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ID
1481740
Banca
VUNESP
Órgão
TJ-PA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Um homem de consciência

            Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E, por muito tempo, não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
            Mas João Teodoro acompanhava com aperto no coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
            “Isto já foi muito melhor”, dizia consigo. “Já teve três médicos bem bons - agora um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando ...”
            João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar- -se, mas para isso necessitava de um fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
            “É isso”, deliberou lá por dentro. “Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.”
      Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, se julgava capaz de nada ...
            Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca! ...
            João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalo magro e partiu.
            - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
            - Vou-me embora - respondeu o retirante. - Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
            - Mas, como? Agora que você está delegado?
            - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado eu não moro. Adeus.
            E sumiu.

                                                            (Monteiro Lobato. Cidades Mortas. São Paulo: Globo, 2009)

rábula: advogado sem diploma

Analise os seguintes trechos:



I. Mas João Teodoro acompanhava com aperto no coração o desaparecimento visível de sua Itaoca. (3.º parágrafo).


II. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...” (4.º parágrafo).



Os pronomes possessivos, em destaque, indicam

Alternativas
Comentários
  •  b)sentimento de afetividade.

  • Por que não de propriedade, Alguém pode explicar??

  • Segundo o texto, João Teodoro só não havia se mudado de Itaoca pois tinha ainda esperança de que ela melhorasse, porque ele gostava da cidade, morava lá mas Itaoca não era uma propriedade dele.

  • Discordo do gabarito, pois as expressões: "sua" e "minha", remetem ao pertencimento da personagem em relação à cidade, e portanto, à sua origem.

  • ele demonstra afeto pela cidade, mas essa interpretação pode ser meio subjetiva, assim pensei.

  • Poxa... Essa eu errei e não consigo enchergar da ótica a ver o gabarito sendo a letra B. 

  • Os pronomes possessivos, em destaque, indicam:

     

    Minha: propriedade

    Sua: propriedade

  • Afinal qual o correto? Ainda não entendi. Eu respondi C, errada,agora respondi B e tá errada! Mudou o gabarito?

    Em 07/03/2018, às 10:03:30, você respondeu a opção B.Errada!

    Em 23/06/2017, às 15:23:51, você respondeu a opção C.Errada!

  • Coloquei afetividade. Enfim...

  • O gabarito, pra mim, apareceu C. Alguém sabe qual é o oficial? Parece que tem o B e o C.


    Ainda acho que é afetividade...

  • Os pronomes indicam claramente sentimento de afetividade (letra B), a cidade não é propriedade de João Teodoro. Acredito que a questão tenha sido anulada o algo assim, pois não a encontrei na prova da qual ela faz parte.

  • Também acho que o gabarito correto seria a letra B, sentimento de "Afetividade" pelo lugar.

    No primeiro parágrafo já diz que, para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.

    Ou seja, como alguém que não se dava a menor importância se sentiria proprietário de um lugar???

    Creio que o sentimento dele era AFETIVO mesmo.

  • Os pronomes "sua" e "minha" indicam, claramente, posse. A questão pede o significado dos pronomes destacados e não a interpretação do texto.
  • Obviamente que "SUA" E "MINHA" são pronomes possessivos, mas o contexto diz assim: . Mas João Teodoro acompanhava com aperto no "CORAÇÃO" o desaparecimento visível de sua Itaoca, então, o que tu marcas?

    já na segunda opção diz: Decididamente, a minha Itaoca está se acabando... eai?

    Marquei a B.

  • Marquei propriedade, pensei: vou ler o texto pra entender o contexto. Marquei Afeto e errei kkk. Concordo com o comentário do colega Eduardo Medeiros de Santana.

    A questão pergunta qual o sentimento que os pronomes possessivos indicam e não a interpretação segundo o texto.

  • GEROU DÚVIDA, MAS FUI PELO PADRÃO.

    MINHA CASA

    MINHA ROUPA

    SEU CARRO

    SUA CASA

    PROPRIEDADE.

  • Ia marcar ideia de posso sem nem ler o texto, li o texto e marquei B, sentimento de afetividade. A questão está mal formulada, induz ao erro.

  • gab c

  • Gente, fui pesquisar a fundo essa questão. Vi que o gabarito ficou LETRA B , pesquisei a prova no site tec concurso, e o gabarito lá é LETRA B, se quiserem pesquisar lá , o código da questão é #263859

  • Questão absurda.Passível de anulação

  • ele não era o dono de Itaoca, então não tem porquê ser relação de propriedade mas sim de sentimento de afetividade.

  • Fundamento. Explico.

    Questão passível de anulação. Gabarito correto é a letra (b).

    Malgrado indicar como letra (c), penso que é a errada, pois no contexto em que se encontram os pronomes possesivos nos dá a ideia de sentimento, e não de propriedade, dado que a cidade não é dele.

    Por essa razão, acredito que a questão merece ser anulada.