase dez anos realizo aqui na coluna minhas passeatas: estas páginas são minha avenida, as palavras são cartazes. Falo em relações humanas e seus dramas, porém mais frequentemente nas coisas inaceitáveis na nossa vida pública. Esgotei a paciência dos leitores reclamando da péssima educação — milhares de alunos sem escola ou abrigados em galpões e salinhas de fundo de igrejas, para chegarem aos 9, 10 anos sem saber ler nem escrever.
      Professores desesperados tentando ensinar sem material básico, sem estrutura, salários vergonhosos, estímulo nenhum. Universidades cujo nível é seguidamente baixado: em lugar de darem boas escolas a todas as crianças e jovens para que possam entrar em excelentes universidades por mérito e esforço, oferecem-lhes favorecimentos prejudiciais.
      Tenho clamado contra o horror da saúde pública, mulheres parindo e velhos morrendo em colchonetes no corredor, consultas para doenças graves marcadas para vários meses depois, médicos exaustos trabalhando além dos seus limites, tentando salvar vidas e confortar os pacientes, sem condições mínimas de higiene, sem aparelhamento e com salário humilhante.
      Em lugar de importarmos não sei quantos mil médicos estrangeiros, quem sabe vamos ser sensatos e oferecer condições e salários decentes aos médicos brasileiros que querem cuidar de nós?
      Tenho reclamado das condições de transporte, como no recente artigo “Três senhoras sentadas”: transporte caro para o calamitoso serviço oferecido. “Nos tratam como animais”, reclamou um usuário já idoso. A segurança inexiste, somos mortos ao acaso em nossas ruas, e se procuramos não sair de casa à noite somos fuzilados por um bando na frente de casa às 10 da manhã.
      E, quando nossa tolerância ou resignação chegou ao limite, brota essa onda humana de busca de dignidade para todos. Não se trata apenas de centavos em passagens, mas de respeito.
      As vozes dizem NÃO: não aos ônibus sujos e estragados, impontuais, motoristas sobrecarregados; não às escolas fechadas ou em ruínas; não aos professores e médicos impotentes, estradas intransitáveis, medo dentro e fora de casa. Não a um ensino em que a palavra “excelência” chega a parecer abuso ou ironia. Não ao mercado persa de favores e cargos em que transformam nossa política, não aos corruptos às vezes condenados ocupando altos cargos, não ao absurdo número de partidos confusos.
      As reclamações da multidão nas ruas são tão variadas quanto nossas mazelas: por onde começar? Talvez pelo prático, e imediato, sem planos mirabolantes. Algo há de se poder fazer: não creio que políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos, por mais que estivessem alienados em torres de marfim.
      Infelizmente todo movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos: que isso não nos prejudique nem invalide nossas reivindicações.
      Não sei como isso vai acabar: espero que transformando o Brasil num lugar melhor para viver. Quase com atraso, a voz das ruas quer lisura, ética, ações, cumprimento de deveres, realização dos mais básicos conceitos de decência e responsabilidade cívica, que andavam trocados por ganância monetária ou ânsia eleitoreira.
      Que sobrevenham ordem e paz. Que depois desse chamado à consciência de quem lidera e governa não se absolvam os mensaleiros, não se deixem pessoas medíocres ou de ética duvidosa em altos cargos, acabem as gigantescas negociatas meio secretas, e se apliquem decentemente somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.
      Sou totalmente contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua tolerância, percebeu que tem poder, não quer mais ser enganado e explorado: que não se destrua nada, mas se abram horizontes reais de melhoria e contentamento.

                                                                              http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/lya-luft/


A expressão destacada que é empregada para modificar todo o conteúdo expresso no fragmento se encontra na alternativa

Alternativas
Comentários
  • Não entendi a questão. Alguém pode me explicar?

     :(

  • Não entendi a questão também não.

  • Nem eu :(


  • A questão quer saber qual palavra destacada, se retirada, mudará todo o conteúdo expresso no fragmento.

    Nesse caso, a alternativa d está correta, pois se retirarmos "infelizmente", o sentido do texto será totalmente diferente.

    Outras alternativas:

    A) Sou "totalmente" contrária.. ou sou contrária.. pouco modifica o sentido do fragmento.

    B) Um jornalista comentou "recentemente" num programa.. ou um jornalista comentou num programa.. também pouco modifica o fragmento.

    C) .. porém mais "frequentemente" nas coisas.. ou porém mais nas coisas.. modifica muito pouco o sentido.

    E) Se apliquem "decentemente" somas.. ou se apliquem somas.. também seu sentido é pouco alterado.


  • também não entendi.

  • Muito obrigada pelo relevante comentário cara Loiane, pois eu nem havia conseguido interpretar o que de fato a questão estav pedindo...

  • A expressão destacada que é empregada para modificar todo o conteúdo expresso no fragmento se encontra na alternativa

     a) “Sou contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua tolerância...”

     b) “Um jornalista comentou num programa de televisão que pediu a um médico...”

     c) “Falo em relações humanas e seus dramas, porém mais nas coisas inaceitáveis...”

     d) “Infelizmente todo movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos...”

    Eu troquei infelizmente por felizmente e isso mudou o sentido completo da frase. gabarito D

     e) “...se apliquem  somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.”

  • Eu não consegui ver alteração de sentido com retirada da palavra "INFELIZMENTE" na alternativa d.

  • Questão sem lógica. Se mudar infelizmente para felizmente, seja qual for a sentença vai mudar o sentido. Tenha paciência!

  • exemplo:

    infelizmente, minha sogra morreu.

    felizmente, minha sogra morreu.

    muda o sentido, assim como no texto.

  • Dica para não errar mais esse tipo de questao: 

    Os prefixos mudam o sentido da palavra. IN + felizmente.

    Os sufixos mudam a classe gramatical. Total + MENTE. Com o sufixo MENTE a palavra se transforma em advérbio.

    Fonte: Professora Flávia Rita.

  • Não entendi pacas dessa questão

  • Esclarecendo

    Além do verbo, o advérbio também pode modificar adjetivos (você é muito linda), outros advérbios (você dança extremamente mal) e também orações inteiras (Infelizmente, o Brasil não vai bem)

    Analisando todos os itens:

    A) “Sou totalmente contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua tolerância...”

    Perceba que o advérbio "totalmente" modifica apenas o adjetivo "contrária"

    B) “Um jornalista comentou recentemente num programa de televisão que pediu a um médico...”

    Perceba que o advérbio "recentemente" modifica apenas o Verbo "comentou"

    C) “Falo em relações humanas e seus dramas, porém mais frequentemente nas coisas inaceitáveis...”

    Perceba que o advérbio "frequentemente"  modifica apenas o Verbo "Falo"

    D) "Infelizmente todo movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos...”

    Perceba que o advérbio "infezlimente" indica uma opinião sobre o conteúdo daquela oração. Logo esse é o advérbio que modifica a expressão inteira. Caso você alterasse "infezlimente" por "felizmente" a opnião sobre a oração seria outra.

    E) “...se apliquem decentemente somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.”

    Perceba que o advérbio "decentemente"  modifica apenas o Verbo "apliquem"

    Gabarito Letra D

  • É o advérbio que emite opinião sobre uma oração inteira, sem ele o sentido seria outro!

  • Adjunto adsentencial:funciona como um modificador de toda a sentença, não apenas de um elemento.

  • Rodrigo, fiz o teste e não foi kkk

  • Claro né brother, isso foi em 2012 kkk

  • KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

  • essa Banca faz umas questão um pouco confusa.