- ID
- 1581616
- Banca
- Aeronáutica
- Órgão
- CIAAR
- Ano
- 2014
- Provas
-
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Dentistas - Conhecimentos Básicos
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Dentística
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Farmacêuticos - Conhecimentos Básicos
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Odontologia de Necessidades Especiais
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Odontopediatria
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Periodontia
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Prótese Dentária
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Radiologia Odontológica e Imaginologia
- Disciplina
- Português
- Assuntos
No aeroporto
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. [...]
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. [...]
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. em: Poesia
completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 1107-1108.)
Considerando que o texto relata fatos vividos pelo narrador, torna-se frequente o uso do tempo verbal pretérito. Contudo, no trecho “A vista da pessoa humana lhe dá prazer.” (2º§), verifica-se o uso do tempo presente com o propósito de