SóProvas


ID
1590727
Banca
FUNCAB
Órgão
FUNASG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

133. “Não pensar mais em si” 

         Seria necessário refletir sobre isso seriamente: por que saltamos à água para socorrer alguém que está se afogando, embora não tenhamos por ele qualquer simpatia particular? Por compaixão: só pensamos no próximo — responde o irrefletido. Por que sentimos a dor e o mal-estar daquele que cospe sangue, embora na realidade não lhe queiramos bem? Por compaixão: nesse momento não pensamos mais em nós — responde o mesmo irrefletido. A verdade é que na compaixão — quero dizer, no que costumamos chamar erradamente compaixão — não pensamos certamente em nós de modo consciente, mas inconscientemente pensamos e pensamos muito, da mesma maneira que, quando escorregamos, executamos inconscientemente os movimentos contrário s que restabelecem o equilíbrio, pondo nisso todo o nosso bom senso. O acidente do outro nos toca e faria sentir nossa impotência, talvez nossa covardia, se não o socorrêssemos. Ou então traz consigo mesmo uma diminuição de nossa honra perante os outros ou diante de nós mesmos. Ou ainda vemos nos acidentes e no sofrimento dos outros um aviso do perigo que também nos espia; mesmo que fosse como simples indício da incerteza e da fragilidade humanas que pode produzir em nós um efeito penoso. Rechaçamos esse tipo de miséria e de ofensa e respondemos com um ato de compaixão que pode encerrar uma sutil defesa ou até uma vingança. Podemos imaginar que no fundo é em nós que pensam os, considerando a decisão que tomamos em todos os casos em que podemos evitar o espetáculo daqueles que sofrem, gemem e estão na miséria: decidimos não deixar de evitar, sempre que podemos vir a desempenhar o papel de homens fortes e salvadores, certos da aprovação, sempre que queremos experimentar o inverso de nossa felicidade ou mesmo quando esperamos nos divertir com nosso aborrecimento. Fazemos confusão ao cham ar compaixão ao sofrimento que nos causa um tal espetáculo e que pode ser de natureza muito variada, pois em todos os casos é um sofrimento de que está isento aquele que sofre diante de nós: diz-nos respeito a nós tal como o dele diz respeito a ele. Ora, só nos libertamos desse sofrimento pessoal quando nos entregamos a atos de compaixão. [...] 
NIETZSCHE, Friedrich. Aurora. Trad. Antonio Carlos Braga. São Paulo; 2007, p 104-105

Sobre os elementos da oração “diz-nos respeito a nós”, pode-se afirmar corretamente que há nela:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: letra A

    "Esse termo, pleonástico, que atua como uma qualidade do objeto direto e do objeto indireto, vem de uma figura de linguagem denominada de pleonasmo. Pode até ser que você não saiba o que realmente é figura de linguagem, e, em razão disso, gostaríamos que entendesse que se trata de recursos utilizados por quem escreve, cuja intenção é de conferir mais expressividade, de tornar mais rico o discurso que profere. Nesse sentido, o pleonasmo consiste em intensificar o significado de um elemento, de uma expressão do texto por meio da repetição da ideia nele expressa.

    Acreditamos que depois dessa explicação você terá um pouco mais de facilidade em compreender acerca das características inerentes ao assunto sobre o qual estamos falando. Dessa forma, que tal partirmos para analisar alguns exemplos, hein?

    O objeto direto e o objeto indireto possuem particularidades

    EX: Aquela bela garota, via-a no momento em que tocou o sinal para o recreio. 

    Temos o objeto direto no início da oração – aquela bela garota – e, em seguida, temos a presença dele novamente, só que agora representado por um pronome pessoal do caso oblíquo, ocupando a posição onde ele (o objeto) deveria realmente estar.

    Assim, analisando a oração, temos:

    aquela bela garota – objeto direto.

    A (pronome pessoal do caso oblíquo) – objeto direto pleonástico.

    Vamos checar um caso relacionado ao objeto indireto?

    EX: Aos meus pais, dou-lhes amor e carinho.

    Da mesma forma como ocorreu anteriormente, temos que o objeto indireto aparece no início da oração – aos meus pais – e, logo a seguir, reaparece, representado, pois, por um pronome pessoal do caso oblíquo “lhes”, o qual atua sempre como objeto indireto.

    Dessa forma, obtemos como resultado:

    Aos meus pais – objeto indireto 
    lhes (pronome pessoal do caso oblíquo) – lhes"


    Por Vânia Duarte
    Graduada em Letras