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ID
1666912
Banca
FCC
Órgão
TRT - 15ª Região (SP)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O termo saudade, monopólio sentimental da língua portuguesa, geralmente se traduz em alemão pela palavra “sehnsucht”. No entanto, as duas palavras têm uma história e uma carga sentimental diferentes. A saudade é um sentimento geralmente voltado para o passado e para os conteúdos perdidos que o passado abrigava. Embora M. Rodrigues Lapa, referindo-se ao sentimento da saudade nos povos célticos, empregue esse termo como “ânsia do infinito”, não é esse o uso mais generalizado. Emprega-se a palavra, tanto na linguagem corrente como na poesia, principalmente com referência a objetos conhecidos e amados, mas que foram levados pela voragem do tempo ou afastados pela distância. 

       A “sehnsucht” alemã abrange ao contrário tanto o passado como o futuro. Quando usada com relação ao passado, é mais ou menos equivalente ao termo português, sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática de valores elaborados durante uma longa história de ausências e surgidos em consequência do temperamento amoroso e sentimental do português. Falta à palavra alemã a riqueza etimológica, o eco múltiplo que ainda hoje vibra na palavra portuguesa. 

     A expressão “sehnsucht”, todavia, tem a sua aplicação principal precisamente para significar aquela “ânsia do infinito” que Rodrigues Lapa atribuiu à saudade. No uso popular e poético emprega-se o termo com frequência para exprimir a aspiração a estados ou objetos desconhecidos e apenas pressentidos ou vislumbrados, os quais, no entanto, se julgam mais perfeitos que os conhecidos e os quais se espera alcançar ou obter no futuro. 

    Assim, a saudade parece ser, antes de tudo, um sentimento do coração envelhecido que relembra os tempos idos, ao passo que a “sehnsucht” seria a expressão da adolescência que, cheia de esperanças e ilusões, vive com o olhar firmado num futuro incerto, mas supostamente prometedor. Ambas as palavras têm certa equivalência no tocante ao seu sentido intermediário, ou seja, à sua ambivalência doce-amarga, ao seu oscilar entre a satisfação e a insatisfação. Mas, como algumas de suas janelas dão para o futuro, a palavra alemã é portadora de um acento menos lânguido e a insatisfação nela contida transforma-se com mais facilidade em mola de ação. 

(Adaptado de: ROSENFELD, Anatol. Doze estudos. São Paulo, Imprensa oficial do Estado, 1959, p. 25-27) 

A respeito da pontuação do texto, considere:

I. Mantendo-se a correção, uma pontuação alternativa para um segmento do texto é: A “sehnsucht” alemã abrange, ao contrário, tanto o passado como o futuro. (2º parágrafo)

II. Sem prejuízo do sentido e da correção, uma vírgula pode ser inserida imediatamente após lânguido, no segmento ... a palavra alemã é portadora de um acento menos lânguido e a insatisfação nela contida transforma-se com mais facilidade em mola de ação. (final do texto)

III. Sem prejuízo da coesão textual e do sentido original, o segmento ... é um sentimento geralmente voltado para o passado... pode ser isolado por vírgulas. (1º parágrafo)

Está correto o que consta APENAS em

Alternativas
Comentários
  • LETRA C

     

    I - CORRETO . A correção é mantida , porém o sentido muda.

     

    II - CORRETO -  A vírgula pode ser colocada. O sujeito é diferente nas orações , na primeira é a "palavra alemã" e na segunda é " a insatisfação" , logo podemos colocar uma virgula.

     

    NO CASO DA CONJUNÇÃO "E":

    - Somente 1 sujeito : vírgula proibidaA faculdade foi aberta às 8h e fechou às 22h.

    - Mais de 1 sujeito : vírgula facultativaA faculdade foi aberta às 8h ,e nós saímos.

     

    III - ERRADO - A saudade é um sentimento ... Não se usa vírgula para separar o sujeito do verbo.

     

     

  • Para reforçar os estudos

    Uso da vírgula com a conjunção E.

    1-Aditivas: e, nem, tampouco, não só...mas também, não só...como também, senão também, tanto...como.

    Via de regra, não usamos vírgula antes da conjunção “e”. Mas, se o “e” for substituído por qualquer outra conjunção aditiva, poderá receber a vírgula. Não trabalha, tampouco estuda. /Não só pintava, mas também fazia versos.

    A vírgula antes da conjunção “e” é usada em três situações:

    - quando o sujeito for diferente, a vírgula será facultativa: Ana estudou, e Jucélia trabalhou

    - quando o sentido for de contraste / oposição, aqui a vírgula será obrigatória: Estudei muito, e não entendi nada

    - quando fizer parte de uma repetição da conjunção. Chamamos de subjetiva ou enfática, porque se transmite uma carga de emoção para se aumentar força nos argumentos. Ex. A candidata acordou cedo, e preparou uma refeição leve, e alimentou-se calmamente, e chegou tranquila, e realizou a prova, e saiu confiante.

    O autor pode adotar a enumeração objetiva, sem transparecer envolvimento emocional: neste caso a vírgula será obrigatória: A candidata acordou cedo, preparou uma refeição leve, alimentou-se calmamente, chegou tranquila, realizou a prova, saiu confiante.

    Fonte: Curso Prof. Ludimila Lamounier

    Bons estudos

  • errei por causa da ii kk

  • Muuuuito obrigada Ana Sales!!!!

  • TRT 15  2018!!!