HISTÓRIA ORIGINAL
Trata-se de uma transferência para o campo da imagem intelectual que descrevia principalmente os feitos, os acontecimentos e as situações que tinham diante de si e de cujo espírito faziam parte. Os mitos, as canções populares e as tradições devem ser excluídas dessa história original, pois eles são ainda mais obscuros e, por isso, apropriados à imaginação de povos de espírito confuso.
Tais historiadores originais traduzem os acontecimentos, feitos e situações que lhes são observáveis em uma obra da imaginação. Por isso, o conteúdo de tais histórias não pode ser de grande abrangência externa. Ele descreve aquilo do que, de certa forma, participa. São épocas breves, criações individuais de pessoas e acontecimentos: são traços irrefletidos, isolados, com os quais ele compõe o seu quadro para apresentá-lo determinado e encarado pela observação à posteridade.
Discursos de povos para povos, ou para povos e príncipes, são partes integrantes da história. Nesses discursos, essas pessoas exprimem as máximas de seu povo e de sua própria personalidade, a consciência de seus relacionamentos políticos, como natureza ética e moral, os princípios de suas metas e atos.
HISTÓRIA REFLETIDA
É a história que ultrapassa o presente em relação ao espírito. Diferenciando-se em tipos distintos: história geral; pragmática; o crítico; e a parcial.
A primeira exige uma visão total da história de um povo ou de um país ou do mundo. Nesse, serão importantes os princípios que o próprio autor retirar do conteúdo e das metas das ações e acontecimentos que ele descreve e do tipo de historia que ele deseja redigir. Uma história desse gênero, que pretende englobar longos períodos ou toda uma história universal, precisa abdicar da apresentação individual da realidade e reduzir-se a abstrações, pois o pensamento é o mais poderoso abreviador.
A segunda, a finalidade desse labor foi muitas vezes o ensino moral e as reflexões morais auferidos pela historia. Somente uma observação metódica, livre e abrangente das situações e do profundo sentido da ideia proporciona autenticidade às reflexões, por isso uma história refletida substitui a outra.
O crítico é o terceiro modo de história refletida. É uma história da história, um julgamento das narrativas históricas e uma investigação de sua verdade e de sua credibilidade. Essa pretensa crítica superior acabou por conferir um caráter de vaidosa fantasia a todos os tipos de produtos sem valor histórico.
O último tipo de história refletida é o que se considera de parcial. Constituindo uma transição para a história universal filosófica, já que assume um ponto de vista. Quando a história refletida consegue alcançar pontos de vista gerais a alma interior dirige os acontecimentos e as ações.
HISTÓRIA FILOSÓFICA
A filosofia da história significa a sua observação refletida. Na história, o pensar está subordinado ao real existente, porém à filosofia são atribuídas ideias próprias, que a especulação produz por si mesma, abordando a história, ela a trata como material, preparando-a para o pensamento, construindo-a a priori.
O único pensamento que a filosofia aporta é a contemplação da historia; é a simples ideia de que a razão governa o mundo e que a história universal é também um processo racional. Mediante o conhecimento especulativo, comprova-se que a razão é em si mesma a matéria infinita de toda forma de vida natural e espiritual, e também a forma infinita a realização de seu próprio conteúdo. A substância é aquilo através do qual e ao qual toda realidade tem o seu ser e sua existência. Ela se nutre de si mesma, realiza ela própria sua finalidade e a faz passar do interior para o exterior.
O estudo da história universal resultou e deve resultar em que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal. Mesmo o historiador mediano e normal, que de certa forma pretende e acredita manter-se compreensível e submisso ao fato, não age de modo passivo no seu pensar, recorrendo às suas categorias e encarando por meio destas os fatos.
Eis agora alguns pontos de vista convictos que a razão reinou e reina no mundo e na historia universal. O primeiro é do grego Anaxágoras, o primeiro a afirmar que a razão rege o mundo, não uma inteligência como razão consciente de si mesma, nem um espírito como tal. Para Sócrates a natureza não era concebida segundo esse princípio, na verdade esse princípio permanecia abstrato.
O mundo não foi abandonado ao acaso e a causas externas aleatórias, mas é regido por uma Providência. Essa característica de Providência chama-se de plano. A ignorância de Anaxágoras no tocante a como a inteligência se manifesta na realidade era ingênua. Na história universal, não podemos nos ater a miudezas da crença na Providência, e menos ainda à crença abstrata e indeterminada, que quer apenas supor que existe uma Providência, mas não para os fatos determinantes da mesma. Predomina agora a negação exatamente disso que foi dito ao espírito é aquele que conduz à verdade e conhece todas as crenças, penetrando o âmago da Divindade.
Junto com toda essa possibilidade de conhecer Deus foi-nos imposto o dever de reconhecê-lo. Ele quer ter filhos cujo espírito próprio é rico por conhecimento. O desenvolvimento do espírito pensante deve elevar-se finalmente até apreendê-lo pelo pensamento, para também abranger com o pensamento. Finalmente já é tempo de compreender essa rica produção da razão criadora que é a história universal.
Se admite-se que a Providência se manifesta em objetos e coisas, por que recusá-los na história universal?
A razão do qual se disse que rege o mundo é uma palavra tão indeterminada como a Providência.