Preconceitos
Preconceitos são juízos firmados por antecipação; são
rótulos prontos e aceitos para serem colados no que mal conhecemos.
São valores que se adiantam e qualificam pessoas, gestos,
ideias antes de bem distinguir o que sejam. São, nessa
medida, profundamente injustos, podendo acarretar consequências
dolorosas para suas vítimas. São pré-juízos. Ainda assim,
é forçoso reconhecer: dificilmente vivemos sem alimentar e
externar algum preconceito.
São em geral formulados com um alcance genérico: “o
povo tal não presta”, “quem nasce ali é assim”, “música clássica
é sempre chata”, “cuidado com quem lê muito” etc. Dispensamnos
de pensar, de reconhecer particularidades, de identificar a
personalidade própria de cada um. “Detesto filmes franceses”,
me disse um amigo. “Todos eles?” − perguntei, provocador.
“Quem viu um já viu todos”, arrematou ele, coroando sua forma
preconceituosa de julgar.
Não confundir preconceito com gosto pessoal. É verdade
que nosso gosto é sempre seletivo, mas ele escolhe por um critério
mais íntimo, difícil de explicar. “Gosto porque gosto”, dizemos
às vezes. Mas o preconceito tem raízes sociais mais fundas:
ele se dissemina pelas pessoas, se estabelece sem
apelação, e quando damos por nós estamos repetindo algo que
sequer investigamos. Uma das funções da justiça institucionalizada
é evitar os preconceitos, e o faz julgando com critério e
objetividade, por meio de leis. Adotar uma posição racista, por
exemplo, não é mais apenas preconceito: é crime. Isso significa
que passamos, felizmente, a considerar a gravidade extrema
das práticas preconceituosas.
(Bolívar Lacombe, inédito)
Atente para as seguintes afirmações:
I. No 1° parágrafo, o autor define o que seja preconceito
e avalia a extensão dos prejuízos que sua prática acarreta, considerando ainda a dificuldade de
se os evitar plenamente.
II. No 2° parágrafo, o autor reconhece na prática algumas
formulações preconceituosas, reforçando a
ideia de que os preconceitos impedem uma identificação
adequada das coisas e das pessoas.
III. No 3° parágrafo, o autor estabelece um paralelo
entre o juízo preconceituoso, passível de penalização, e o juízo decorrente do gosto pessoal, que se
rege por critérios interiorizados e difíceis de definir.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em