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ID
1491814
Banca
FCC
Órgão
TRE-RR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Conselhos ao candidato

Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando-me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga:

-Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...]

Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária.

No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684)

*aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte.
*capitis diminutio:expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal.

Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito ...

A expressão sublinhada acima preenche corretamente a lacuna existente em:

Alternativas
Comentários
  • Para resolver a questão é necessário encontrar um vocábulo que necessite da preposição "de".


    único item que exige a preposição é a letra b.


    Verbo Esperar é VTDI

    Espera algo DE alguém

    Algo = Um vigoroso aparte contrário ao pleito

    DE alguém: DE QUEM TODOS.


    GABARITO: LETRA B

  • O verbo compartilhar está errado porque? Alguma dica? 


  • O novo acadêmico demonstrou grande afeição a quem...

  • Gabarito: letra b. 

    QUEM é pronome relativo que deve ter como antecedente pessoa. No exemplo o pronome relativo é regido pela preposição monossilábica DE e retoma "Afonso Celso", exatamente como na letra b, pois o pronome relativo QUEM retoma "O acadêmico".

  • Francisco, acho que na letra D a análise deveria recair sobre DEMONSTRAR e não sobre COMPARTILHAR:

     

     d) O novo acadêmico DEMONSTROU grande afeição A QUEM compartilha das mesmas ideias literárias e aborda os mesmos temas.

     

    Quem demonstra, demonstra algo A ALGUÉM.

  • a) A QUEM

    Caberia A ELES 

     

     b) O acadêmico, DE QUEM todos esperavam um vigoroso aparte contrário ao pleito, permaneceu em silêncio na tumultuada sessão.

    Todos esperavam DO ACADÊMICO um vigoro aparte... (Quem espera, espera ALGO DE ALGUÉM)

     

     c) A QUEM 

    Os acadêmicos oferecem ALGO A ALGUÉM

     

     d) A QUEM

    O novo acadêmico demonstrou ALGO A ALGUÉM

     

     e) POR QUEM

    O discurso de recepção do novo integrante do grupo deveria ser pronunciado POR ALGUÉM