Relembra uma questão do exame de 2006. Curiosamente, naquela ocasião a afirmativa foi considerada correta e não foi anulada.
"A decisão de se criar a Santa Aliança, emanada do Congresso de Viena, subordinava-se, fundamentalmente, a dois objetivos: sufocar, na Europa, novas tentativas revolucionárias que pudessem surgir no rastro da Revolução Francesa e impedir que, na América, se concretizassem os ensaios emancipacionistas das colônias." (Q10655)
Na ata final do Congresso de Viena, não há nada acerca da emancipação das colônias: http://www.dipublico.com.ar/english/final-act-of-the-congress-of-viennageneral-treaty-1815/
Trago trechos de dois livros de leitura obrigatória para o concurso que corroboram esse entedimento de que a Santa Aliança não objetivava impedir a independência das colônias, o que torna essa parte do item realmente controversa:
História da Política Exterior do Brasil. Clodoaldo Bueno e Amado Luiz Cervo. p. 23: "Na realidade, as ameaças da Santa Aliança sobre a América Latina foram ilusórias. Interessavam, entretanto, à Inglaterra que soube habilmente constituir a diplomacia da recompensa por serviço para atingir seus objetivos integrando-a em seu sistema, como uma unidade agregada complementar. As vitórias brasileira (1823) e hispano-americana (1824), na guerra de independência, eliminaram definitivamente as possibilidades de reconquista, dado o quadro internacional de então. Foram vitórias próprias, sem apoio externo, fato que os latinos também não souberam usar em suas relações externas. A Áustria e a Prússia não tinham condições de usar a força. A Rússia se opunha a seu emprego, propondo uma "mediação coletiva" (1817), que não vingou e ela desistiu da causa. Já a França, a Inglaterra e os Estados Unidos moviam-se por interesses econômicos, ante a perspectiva do grande mercado que lhes abria."
História das Relações Internacionais contemporâneas da sociedade do século XIX à era da globalização. Sombra Saraiva. pgs. 59-60: "Símbolo das concepções arcaicas e absolutistas para as lideranças americanas, a Santa Aliança era referida em seu discurso e alimentava seus temores. Sem razão. Com efeito, o direito de intervenção era uma regra do Concerto Europeu a exercer-se para manter o equilíbrio das potências de forma colegiada ou consentida. As intervenções eram discutidas nas reuniões da Quádrupla Aliança com a presença da França, e não da Santa Aliança. Em 1817, a Rússia propusera uma solução concertada entre os cinco grandes para induzir a Espanha a ceder regimes constitucionais às possessões e a renunciar o uso da força para revertê-las ao regime colonial. A ideia de criar monarquias na América Latina também era discutida nas reuniões do Concerto Europeu, desde 1818. Apenas por um instante, após sua intervenção na Espanha, em 1823, a França cogitou apoiar um plano espanhol de reconquista. O Concerto Europeu, entretanto, jamais introduziu na ordem do dia, a possibilidade de uma ação concertada de reconquista, pela força das antigas possessões ibéricas. Por que se envolveria numa luta em favor das decadentes metrópoles portuguesa e espanhola, agindo contra interesses de nações avançadas? Os ingleses não tiveram dificuldade de dissuadir a França de 1823 de sua inoportuna veleidade, quando as outras potências europeias haviam percebido que a independência da América lhes convinha por todos os títulos." (grifos meus)