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ID
1482754
Banca
CEPERJ
Órgão
SEDUC-RJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       A BATALHA PELA PUBLICIDADE INFANTIL

     A publicação de um estudo contratado por uma gigante do entretenimento, em dezembro, esquentou a briga pela legitimidade do mercado publicitário infantil. A pesquisa questiona resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que considera a publicidade infantil abusiva, e pinta um quadro de desastre para a economia caso a recomendação seja cumprida. Em 2015, o tema deve continuar mobilizando forças dos dois lados, pois será debatido no Congresso.

     Segundo os números do levantamento divulgado pela empresa, a produção destinada ao público infantil gera 51,4 bilhões de reais em produção na economia nacional, 1,17 bilhão de empregos, mais de 10 bilhões de reais em salários e quase 3 bilhões em tributos. Com as propostas do Conanda em prática, que restringem nas peças publicitárias o uso de linguagem infantil, de personagens e de ambientes que remetem à infância, as perdas seriam, segundo a empresa, de 33,3 bilhões em produção, cerca de 728 mil empregos, 6,4 bilhões em salários e 2,2 bilhões em tributos.

     Para Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Instituto Alana, dedicado a garantir condições para a vivência plena da infância, a decisão do Conanda é baseada na Constituição, na qual a propaganda infantil é classificada como abusiva, e portanto ilegal. Para Karageorgiadis, o problema é que a fiscalização do material televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente. "Justamente porque essa publicidade continua existindo, o Conanda traz uma norma que dá a interpretação, para que o juiz, promotor ou o Procom possam identificar de maneira mais fácil o abuso", afirma. Karageorgiadis rebate a tese de caos econômico apresentada pela empresa. Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil. "O licenciamento para entretenimento não é afetado: os desenhos continuam existindo, os brinquedos continuam existindo, o problema é a comunicação que se faz disso", diz.

     A advogada relata caso em que a propaganda é feita até mesmo dentro das escolas. "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas", diz. "A novela infantil pode ser realizada, mas um grupo de agentes ir à escola distribuir maquiagens e cadernetas não pode".

     Mônica de Sousa, diretora executiva da empresa, disse que sua principal preocupação é o impedimento da "comunicação mercadológica dirigida à criança", o que afetaria a comercialização de diversos produtos de sua empresa, como cadernos, livros e até uma linha de macarrão instantâneo dos personagens.

     Um exemplo para dar forma à disputa em questão é a peça publicitária desenvolvida pela empresa dirigida por Mônica de Sousa para a Vedacit.

A advogada do Alana questiona o teor da peça publicitária. "Por que um produto químico, um impermeabilizante de telhados, precisa dialogar com a criança? A publicidade se usa de um personagem que não gosta de água, cria novos personagens, os 'amiguinhos Vedacit' e se utiliza de uma linguagem infantil", diz Karageorgiadis. Segundo ela, mesmo sem ser do interesse da criança, ao ir a uma loja de construções com a família, ela será uma intermediária na compra do produto. "Para vender o Vedacit eu preciso mesmo de toda essa estratégia?".

     Do outro lado, Mônica diz que a propaganda não foi destinada às crianças e que a produção das histórias em quadrinhos era voltada ao público adulto. "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos", diz Mônica. "Esse é um bom exemplo de como a restrição total e irrestrita proposta na resolução pode afetar a própria existência dos personagens."

                                                                Paloma Rodrigues (Carta Capital, 22/12/2014) (Adaptado de:                                                                      cartacapital.com.br/sociedade/publicidade-infantil-2706.html)

A frase que melhor sintetiza, do ponto de vista da advogada, o modo como a resolução do Conanda deveria ser cumprida pelas empresas é:

Alternativas
Comentários
  • Why?

  • Gabarito: a. Nos penúltimo e último parágrafos, apresenta-se a opinião da advogada. Ela faz crítica as propagandas publicitárias de produtos químicos que usam linguagens infantis, pois uma criança não pede a um pai, por exemplo, um produto de limpeza para se satisfazer. No último, ela admite que a intenção da propaganda não é destinada às crianças, pois os super-heróis que usam linguagens infantis nessas propagandas são adultos. 

    Conclusão: Esse ponto de vista é concessivo, e a alternativa em que melhor se encaixa em seu ponto de vista, portanto, é a letra A.

  • A opinião da advogada está nesse trecho: " Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil." E é isso que a questão pedi. 

  • A questão pede o seguinte: "A frase que melhor sintetiza, do ponto de vista da advogada, o modo como a resolução do Conanda deveria ser cumprida pelas empresas é:", assim, a resposta é a letra "a".

    No terceiro parágrafo (Ekaterine) "Karageorgiadis rebate a tese de caos econômico apresentada pela empresa. Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil." 

    Vale lembrar que a alternativa "e" não foi falada pela advogada, mas por Mônica de Sousa. 

    Bons estudos e boa sorte!

  • a) “Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais" (3º parágrafo)

    Correta. Aqui a advogada expõe que as empresas continuarão a produzir seus produtos. No entanto, eles deverão ser divulgados em propagandas apenas para os pais, como a resolução orienta.

    b) “A pesquisa questiona resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que considera a publicidade infantil abusiva" (1º parágrafo)

    Incorreta. Esse trecho apenas apresenta a resolução do Conanda.

    c) “o problema é que a fiscalização do material televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente" (3º parágrafo)

    Incorreta. Aqui a advogada apenas expõe como a fiscalização é ineficiente.

    d) "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas" (4º parágrafo)

    Incorreta. Aqui é apenas exposto como ocorre a estratégia de algumas empresas nas escolas.

    e) "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos" (8º parágrafo)

    Incorreta. Esse trecho é a fala da empresária Mônica e não da advogada.

    Gabarito do professor: A
  • COMENTÁRIO DA PROFESSORA PARA QUEM NÃO TEM ACESSO

    a) “Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais" (3º parágrafo)

    Correta. Aqui a advogada expõe que as empresas continuarão a produzir seus produtos. No entanto, eles deverão ser divulgados em propagandas apenas para os pais, como a resolução orienta.

    b) “A pesquisa questiona resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) que considera a publicidade infantil abusiva" (1º parágrafo)

    Incorreta. Esse trecho apenas apresenta a resolução do Conanda.

    c) “o problema é que a fiscalização do material televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente" (3º parágrafo)

    Incorreta. Aqui a advogada apenas expõe como a fiscalização é ineficiente.

    d) "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas" (4º parágrafo)

    Incorreta. Aqui é apenas exposto como ocorre a estratégia de algumas empresas nas escolas.

    e) "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos" (8º parágrafo)

    Incorreta. Esse trecho é a fala da empresária Mônica e não da advogada.

    Gabarito do professor: A