A ordem dos monopólios e a Política Social
A partir do final do século XIX, o capitalismo vivencia transformações no seu ordenamento econômico, político e social. Trata-se do aparecimento da política social no capitalismo avançado. É o período histórico da transição do capitalismo concorrencial para a fase monopólica.
De acordo com Netto (1992), o principal objetivo dessa nova fase é viabilizar o acréscimo dos lucros capitalistas através do controle dos mercados, reiterando e potencializando as contradições inerentes ao capitalismo, agregadas com novas contradições e antagonismos. Dessa forma, conforme Sweezy ap ud Netto (1992, p. 17), o capitalismo monopolista traz implicações diferenciadas da fase concorrencial que podem ser percebidas, por um lado, na absorção de superlucros monopólicos e, por outro, na tendência de aumento de investimento influenciado pela margem da taxa de lucro, além do aumento da taxa de afluência de trabalhadores ao exército industrial de reserva.
As políticas sociais e a legislação social que emergem em torno destas estão voltadas à manutenção da ordem social vigente, que o Estado dominante burguês ardilosamente, insiste em transformar exclusivamente em concessão negando, assim, o caráter contraditório existente neste espaço, ou seja, se por um lado as políticas sociais atendem ao interesse do capital, possibilitando amanutenção da acumulação capitalista, por outro, são também o resultado histórico da luta de classes, sendo transferidas para o interior das políticas sociais, contradições existentes na sociedade capitalista. Conforme Netto (1992), a principal funcionalidade das políticas sociais do Estado burguês no capitalismo monopolista é a preservação e o controle da força de trabalho e, sincronizadas na orientação econômico-social, asseguram as condiçõesapropriadas ao desenvolvimento monopólico.
segundo Netto:
É a política social do Estado burguês no capitalismo monopolista (e, como se infere desta argumentação, só é possível pensar-se em política social pública na sociedade burguesa com a emergência do capitalismo monopolista),configurando a sua intervenção contínua, sistemática, estratégica sobre as sequelas da questão social, que oferece o mais canônico paradigma dessa indissociabilidade de funções econômicas e políticas que é própria do sistema estatal da sociedade burguesa madura e consolidada.(NETTO, 1992, p. 26)