SóProvas


ID
1617325
Banca
ZAMBINI
Órgão
PRODESP
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                          CAPÍTULO XIV / O PRIMEIRO BEIJO


      Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e  resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.

      Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a “linda Marcela”, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos.

      Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, – uma pérola.


                   (MACHADO DE ASSIS, J. M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Ediouro, s. d.)

Assinale a alternativa em que há erro(s) de acentuação.

Alternativas
Comentários
  • * trás

    As crianças devem viajar no banco de trás.

    Quando ele a chamou, ela olhou para trás.

    As cartolinas estão guardadas por trás do armário.


    *traz


    (Eu) trago

    (Tu) trazes

    (Ele) traz

    (Nós) trazemos

    (Vós) trazeis

    (Eles) trazem


    Traz essa caixa! (2ª pessoa do singular do imperativo)

    Não se preocupem, ele traz o material. (3ª pessoa do singular do presente do indicativo)


  • nÃO EXISTE OXÍTONA TERMINADA EM "U" ACENTUADA!

  • Vitor Silva tome cuidado pois existe sim oxítona terminada em "u" que se acentua, por exemplo: ba-ú, ja-ú essa regra que você exclamou tem exceção com hiatos sozinhos ou acompanhados de "S" desde que não sejam seguidos por "nh".

  • Oxitona terninada em (U), nunca vi 

    Existem hiatos,mas oxitona não.

    A palavra BAÙ, é um hiato BA-Ù

  • A NOVA REGRA BAU NAO TEM ACENTO.

    POR QUE BAU NÃO E UM DITONGO ABERTO.

     

  • A regra de acentuação das vogais I e U , quando forem a segunda vogal de um hiato tônico = ( ENCONTRO DE DITONGO OU TRITONGO QUE, NA DIVISÃO SILÁBICA SE SEPARAM)  Regra do encontro consonantal.

    EX: SA-U-DE = SA-Ú-DE     PAIS= PA-Í S

    excessção para novo acordo ortográfico não se acentuam FEIURA E BAIUCA 

  • Desatualizada em relação a o quê? O erro está claro na alternativa "e".