Para Porter, a vantagem competitiva é criada e mantida através de um processo altamente localizado. Diferenças nas estruturas econômicas, valores, culturas, instituições e histórias nacionais contribuem profundamente para o sucesso competitivo. O papel do país sede parece ser tão forte quanto sempre foi, mais ainda. Embora a globalização da competição possa, aparentemente, tornar a nação menos importante, em lugar disso parece fazê-la mais importante. Com menos impedimentos ao comércio para proteger as empresas e indústrias internas não competitivas, a nação sede adquire significação crescente, porque é fonte do conhecimento e da tecnologia que sustenta a vantagem competitiva. [...] Desde que a companhia local permaneça como a verdadeira sede, conservando o controle efetivo, estratégico, criativo e técnico, a nação continuará colhendo a maioria das vantagens para a sua economia, mesmo que a empresa seja de propriedade de investidores estrangeiros ou de uma firma estrangeira. Explicar porque um país é a sede de competidores bem sucedidos em segmentos e indústrias sofisticados é, portanto, de importância decisiva para o nível de produtividade do país e sua capacidade de melhorar a produtividade com o tempo. (PORTER, 1993, p. 20).
O paradoxo é que as vantagens locacionais, que para Porter, em sua maioria, não constituem fatores de competitividade, representam, ao mesmo tempo, a base para a criação e manutenção de vantagem competitiva, os atributos do país sede das empresas e indústrias. O papel da nação destacado por Porter, que ele deixa transparecer ser o que realmente importa na sua abordagem, é o de constituir-se na sede física das empresas e indústrias, sendo irrelevante que a propriedade do capital não pertença a agentes econômicos efetivamente nacionais. Neste contexto a vantagem da nação se traduzirá no montante de recursos que irão circular na sua economia, remunerando os custos dos fatores produtivos empregados e os impostos, não sendo importante que a maior parcela dos resultados econômicos gerados, os lucros, sejam remetidos para os países de domicílio dos investidores ou empresas estrangeiras.
(...) os próprios ganhos de produtividade alcançados no país serão apropriados e transferidos para os países onde estão estabelecidos os proprietários do capital empregado no país base da produção. Ele realiza a produção, participa da circulação, mas não retém a maior parcela da acumulação resultante. A abordagem de Porter reveste-se de um caráter ideológico típico do neoliberalismo econômico, reforçando as desigualdades regionais a nível internacional e a relação dominação-dependência no circuito mundializado de reprodução e acumulação do capital.
No entendimento de Porter (1993), as empresas criam vantagem competitiva percebendo ou descobrindo maneiras novas e melhores de competir numa indústria, e sendo capazes de levá-las ao mercado. A esta capacidade Porter denomina “inovação”, definida como uma maneira nova de fazer as coisas que são comercializadas, pois, no seu modo de ver, o processo de inovação não pode ser separado do contexto estratégico e competitivo de uma empresa. Portanto, são as empresas e não as nações que competem em mercados internacionais.
Fonte: http://www.eumed.net/tesis-doctorales/jass/29.htm