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ID
162127
Banca
FCC
Órgão
TCE-AL
Ano
2008
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Propósitos e liberdade

Desde que nascemos e a nossa vida começou, não há
mais nenhum ponto zero possível. Não há como começar do
nada. Talvez seja isso que torna tão difícil cumprir propósitos de
Ano Novo. E, a bem da verdade, o que dificulta realizar qualquer
novo propósito, em qualquer tempo.
O passado é como argila que nos molda e a que estamos
presos, embora chamados imperiosamente pelo futuro.
Não escapamos do tempo, não escapamos da nossa história.
Somos pressionados pela realidade e pelos desejos. Como
pode o ser humano ser livre se ele está inexoravelmente
premido por seus anseios e amarrado ao enredo de sua vida?
Para muitos filósofos, é nesse conflito que está o problema da
nossa liberdade.
Alguns tentam resolver esse dilema afirmando que a
liberdade é a nossa capacidade de escolher, a que chamam
livre-arbítrio. Liberdade se traduziria por ponderar e eleger entre
o que quero e o que não quero ou entre o bem e o mal, por
exemplo. Liberdade seria, portanto, sinônimo de decisão.
Prefiro a interpretação de outros pensadores, que nos
dizem que somos livres quando agimos. E agir é iniciar uma
nova cadeia de acontecimentos, por mais atrelados que estejamos
a uma ordem anterior. Liberdade é, então, começar o
improvável e o impensável. É sobrepujar hábitos, crenças,
determinações, medos, preconceitos. Ser livre é tomar a
iniciativa de principiar novas possibilidades. Desamarrar. Abrir
novos tempos.
Nossa história e nosso passado não são nem cargas
indesejadas, nem determinações absolutas. Sem eles, não
teríamos de onde sair, nem para onde nos projetar. Sem
passado e sem história, quem seríamos? Mas não é porque não
pudemos (fazer, falar, mudar, enfrentar...) que jamais
poderemos. Nossa capacidade de dar um novo início para as
mesmas coisas e situações é nosso poder original e está na raiz
da nossa condição humana. É ela que dá à vida uma direção e
um destino. Somos livres quando, ao agir, recomeçamos.
Nossos gestos e palavras, mesmo inconscientes e
involuntários, sempre destinam nossas vidas para algum lugar.
A função dos propósitos é transformar esse agir, que cria
destinos, numa ação consciente e voluntária. Sua tarefa é a de
romper com a casualidade aparente da vida e apagar a
impressão de que uma mão dirige nossa existência.
Os propósitos nos devolvem a autoria da vida.

(Dulce Critelli. Folha de São Paulo, 24/01/2008)

É a liberdade que dá à vida uma direção.

O termo sublinhado na frase acima exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:

Alternativas
Comentários
  • Sou péssima nesse tipo de questão, mas procuro raciocinar da seguinte forma:
    A liberdade dá (a quem?) à vida (o que?) uma direção;
    ... começar (o que?) o improvável.
  • O verbo "DAR" é VTDI. Quem dá algo, dá algo a alguém.É a liberdade que dá à vida uma direção. DÁ = VTDIOI = à vidaOD = uma direçãoa) Sem passado e sem história, poderíamos ser livres? (nós poderíamos ser livres = PS) b) Liberdade seria, a meu ver, um sinônimo de decisão.(sinônimo de decisão = complemento nominal) c) Somos livres a cada vez que, agindo, recomeçamos.(locução adverbial) d) Liberdade seria, pois, começar o improvável.(OD) e) A liberdade nos liberta, o passado é argila que nos molda.(sujeito)
  • Vamos lá,

    "É a liberdade que dá à vida uma direção."

    Quem dá, dá algo a alguém.

    Deu a quem ?  à vida. (observe que há preposição, então este é o objeto indireto).

    Deu o que ? uma direção. (não há preposição, portanto este é o objeto direto)


    Vamos procurar o OBJETO DIRETO:

    a) Sem passado e sem história, poderíamos ser livres?  (SUJEITO +VERBO AUXILIAR + VERBO DE LIGAÇÃO + PREDICATIVO DO SUJEITO)

    ERRADA.


    b) Liberdade seria, a meu ver, um sinônimo de decisão. (SUBSTANTIVO ABSTRATO + TERMO PASSIVO "Alguma coisa é sinônimo de decisão", então COMPLEMENTO NOMINAL)

    ERRADA.

    c
    ) Somos livres a cada vez que, agindo, recomeçamos. ("A cada vez que"  equivale a "sempre", dando ideia de tempo.  É então uma LOCUÇÃO ADVERBIAL DE TEMPO).


    d) Liberdade seria, pois, começar o improvável. (Quem começa, começa ALGUMA COISA. Começou o que ? "o improvável". Portanto, OBJETO DIRETO).

    CORRETA!

    e) A liberdade nos liberta, o passado é argila que nos molda. ( Quem liberta ? a liberdade. Sujeito que pratica a ação, portanto SUJEITO).

    ERRADA.

    Abraços e sucesso!