SóProvas


ID
167389
Banca
FCC
Órgão
TJ-PI
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

"Guerra!", escreveu Thomas Mann em novembro de
1914. "Sentimo-nos purificados, libertos, sentimos uma
enorme esperança." Muitos artistas exultaram com o início
da Grande Guerra; era como se suas mais extravagantes
fantasias de violência e destruição houvessem se tornado
realidade.
Schoenberg foi acometido por aquilo que mais tarde
chamou de "psicose de guerra", e traçou comparações
entre os ataques do exército alemão à França e suas próprias
investidas contra os valores da burguesia decadente.
Em carta a Alma Mahler, datada de agosto de 1914,
demonstrou um entusiasmo extremado pela causa alemã,
atacando de um só golpe a música de Bizet, Stravinski
e Ravel. "É hora de acertar as contas!", disparou
Schoenberg. "Reduziremos, agora, esses defensores do
kitsch à escravidão e lhes ensinaremos a venerar o espírito
germânico e a adorar o Deus alemão." Durante parte
da guerra, manteve um diário meteorológico, acreditando
que determinadas formações de nuvens pressagiavam a
vitória ou a derrota alemã.
Berg também sucumbiu à histeria, pelo menos no
início. Ao terminar a marcha das Três Peças, escreveu ao
professor dizendo ser "muito vergonhoso acompanhar
esses importantes eventos como mero espectador".
O massacre de Dinant, o incêndio de Louvain e
outras atrocidades de agosto e setembro de 1914 não
foram apenas acidentes de guerra. Tais ações se
enquadravam no programa do estado-maior alemão,
visando à destruição "total dos recursos materiais e
intelectuais do inimigo". A noção de guerra total exibia um
desagradável grau de semelhança com a mentalidade
apocalíptica da arte austrogermânica recente.
Nem todos foram vítimas da "psicose de guerra".
Richard Strauss, por exemplo, se recusou a assinar um
manifesto no qual 93 intelectuais alemães negavam
qualquer ato ilícito do exército em Louvain. Em público,
declarava que, como artista, não queria se envolver em
confusões políticas, mas em particular sua posição
parecia claramente isenta de patriotismo. "É revoltante",
escreveu alguns meses depois a Hofmannsthal, "ler nos
jornais sobre a regeneração da arte alemã [...] sobre como
a juventude da Alemanha emergirá limpa e purificada
dessa guerra 'gloriosa', quando, na verdade, devemos
agradecer se pudermos ver esses infelizes livres de
piolhos e percevejos, curados de suas infecções e, uma
vez mais, afastados do hábito do assassinato!" A declaração
parece uma resposta à apologia da violência de
Mann. Da próxima vez que a Alemanha entrasse em
guerra, os dois trocariam de lugar; Strauss seria a figura
de proa, Mann, o dissidente.

(Alex Ross. O resto é ruído. Trad. de Claudio Carina e Ivan
Weisz Kuck. São Paulo: Cia. das Letras, 2009, p. 81-2)

A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes no segmento, foi realizada de modo INCORRETO em:

Alternativas
Comentários
  • LETRA E

    ATACAR É UM VERBO TRANSITIVO DIRETO, ASSIM "LHE" NÃO CABE A ESSA  ALTERNATIVA.(OBJETO INDIRETO)

    O CORRETO SERIA: atacando-a de um só golpe.

  • ...e também esta incorreta por iniciar uma oração.Não se inicia frase com pronome oblíquo átono.

  • 1-NÃO SE INICIA IDÉIA MEDIANTE COLOCAÇÃO PRONOMINAL.

    2-"LHE" TEM FUNÇÃO DE OBJETO INDIRETO (A ELE;A ELA)

    3- O VERBO EM QUESTÃO É TRANSITIVO DIRETO

     

  • Observação...

    Pessoal apesar de estar corretíssimos os comentários acerca da impossibilidade de se iniciar períodos com pronomes, ressalto que na alternativa E isso NÃO poderia ser usado como agumento de incorreção, visto que o segmento foi retirado do texto e não deve ser analisado isoladamente.

    Na alternativa em questão temos:

    "Em carta a Alma Mahler, datada de agosto de 1914, demonstrou um entusiasmo extremado pela causa alemã, atacando de um só golpe a música de Bizet, Stravinski e Ravel."

    Note que o segmento NÃO inicia o período, OK!?

  • Tem que observar o verbo.

    Quem ataca, ataca alguém ou ataca alguma coisa.

    Não é ataca de alguém (ex: precisamos de você)

    Então o verbo é transitivo direto.

    O verbo transitivo direto aceita os pronomes: o, a, os, as, lo e la.

    Já verbos transitivos indiretos aceitam o pronome lhe.

    Respondeu ao chefe corretamente.  => Respondeu-lhe.

    Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/o-uso-lhe.htm