SóProvas


ID
1549078
Banca
EXATUS
Órgão
IF-TO
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                    Começo de Conversa

1º Só quem é ou foi automóvel pode imaginar o meu desespero, depois daquela batida frontal e do ajuntamento de povo ao meu redor.
2º – Todo mundo foi pro beleléu!
3º – Não escapou ninguém! – disse outra voz.
4º – Morreu muita gente? – perguntou uma voz feminina.
5º – Havia só duas pessoas no carro.
6º Gente corria, gente gritava, carros paravam, guardas apitavam.
7º – Será que a mocinha escapou? – indagou uma voz comovida.
8º – Está se mexendo. Acho que foi só o choque.
9º – Sei lá. Está desacordada. Se escapou, foi milagre.
10º Alguém chegou e reconheceu o motorista.
11º – É o Genésio, aquele doido!
12º Que era doido eu sabia. Nunca respeitava os sinais, guiava sempre em alta velocidade, parecia estar sempre numa pista de corrida, como ............. desse a menor importância ___ vida alheia. Que ele desafiasse a morte ___ todo momento, o problema era dele. Todo mundo pode ser burro ___ vontade. É direito de quem nasceu não para viver em garagem, mas em estrebaria. Mas ninguém tem o direito de jogar com a vida alheia, cortando fininhos, apavorando os pedestres, tendo gosto em ver o pavor da gente ___ fugir. E muito menos de ...................... um carro como ele fazia. Genésio nunca se preocupou comigo. Era incapaz de supor que eu também era gente. Não lhe passava pela cabeça que havia dois ou três meses que eu vivia de coração aos saltos (Fusca tem coração, tem alma, sentimento...).
13º O mais triste, porém, daquele montão de ferros retorcidos em que eu fora transformado pela estupidez do meu senhor, é que toda gente só pensava nas vítimas humanas: em Genésio e Cidinha.
14º – Será que eles escapam?
15º Em mim ninguém pensava. Não ouvi uma palavra de simpatia. Ninguém parecia ter pena de mim. Nem mesmo os outros carros. Eu olhava agoniado para os colegas. Passou um Fusca novinho que, nem por ser parente, mostrou a menor curiosidade. Passavam carros e mais carros buzinando para abrir caminho. Nem ................. me olhavam. Todo mundo parecia achar natural que eu me esborrachasse daquele modo contra um poste estúpido, que aliás não tinha culpa nenhuma no desastre – e que aguentou como um herói o duro choque.
16º Aliás, se não fosse aquele poste, se ele não tivesse resistido como um bravo ao nosso impacto (íamos a mais de 120!), teríamos apanhado três crianças que brincavam na calçada. E imaginem só o remorso do papai, com aquele peso na consciência... Morrer é duro. Acabar no ferro velho é o mais triste fim de um automóvel, seja Impala, Opala ou Fusca. Eu tenho conversado com muito carro, nesta minha vida atribulada. Fui amigo (e sou) de muito carro de classe, de muito VW, de muito ônibus, até de muito caminhão. Eu sei o que eles pensam, o terror que sentem quando veem povo pela frente, criança ou grandalhão, facilitando. Sei de muita conversa em escuro de garagem, lembrando as agonias do trânsito. E sei como alguns sofrem, recordando o mal que involuntariamente praticaram, às vezes por imprudência dos pedestres, muitas vezes pela inconsciência dos motoristas.
17º Enquanto nós dependermos do homem (ou da mulher) para cumprir a nossa missão no trânsito, não haverá carro feliz neste mundo.

                  LESSA, Orígenes. Memórias de um Fusca. 6 ed. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1972, p. 13-16.

Assinale a alternativa em que a função sintática dos termos destacados nas orações retiradas do texto está incorreta:

Alternativas
Comentários
  • Objeto direto

    O objeto direto completa o sentido de um verbo transitivo direto, sem a presença obrigatória de uma preposição. Indica o paciente da ação verbal, ou seja, o elemento que sofre a ação verbal. Verbos transitivos diretos são verbos que necessitam de um complemento que complete seu sentido, respondendo principalmente às perguntas o quê? ou quem?. Não necessitam de preposição para estabelecer regência verbal.

    Objetos diretos são representados principalmente por: substantivos, pronomes substantivos, pronomes oblíquos átonos e orações subordinadas substantivas objetivas diretas.




    Objeto indireto

    O objeto indireto completa o sentido de um verbo transitivo indireto, com a presença obrigatória de uma preposição. Indica o paciente da ação verbal, ou seja, o elemento ao qual se destina a ação verbal. Verbos transitivos indiretos são verbos que necessitam de um complemento que complete seu sentido, respondendo principalmente às perguntas de quê?, para quê?, de quem?, para quem?, em quem?, entre outras. Necessitam obrigatoriamente de preposição para estabelecer regência verbal.

    Objetos indiretos são representados principalmente por substantivos, pelos pronomes oblíquos lhe e lhes e por orações subordinadas substantivas objetivas indiretas.


  • Resposta: D

    Pois o sujeito não é 3 crianças e sim, nós. Que no caso está oculto.

  • GABARITO D


    Teríamos apanhado três crianças.

    Quem teríamos ? NÓS.

    Quem apanha, apanha ALGO/ALGUMA COISA. Logo "três crianças" será objeto direto".


    bons estudos