SóProvas


ID
1496440
Banca
COSEAC
Órgão
UFF
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                         Após a leitura do texto, responda às questões propostas.

1 Começam a pipocar alguns debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em “saturação social", inspirado pelo recente depoimento de um jornalista do The New York Times que afirmou que sua produtividade no trabalho estava caindo por causa do tempo consumido por facebook, twitter e agregados, e que se vê hoje diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta ou “alguns desses hábitos digitais que estão me comendo vivo".
2 Antropofagia virtual. O Brasil, pra variar, está atrasado (aqui, dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis semanalmente), pois no resto do mundo já começa a ser articulado um movimento de desaceleração dessa tara por conexão: hotéis europeus prometem quartos sem wi-fi como garantia de férias tranquilas, empresas americanas desenvolvem programas de softwares que restringem o acesso à web, e na Ásia crescem os centros de recuperação de viciados em internet. Tudo isso por uma simples razão: existir é uma coisa, viver é outra.
3 Penso, logo existo. Descartes teria que reavaliar esse seu cogito, ergo sum, pois as pessoas trocaram o verbo pensar por postar. Posto, logo existo.
4 Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, ou seja, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercados não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.
5 Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento – numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o virtual pelo real, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra. Adolescentes deixam de ir a um parque para ficarem trancafiados em seus quartos, numa solidão disfarçada de socialização. Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são fruto da sua época, os amigos se comunicam assim, e nem batendo com um gato morto na cabeça delas para fazê-las entender que a vida está lá fora. (…) 
6 O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado, mas tem sido agudo entre muitos jovens sem noção, que se deixam fotografar portando armas, fazendo sexo, mostrando o resultado de suas pichações, num exibicionismo triste, pobre, desvirtuado. São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada, e para isso se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser “ninguém" para se tornarem “alguém", mesmo que alguém medíocre.
7 Casos avulsos, extremos, mas estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver. Não entendem que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17.870 que não estão nem aí.


                                                           (MEDEIROS, Martha. “Posto, logo existo". O Globo: 25/03/2012.)


A alternativa de concordância verbal admitida no português padrão encontra-se em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO D.

    O uso do infinitivo (verbos terminados em -R: protestar, distrair, usar) na língua portuguesa tem várias armadilhas. Uma delas é o plural. De todas as formas nominais (infinitivo, gerúndio, particípio), é a única que tem variação de número, por isso existem os infinitvos flexionado e não flexionado. Essas frases são muito comuns na mídia, como uma que apareceu em nova declaração polêmica de Pelé sobre a Copa do Mundo:

    Em recado aos brasileiros, Pelé pede para voltarem (ou “voltar”) a protestar só depois da Copa do Mundo.

    Ou ainda:

    Governo obriga ministros a se posicionar (ou “a se posicionarem”) diante de críticas.

    Na verdade, o uso é facultativo. Quando o verbo no infinitivo vier depois de uma preposição em uma estrutura como essa (“a” e “para”, nos exemplos), pode-se usar o infinitivo flexionado ou não, ou seja, pode ficar no singular ou ir para o plural.

    Alguns gramáticos indicam que sempre se use o plural, mas a forma no singular é aceita e igualmente correta.

    fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/toda-letra/uso-do-infinitivo-no-plural-i/


  • Por que a letra A está errada? Numeral decimal com determinante não poderia concordar tanto com o numeral quanto com o determinante?

  • Pamela Rocc, seu raciocinio está correto. Numeral decimal com determinante concorda tanto com o numeral quanto com o determinante. Se ambos estão no plural, como é o caso (dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis), o verbo deve concordar também no plural. Então, não há possibilidade de concordância no singular!

     

  • Ótima explicação professora!!!!

  • a) Quando o sujeito for número fracionário, o verbo concorda com o numerador:

    1/4 da turma faltou ontem.

    3/5 dos candidatos foram reprovados.

  • PARA DECORAR;

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

    INFINITIVOS TERMINADOS EM "R", ANTES DE PREPOSIÇÃO; USO FACULTATIVO

  • Não entendi, pq não é a letra E??

  • Vou tentar explicar o que a professora falou no vídeo: Se a referência do sujeito estiver na oração anterior, o verbo pode ser flexionado no singular ou no plural.

    ["Adolescentes deixam de ir a um parque] [para ficarem trancafiados] - temos duas orações aqui

    Nessa frase, o referente do sujeito "adolescentes" é "ficarem". Como o referente do sujeito está na segunda oração, ou seja, ele não está na oração reduzida de infinitivo (que é a primeira), a concordância será facultativa, ou no plural ou no singular.