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ID
1506622
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 5

                                                                                                               Guimarães Rosa

     [...] Dava alegria, a gente ver o regato botar espuma e oferecer suas claras friagens, e a gente pensar no que era o valor daquilo. Um riachinho xexe, puro,  ensombrado, determinado no fino, com rogojeio e  suazinha algazarra – ah, esse não se economizava:  de primeira, a água, pra se beber. Então, deduziram  de fazer a Casa ali, traçando de se ajustar com a beira dele, num encosto fácil, com piso de lajes, a porta-da-cozinha, a bom de tudo que se carecia. Porém,  estrito ao cabo de um ano de lá se estar, e quando  menos esperassem, o riachinho cessou.
       Foi no meio duma noite, indo para a madrugada, todos estavam dormindo. Mas cada um sentiu,  de repente, no coração, o estalo do silenciozinho  que ele fez, a pontuda falta da toada, do barulhinho.  Acordaram, se falaram. Até as crianças. Até os cachorros latiram. Aí, todos se levantaram, caçaram o
quintal, saíram com luz, para espiar o que não havia.  Foram pela porta-da-cozinha. Manuelzão adiante,  os cachorros sempre latindo. – “Ele perdeu o chio..."  Triste duma certeza: cada vez mais fundo, mais longe nos silêncios, ele tinha ido s'embora, o riachinho  de todos. Chegado na beirada, Manuelzão entrou,  ainda molhou os pés, no fresco lameal. Manuelzão,  segurando a tocha de cera de carnaúba, o peito batendo com um estranhado diferente, ele se debruçou  e esclareceu. Ainda viu o derradeiro fapo d'água  escorrer, estilar, cair degrau de altura de palmo a  derradeira gota, o bilbo. E o que a tocha na mão de  Manuelzão mais alumiou: que todos tremiam mágoa  nos olhos. Ainda esperaram ali, sem sensatez; por  fim se avistou no céu a estrela-d'alva. O riacho soluço se estancara,  sem resto e talvez para sempre.  Secara-se a lagrimal, sua boquinha serrana. Era  como se um menino sozinho tivesse morrido.

                                                                           ROSA, Guimarães.Corpo de baile. 3.ed. Rio de Janeiro:
                                                                                                              Nova Fronteira, 2010, p. 169-170.

Por ser um texto literário, o tratamento da linguagem no texto 5 objetiva a estética de um universo mágico, subjetivo. Em “E o que a tocha na mão de Manuelzão mais alumiou: que todos tremiam mágoa nos olhos" ,pode-se considerar a construção de uma figura de linguagem conhecida como:

Alternativas
Comentários
  • Letra "E"

    Sinestesia:

    figura de linguagem que relaciona planos sensoriais diferentes.

    A soma de sentidos como paladar e olfato, visão e audição, tato e audição, etc...

    Gosto e cheiro, som e vibração, etc...


    "Bons Estudos! Te vejo na posse!"

  • figura de linguagem sinestesia caracteriza-se pela combinação de termos que remetem a diferentes sentidos do corpo humano. Desse modo, uma expressão que misture sensações visuais e auditivas é um exemplo de sinestesia, assim como outra que, ao mesmo tempo, remeta à audição e ao tato.

    Ex: " Esse perfume é muito doce."

  • Adriana Marques;

    Não é tremiam água e sim mágoa nos olhos.

  • Todos tremiam mágoa nos olhos, é o mesmo que dizer que eles choravam. É eufemismo. A frase não tem relação com sentido, no caso, visão. Essa questão deveria ter seu gabarito alterado.

  • a) Antítese: Ideias Opostas  Ex.: Estava entre a vida e a morte.

    b) Comparação: Usando conectivos.  Ex.: Você é bela como uma flor  # Metáfora - Compara sem uso de conectivos. Ex.: Você é uma flor.

    c) Eufemismo: Suavização de uma ideia. Ex.: Passou desta para melhor (morreu)

    d) Hipérbole: Exagero. Ex.: Quase morri de rir com aquela piada.

    e) Sinestesia: Junção de sensações do corpo humano.   "...todos tremiam mágoa nos olhos..." *** GABARITO ***

     

    Obs.: Aos amigos que ficaram em dúvida quanto a alternativa C. Claro que posso estar enganada, mas eu não consegui enxergar claramente que a expressão  "...todos tremiam mágoa nos olhos..." esteja SUAVIZANDO a ação de chorar, talvez até o contrário, esteja intensificando. Por isso marquei a letra E, fui para o caminho de analisar objetivamente, conclui pela mistura de sensações; ententendo que eles SENTIRAM mágoa, tristeza, até raiva, que estava tão a flor da pele que foi possível perceber nos OLHOS.

    Para tentar ajudar...

    Força a todos nós! 

  • Concordo com você Ana Alhadeff, o gabarito deveria ser a letra C

  • eufemismo é uma forma de suavizar algo. ex: Ele descansa em paz.

    sinestesia é essa combinação de sentidos humanos que vai para um plano figurado.

  • Estou no mesmo barco que as amigas Ana Alhadeff e keila Viegas. Pra mim foi uma maneira polida de dizer que "Todos estavam chorando" (eufemismo). Os colegas que comentaram apenas colocaram a definição da figura de linguagem, no entanto, ninguém demonstrou como ela se aplica à questão.

     

     

  • Concordo, Lucas! Vamos indicar essa questão pra comentário!

  • Também indiquei para comentário. Ao meu ver é eufemismo. 

  • Sinestesia: Cruzamento de sensações; associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão.

  • Eu também achei que seria eufemismo.

  • Não concordo com o gabarito.

    Eufemismo= suavização de uma expressão; de uma notícia. ( para mim a mais correta)

    sinestesia - = mistura de sentidos ( NÃO HOUVE ISTO NO TEXTO)