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ID
1554136
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFMT
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Tamanho não é documento (nem no cérebro)

                                                                                                    Marcelo Gleiser




     Talvez o universo seja a maior coisa que exista, mas sem nosso cérebro não teríamos a menor noção disso. Aliás, sem nosso cérebro não teríamos noção de qualquer coisa. É realmente espantoso que tudo o que somos, das nossas personalidades às nossas memórias, das nossas emoções à nossa coordenação motora, seja orquestrado por uma massa de neurônios e suas ligações de não mais do que 1,4 kg.

     Como comparação, o cérebro de um orangotango pesa 370 g, enquanto que o de um elefante pesa 4,8 kg. Se você acha que o segredo do nosso cérebro está no seu peso, veja que o de um camelo pesa 762 g e o de um golfinho, 1,6 kg. Mesmo que golfinhos sejam bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios.

     Também não solucionamos o mistério comparando o peso do cérebro com o peso do corpo. Por exemplo, a razão do peso do cérebro para o do corpo nos humanos é de 1:40, a mesma que para ratos. Já para cachorros, a razão é de 1:125 e para formigas de 1:7. Formigas certamente são inteligentes, especialmente ao atuar em grupos (inteligência coletiva), mas não mais do que cachorros ou humanos.

     Ao acompanharmos a evolução do cérebro a partir de nossos antepassados primatas, vemos um enorme crescimento começando em torno de 3 milhões de anos atrás. Mesmo assim, tamanho não parece ser a resposta. De acordo com os neurocientistas Randy Buckner e Fenna Krienen, da Universidade de Harvard, nos EUA, a resposta está nas conexões entre os neurônios, que é unicamente rica nos humanos.

     Para chegar a essa conclusão, os cientistas mapearam o cérebro humano e o de outras espécies usando a ressonância magnética funcional, ou fMRI. Nas outras espécies, os neurônios são conectados localmente: a transmissão de sinais ocorre como numa linha de produção industrial, linearmente de um neurônio a outro. Regiões diferentes do cérebro, as córtices, também são interligadas dessa forma linear. Por exemplo, a ligação entre a córtex visual e a motora permite que os músculos dos animais reajam a algum estímulo visual, como o predador que vê uma presa. O processo é eficiente, mas limitado.

     Nos humanos, as córtices estão interligadas de forma diferente, parecendo-se mais com os nodos de conexão de uma cidade grande do que com uma estrada que liga um ponto a outro. Como numa cidade, existem centros mais densos (as córtices) que estão interconectados entre si por várias ruas e avenidas, passando por centros menores no caminho (as córtices associativas).

     Essa riqueza na interconectividade neuronal parece ser a chave do nosso sucesso. Nos animais, a linearidade das conexões limita sua capacidade de improvisação e de reflexão: o caminho é um só, como no exemplo do predador e da presa. No cérebro humano, regiões diferentes podem trocar informação sem qualquer estímulo externo, criando uma nova dimensão onde o cérebro funciona por si só, ou seja, reflete.

     Com isso, podemos pensar sobre diferentes possibilidades e ponderar situações individualmente. (A grosso modo, um leão age como todos os outros leões.) Como dizia o saudoso Chacrinha, quem não se comunica se trumbica. Nossos neurônios sabem disso muito bem.

                                                                                                           http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/01/1393219-tamanho-nao-e-documento-nem-no-cerebro.shtml



“Mesmo que golfinhos sejam bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios.” A reescrita do fragmento acima que mantém o seu sentido original e sua sintaxe é

Alternativas
Comentários
  • Errei a questão, porém entendo ser passivel de anulação.

    MESMO apresenta ideia de concessão, assim como EMBORA e CONQUANTO.

    Portanto a letra A também é correta na minha humilde opinião. 

  • Questão pode ser anula, pois AB estão corretas, pois são iniciadas por conjução de Concessiva.

     

    Gabarito: A e B

  • Realmente a conjunção está correta, entretanto, a sua concordância com o verbo está errada. 

    CONQUANTO (embora, apesar, mesmo) SÃO BEM inteligentes. ERRADO

    SEJAM BEM inteligentes. CORRETO

  • CONQUANTO são bem, OU SEJAM...LOGO C

  • Questão pode ser anulada , com exceção da D, todas tem conjuçes concessivas.

  • Gab.: A

     

    a) Conquanto golfinhos são bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios. [concessivas pedem modo subjuntivo]

    b)  Apesar dos golfinhos sejam bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios. [neste item há duas interpretações para erro: sujeito está preposicionado e, para a conjunção sem o "que", o verbo deveria ficar no infinitivo conjugado: "apesar de os golfinhos serem"]

    c) Embora golfinhos sejam bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios.[GABARITO]

    d)  Por mais que golfinhos são bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios. [concessivas pedem mod subjuntivo]

    e)  Ainda que golfinhos são bem inteligentes, não escrevem poemas ou constroem radiotelescópios [concessivas pedem mod subjuntivo]

  • Conjunções Concessivas: exprimem contrariedade, ressalva, oposição a uma ideia sem invalidá-la.
    Embora, se bem que, malgrado, posto que, conquanto, nem que, ainda que/quando, apesar de que, mesmo que.

    por (mais, menos, melhor, pior, maior, menor, muito) que (indica grau)

     

    Semanticamente, as conjunções adversativas são muito próximas às concessivas. Há duas maneiras básicas de diferenciarmos uma da outra:
    I – Memorize o grupo de ambas, pois as conjunções adversativas nunca são iguais às concessivas, exceto não obstante – mas o modo verbal que se seguirá a esta expressão irá diferenciá-las: indicativo (adversativa), subjuntivo (concessiva).


    II – Perceba que a oração a seguir introduzida pela conjunção adversativa, tem peso argumentativo, dando realce à oração que introduz; já a oração a seguir introduzida pela conjunção concessiva, não tem peso argumentativo.


    Maria tem boa reputação, mas não parece ter. (adversativa; maior peso argumentativo em relação à oração anterior) 

    Embora não pareça (concessiva, menor peso argumentativo em relação à oração posterior), Maria tem boa reputação

     

    Prof. Fernando Pestana