Vamos analisar a questão por partes:
A primeira parte da questão, o Plano Cruzado foi um plano heterodoxo
adotado no governo de José Sarney com vistas ao combate da inflação por meio do
crescimento do mercado interno, está errada. Apesar de o Plano Cruzado ser um
plano heterodoxo e criado no governo Sarney, o Plano não usou como meio de
combate a inflação o crescimento do mercado interno, e sim combateu a indexação
da economia para reduzir a inflação, conforme trecho do livro Economia
Brasileira Contemporânea,
No diagnóstico da inflação inercial do Plano Cruzado, a tese foi da
existência não de problemas estruturais/reais da economia, mas sim o da
existência de cláusulas de indexação contratual que perpetuavam a inflação. De
toda forma, a ênfase na inconsistência da renda desejada entre os agentes e a
negação da importância do desequilíbrio do setor público como a causa última da
inflação fazem do Plano Cruzado um plano “heterodoxo”.
A segunda parte da questão, o Plano Bresser, por sua vez, centrou – se
na aproximação com o FMI e na efetivação de duas desvalorizações do cruzado
para estimular as exportações e realinhar os preços relativos, está errada. O
Plano Bresser centrou-se em promover um choque deflacionário na economia,
segundo parte do livro Economia Contemporânea Brasileira.
O Plano Bresser objetivava, basicamente, promover um choque
deflacionário na economia, buscando evitar os erros do Plano Cruzado. A
inflação foi diagnosticada como inercial e de demanda e, em consequência, o
plano foi concebido como híbrido, contendo elementos heterodoxos e ortodoxos.
Finalmente, a terceira parte da questão, enquanto que o Plano Arroz com
Feijão, de Mailson da Nóbrega, foi um plano heterodoxo que reduziu os juros
para permitir maior consumo pela população, uma vez que a inflação estava
controlada quando de sua adoção, está errada. Na verdade, o Plano Arroz com
Feijão foi um plano ortodoxo que aumentou os juros reais, uma vez que a
inflação não estava controlada.
O novo ministro repudiou as ideias heterodoxas de combate à inflação e
propôs uma política ortodoxa gradualista,
com o intuito de estabilizar a inflação
em 15% ao mês e reduzir, também gradualmente, o déficit público. As
propostas ganharam a alcunha de “Política do Feijão com Arroz”, que se baseava
no congelamento dos valores nominais dos empréstimos do setor público e na
contenção salarial do funcionalismo público. A taxa de inflação no primeiro
trimestre de 1988 ficou próxima ao pretendido pelo governo, mas os aumentos de
preços públicos e um choque agrícola desfavorável fizeram com que os preços se
acelerassem no segundo semestre. Além disso, na prática, a política monetária
não logrou ser contracionista devido aos megassuperávits da balança comercial
que se acumularam. Por todos esses fatores, em julho de 1988, a variação do IPC
no mês atingiu 24%, realimentando as discussões acerca do caráter inercial da
inflação brasileira. Uma importante mudança ocorrida ainda nesse período foi o
fim da moratória do pagamento dos juros da dívida externa, decretada ao final
de fevereiro de 1988.
(...)
(...) Como já foi dito, a
política de “feijão com arroz” enfatizava uma política fiscal contracionista e
o uso de juros reais elevados para combater a inflação. Além da eficácia
discutível desses instrumentos para o controle da inflação da época, houve
ainda um reflexo negativo nas contas públicas, pelos elevados juros.
Gabarito: Errado.
Realmente o Plano Cruzado (1986) foi um plano heterodoxo adotado no governo Sarney. Já o combate à inflação, por mais que tenha havido um aumento dos salários, não se deu por meio do crescimento do mercado interno, mas sim pelo congelamento de preços (“Choque heterodoxo” concebido por Francisco Lopes), uma vez que se diagnosticava a inflação como sendo inercial, ou seja, consequência da indexação na economia, e seu objetivo era, assim, eliminar a memória inflacionária.
O Plano Bresser (1987) não se centrou na aproximação com o FMI (houve a declaração da moratória em 1987, mas na gestão de Dilson Funaro no Ministério da Fazenda) e foi efetivada apenas uma desvalorização do cruzado, de 10%, para conter as importações que haviam arrebentado as contas externas no Plano Cruzado. Na verdade, foi um plano híbrido, pois tomou medidas heterodoxas (políticas de renda: congelamento de preços, salários e de câmbio por 90 dias) e ortodoxas (políticas fiscais e monetárias contracionistas), que, por não ter tido apoio nem mesmo do Presidente e pelas medidas “erradas” que tomou, não vingou.
Como comentado pelo colega Carlos Vecchi, o "Plano" Arroz com Feijão (1988) foi ortodoxo (Nóbrega havia declarado que faria uma política econômica "feijão com arroz", sem "soluções miraculosas", realizando somente ajustes pontuais para evitar uma hiperinflação) e a inflação não estava controlada quando de sua adoção (aliás, já superava a do ano anterior).
RESOLUÇÃO:
Errado!
É bastante contraditório supor que haverá combate à inflação com crescimento do mercado interno já que o
aquecimento da demanda agregada tende a aumentar a pressão sobre os preços.
O Plano Cruzado de fato foi um plano heterodoxo, mas era dessa forma devido à sua ousadia de promover
um generalizado congelamento nos preços e salários da economia.
O Plano Bresser, por sua vez, ao contrário dos outros dois planos mencionados pela questão, não foi
caracterizado por acordo com o FMI.
Por fim, o Plano Arroz com Feijão foi um plano ortodoxo e, assim sendo, teve aumento da taxa real de juros
e restrição do consumo devido à política de arrocho salarial.
Resposta: E