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ID
162118
Banca
FCC
Órgão
TCE-AL
Ano
2008
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Propósitos e liberdade

Desde que nascemos e a nossa vida começou, não há
mais nenhum ponto zero possível. Não há como começar do
nada. Talvez seja isso que torna tão difícil cumprir propósitos de
Ano Novo. E, a bem da verdade, o que dificulta realizar qualquer
novo propósito, em qualquer tempo.
O passado é como argila que nos molda e a que estamos
presos, embora chamados imperiosamente pelo futuro.
Não escapamos do tempo, não escapamos da nossa história.
Somos pressionados pela realidade e pelos desejos. Como
pode o ser humano ser livre se ele está inexoravelmente
premido por seus anseios e amarrado ao enredo de sua vida?
Para muitos filósofos, é nesse conflito que está o problema da
nossa liberdade.
Alguns tentam resolver esse dilema afirmando que a
liberdade é a nossa capacidade de escolher, a que chamam
livre-arbítrio. Liberdade se traduziria por ponderar e eleger entre
o que quero e o que não quero ou entre o bem e o mal, por
exemplo. Liberdade seria, portanto, sinônimo de decisão.
Prefiro a interpretação de outros pensadores, que nos
dizem que somos livres quando agimos. E agir é iniciar uma
nova cadeia de acontecimentos, por mais atrelados que estejamos
a uma ordem anterior. Liberdade é, então, começar o
improvável e o impensável. É sobrepujar hábitos, crenças,
determinações, medos, preconceitos. Ser livre é tomar a
iniciativa de principiar novas possibilidades. Desamarrar. Abrir
novos tempos.
Nossa história e nosso passado não são nem cargas
indesejadas, nem determinações absolutas. Sem eles, não
teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar. Sem
passado e sem história, quem seríamos? Mas não é porque não
pudemos (fazer, falar, mudar, enfrentar...) que jamais
poderemos. Nossa capacidade de dar um novo início para as
mesmas coisas e situações é nosso poder original e está na raiz
da nossa condição humana. É ela que dá à vida uma direção e
um destino. Somos livres quando, ao agir, recomeçamos.
Nossos gestos e palavras, mesmo inconscientes e
involuntários, sempre destinam nossas vidas para algum lugar.
A função dos propósitos é transformar esse agir, que cria
destinos, numa ação consciente e voluntária. Sua tarefa é a de
romper com a casualidade aparente da vida e apagar a
impressão de que uma mão dirige nossa existência.
Os propósitos nos devolvem a autoria da vida.

(Dulce Critelli. Folha de São Paulo, 24/01/2008)

Estão plenamente respeitadas as normas de concordância verbal na frase:

Alternativas
Comentários
  • • a) É muito difícil que se CUMPRAM os propósitos que, invariavelmente, se formula a cada início de ano.• b) ENREDA-SE nas tramas das próprias memórias todo aquele que não busca abrir, para si mesmo, novos tempos e novas experiências.• c) A cada vez que DÃO impulso a uma nova cadeia de acontecimentos, os homens se tornam autores de seu próprio destino.• d) Não DEVERIA caber às pessoas tomar suas próprias iniciativas, em vez de se submeterem à força do acaso?• e) Aos que não submete a força imperiosa das experiências passadas estende-se a possibilidade de abrir novos tempos. (CORRETA)
  • Porque a E está certa?
    Não deveria ser se submetem para concordar com Aos?
  • Na alternativa "E" o verbo SUBMETER faz concordância com "A FORÇA IMPERIOSA".Alguma coisa não é submetida.O que não é submetido?Resposta: a força imperiosa.
  • A frase foi propositalmente invertida e, inclusive suprimiram uma vírgula - o que não torna a questão incorreta, já que ela não quer saber de regras de pontuação, mas apenas de concordância verbal. Ficaria mais claro, para vermos que "submete" concorda com "a força", se a frase estivesse em sua ordem natural. Assim:

    Aos que a força imperiosa das experiências passadas não submete,  estende-se a possibilidade de abrir novos tempos.



    Kémmely,
    a força imperiosa pratica a ação; não sofre. Não é a força imperiosa que não é submetida; ela não submete. Quem sofre a ação está representado naquele "os que" (algo como "aqueles que"). Se passasse para a voz passiva ficaria: "aos que não são submetidos pela força imperiosa das experiências passadas".

    Bons estudos a todos!
  • Em outras palavras:

    O termo "a força imperiosa das experiências passadas" é o sujeito da forma verbal "submete". Portanto, o verbo deve com ele concordar.
  • Sou péssimo em português, logo gostaria de saber por que a alternativa C está errada?

     

    Obrigado

  • A alternativa E está errada. Na verdade houve um erro de digitação e o certo seria submetem para concordar com Aos, pois o pronome que é relativo e refere-se ao termo anterior AOS.

  • Tiago...

    A letra c está incorreta porque os homens concorda com dão impulso.

    c) A cada vez que impulso a uma nova cadeia de acontecimentos, os homens se tornam autores de seu próprio destino.