SóProvas


ID
1457065
Banca
FCC
Órgão
TRE-RR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Conselhos ao candidato

    Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando-me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo". Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga:

    -Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

    Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente". Fulano? Não tem ambiente. [...]

    Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício", a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária.
    
    No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um". Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.

     (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684)

*aquerôntico =relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte.

*capitis diminutio:expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal.

Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.

Identifica-se, no segmento sublinhado acima,

Alternativas
Comentários
  • A segunda oração (a sublinhada) é a causa da primeira.

    Por que vou parar? (consequência).

    Porque não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato (causa).

    Gabarito: C.

  • Sensacional questão! Obrigado João Henrique!

  • Pessoal! vamos pedir o comentário do professor em todas as questões? assim melhoraremos nosso conhecimento...beleza?

  • Alternativa correta: C. 


    Na dúvida, substitua o "que" por "por que", que é uma O. S. Causal. Além disso, conforme comentado, o autor informa que vai para e logo após, na oração seguinte, informa o motivo, ou seja, causa e consequência.

  • Letra (C). 

    "Mas vou parar,..." (por isso / por esse motivo / por causa disso).
  • Perfeito Eliana!

    Concordo também com o Pimenta cheety, vou até reproduzir o comentário dele para reforçar a ideia:


    "Pessoal! vamos pedir o comentário do professor em todas as questões? assim melhoraremos nosso conhecimento...beleza?"


    Já solicitei comentário do professor. É o que devemos fazer, será bom para todos!

  • Mas vou parar,JÁ QUE não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. ( Conjunção Subordinativa de CAUSA)

     

  • VAMOS PEDIR COMENTÁRIO DO PROFESSOR.

    Concordo também com o Marcelo Braga, vou até reproduzir o comentário dele para reforçar a ideia:

    "Pessoal! vamos pedir o comentário do professor em todas as questões? assim melhoraremos nosso conhecimento...beleza?"

    Já solicitei comentário do professor. É o que devemos fazer, será bom para todos!

  • Ideia de causa.

    Gaba: C


  • Não tem comentários do professor por que?

  • Vou parar, uma vez que - já que - pois não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato

    Noção de causa

  • "Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. "


    A ideia é: Não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato (causa), então vou parar (consequência)

    Lembrando: para ter uma consequência precisa ter uma causa

    Ex: Tamanho era o amor que a mulher acabou engravidando. (consequência)

    Qual a causa da mulher engravidar? Fazer amor. (causa)

  • Mas vou parar, que não pretendi


    Mas vou parar, pois não pretendi

    Mas vou parar, uma vez que não pretendi
  • Sempre analizar o que vem depois da conjunção; alem de ser uma técnica, facilita o estudo e a celeridade para resolver a questão.

    algumas conjunções casuais: Já que, visto que, uma vez que, que, porque,.

    Pra ter ideia de causa e consequencia podem ser utilizados dois macetes:

    1- utilizar O fato fez com que

    o fato de não pretender escrever um manual fez com que parasse.

    O QUE VIER SEGUIDO DE "o fato de" SERÁ CAUSAL 

    E O QUE VIER SEGUIDO DE "fez com que" SERÁ CONSEQUENCIA.

    2- perguntar o porquê

    por que parou?

    porque não pretendia escrever um manual...

    O QUE VIER SEGUIDO DA CONJUNÇÃO "PORQUE" SERÁ CAUSAL.

     

     

  • Porque/Uma vez que/tendo em vista que/já que.... Por causa [disso] vou parar.

    Porque  - não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato [causa] - vou parar [consequência]

  • Aos que pediram o comentário do professor: 

     

    Já tem comentário lá, mas não ajudou P%RR@ NENHUMA!!!

     

    Ainda bem que acertei esta questão.

     

    ----

    "Vencer sem perigo é triunfar sem glória."

  • Muita gente falando das conjunções, mas tem que analisar todo o contexto! Era muito mais fácil ter lido e percebido a diferença do que ficar na decoreba, não que seja ruim ,mas são tantas conjunções que até faz a gente se perder!

  • É possível identificar uma relação de causa no trecho destacado. Isso fica evidente, a partir das possibilidade de reescrita: “Mas vou parar, pois não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.”, “Mas vou parar, haja vista que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.”, etc.