SóProvas


ID
1545211
Banca
FCC
Órgão
MANAUSPREV
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    O primeiro... problema que as árvores parecem propor-nos é o de nos conformarmos com a sua mudez. Desejaríamos que falassem, como falam os animais, como falamos nós mesmos. Entretanto, elas e as pedras reservam-se o privilégio do silêncio, num mundo em que todos os seres têm pressa de se desnudar. Fiéis a si mesmas, decididas a guardar um silêncio que não está à mercê dos botânicos, procuram as árvores ignorar tudo de uma composição social que talvez se lhes afigure monstruosamente indiscreta, fundada que está na linguagem articulada, no jogo de transmissão do mais íntimo pelo mais coletivo.
    Grave e solitário, o tronco vive num estado de impermeabilidade ao som, a que os humanos só atingem por alguns instantes e através da tragédia clássica. Não logramos comovê-lo, comunicar-lhe nossa intemperança. Então, incapazes de trazê-lo à nossa domesticidade, consideramo-lo um elemento da paisagem, e pintamo-lo. Ele pende, lápis ou óleo, de nossa parede, mas esse artifício não nos ilude, não incorpora a árvore à atmosfera de nossos cuidados. O fumo dos cigarros, subindo até o quadro, parece vagamente aborrecê-la, e certas árvores de Van Gogh, na sua crispação, têm algo de protesto.
    De resto, o homem vai renunciando a esse processo de captura da árvore através da arte. Uma revista de vanguarda reúne algumas dessas representações, desde uma tapeçaria persa do século IV, onde aparece a palmeira heráldica, até Chirico, o criador da árvore genealógica do sonho, e dá a tudo isso o título: Decadência da Árvore. Vemos através desse documentário que num Claude Lorrain da Pinacoteca de Munique, Paisagem com Caça, a árvore colossal domina todo o quadro, e a confusão de homens, cães e animal acuado constitui um incidente mínimo, decorativo. Já em Picasso a árvore se torna raríssima, e a aventura humana seduz mais o pintor do que o fundo natural em que ela se desenvolve.
    O que será talvez um traço da arte moderna, assinalado por Apollinaire, ao escrever: "Os pintores, se ainda observam a natureza, já não a imitam, evitando cuidadosamente a reprodução de cenas naturais observadas ou reconstituídas pelo estudo... Se o fim da pintura continua a ser, como sempre foi, o prazer dos olhos, hoje pedimos ao amador que procure tirar dela um prazer diferente do proporcionado pelo espetáculo das coisas naturais". Renunciamos assim às árvores, ou nos permitimos fabricá-las à feição dos nossos sonhos, que elas, polidamente, se permitem ignorar.


                                                (Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. "A árvore e o homem", em
                                                                           Passeios na Ilha, Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 7-8)

Na frase Desejaríamos que falassem, como falam os animais..., caso o verbo em negrito assuma o mesmo tempo e modo que o sublinhado, teremos as seguintes formas verbais no segmento inicial:

Alternativas
Comentários
  • Tempo:Presente 

    Modo: indicativo

    Atenção! o enunciado não pede para alterar a pessoa, portanto o verbo deve permanecer na 3º do plural

  • Mais uma questão da FCC  que também se utiliza da correlação verbal.

    Presente do Indicativo  = Presente  do Subjuntivo

    Desejamos(1ºpessoa do plural modo indicativo) que  falem (3º pessoal do plural modo subjuntivo)

    FONTE :  https://www.escolaaberta.com.br/?p=1959

     Observe as principais correlações.

    Correlações verbais corretas

    Presente do indicativo + presente do subjuntivo:

    Exijo que você faça o dever.

    Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:

    Exigi que ele fizesse o dever.

    Presente do indicativo + pretérito perfeito composto do subjuntivo:

    Espero que ele tenha feito o dever.

    Pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfeito composto do subjuntivo:

    Queria que ele tivesse feito o dever.

    Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:

    Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.

    Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:

    Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.

    Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo:

    Se você tivesse feito o dever, eu teria lido suas respostas.

    Futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicativo:

    Quando você fizer o dever, dormirei.

    Futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo:

    Quando você fizer o dever, já terei dormido.