SóProvas


ID
1682287
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
STJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Acerca da institucionalização do serviço social e do movimento de reconceituação na América Latina, julgue o item a seguir.

O processo de desgaste das práticas tradicionais do serviço social está relacionado a particularidades do contexto político-social dos países latino-americanos, a exemplo do Brasil.


Alternativas
Comentários
  • O  desgaste  do  Serviço  Social  tradicional  foi  um  fenômeno  continental:  a movimentação sócio�política contestadora que emerge na sociedade com incidência no terreno  ideocultural,  na  prática  dos  setores  vinculados  a  Igreja  e  no  movimento estudantil  fertilizavam  o  Serviço  Social  e  contribuem  para  a  emersão  de  um  novo projeto  profissional,  que  nem  de  longe  foi  um  projeto  unitário  e  homogêneo, evidenciando  projetos  distintos:  se  inicialmente  inscrevia-�se  no  bojo  da  proposta desenvolvimentista  –  com  a  profissão  buscando  redimensionar�-se,  teórica  e praticamente,  para  atender  a  superação  do  subdesenvolvimento  –  no  decorrer  do movimento  incorporam�-se  parâmetros  teórico�analíticos  de  inspiração  marxista (ALENCAR, 1994, p. 331).

      No período 1961-�1964 no Brasil, se inicia o desenvolvimento de uma perspectiva crítica ao Serviço Social ‘tradicional’, quando os setores da categoria profissional dos assistentes sociais esboçam  algumas  tentativas  aos  processos  de  lutas  por  mudanças.  “Esses  profissionais  são impulsionados por uma profunda agitação política que ganha força no Brasil e em toda a América Latina,  ante  a  crise  do  modelo  desenvolvimentista,  gerando  frustrações  em  amplos  setores”. (SILVA E SILVA, 2006, p. 27).

  • DÚVIDA: onde está o erro dessa questão? O comentário da Nilza não esclarece muita coisa. 
  • Qual o erro em citar o Brasil como um dos exemplos?

  • O erro da questão está em condicionar o processo de desgaste das práticas tradicionais às particularidades dos países latino-americanos, quando na verdade este foi um fenômeno GLOBAL, inclusive, tendo partido das grandes potências.

  • Penso que, à primeira vista e com anemia teórica acerca da literatura do Serviço Social no mundo, é muito complicado um (a) Assistente Social responder uma questão como essa, sem que pense sobre ela dezenas de vezes antes de errar. Para a questão, cabe uma contribuição de J. P. Netto.

    A crise do Serviço Social "tradicional" esteve longe de configurar-se como um processo restrito às nossas fronteiras. Em verdade, vindo a tona nos anos sessenta, ela é um fenômeno internacional, verificável, ainda que sob formas diversas, em praticamente todos os países onde a profissão encontrara um nível significativo de inserção na estrutura sócio-ocupacional e articulara algum lastro de legitimação ideal. (DITADURA E SERVIÇO SOCIAL: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. NETTO, 2011)

  • Raony, qdo Yazbek se refere que o movimento de reconceituação foi "um processo de revisão global' significa que abrangeu diferentes níveis, tais como: teórico, metodológico, operativo e político. NÃO foi um fenômeno mundial. Até porque, diz respeito a um movimento de renovação próprio do Serviço Social latino-americano.

    Creio que a questão foi considerada incorreta porque o questionamento ao referencial tradicional teve inicio no contexto de mudanças economicas, políticas, sociais e culturais. E não somente no "contexto político-social".

  • A crise do Serviço Social "tradicional" "é um fenômeno internacional que está circunscrito no âmbito de uma crise do sistema de proporções econômicas, sociais e ideoculturais. 
    "a tradição marxista vinculada ao Serviço Social ocorreu tanto nos países de capitalismo avançado como na América do Norte e Europa Ocidental, como nos países em desenvolvimentos da América Latina. Esta relação não aconteceu por acaso, foi fruto da crise da profissão com a herança conservadora tradicionalista, da pressão exercida pelos movimentos sociais revolucionários e ainda pela atuação do movimento estudantil. Esta relação do Serviço Social com a teoria marxista foi possível para compreender o significado social da profissão, contribuir na reflexão de intervenção sócio-profissional e, sobretudo para fundamentar a teoria e a prática profissional."  
    
                                
  • Ao contrário do que os colegas afirmam, o movimento de reconceituação é sim um fenômeno ocorrido apenas na América Latina:


    O  “Movimento de Reconceituação”(Netto, 2004) será lançado na década de 50 e consolidado na  década de 60 somente nas Escolas de Serviço Social latino-americanas. Na América Latina este Movimento  centrou-se na contestação do serviço social que importava tecnologias e reiterava práticas ajustadoras e assistenciais.

    Netto (1981ª) analisou a renovação do serviço social latino–americano e brasileiro, afirmando que a América Latina não é uma totalidade integrada, ao contrário, sua constituição é diversa e problemática. O Movimento acima mencionado, foi tipicamente latino-americano e se deu entre 1965-1975 protagonizado no Brasil pelo CBCISS (...) e ABESS (...)

    Acredito que o erro da questão está em afirmar que o processo de desgaste das praticas profissionais está relacionada com fatores externos, já que, é sabido, que não foram apenas fatores externos que levaram ao questionamentos das praticas profissionais, o movimento de reconceituação foi um processo de questionamentos internos da profissão que questionavam a funcionalidade profissional na superação do subdesenvolvimento, a burocratização do serviço social e o seu caráter importado. Todavia, esse processo está sim vinculado ao contexto sócio-político latino-americano, então outro erro da questão pode ser o apontado pela colega Germana, já que esse processo também se deu no âmbito econômico, cultural e outros. 
    Questão complicada, e que dá margem para interpretações variadas, apesar das tentativas de adivinhações dos erros  continuo enxergando a questão como certa... Mas Cespe é Cespe....


  • Talvez o erro esteja em "a exemplo do Brasil" que da a entender que outros países da AL latina começaram por causa do exemplo do Brasil, o que não foi bem assim. Mas mesmo assim caberia recurso.


  • A ruptura com o Serviço Social tradicional se inscreve na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de transformações da estrutura capitalista excludente, concentradora, exploradora; intimamente vinculada ao circuito sociopolítico latino-americano da década de 60: funcionalidade profissional na superação do subdesenvolvimento.

    O processo de renovação aconteceu só na América Latina , mas o processo de desgaste das práticas tradicionais do serviço social não está somente relacionado a particularidades do contexto político-social dos países latino-americanos,e sim a um contexto mundial.
    Bom , foi a análise que eu fiz antes de responder a questão
  • Acredito que o Movimento de Reconceituação foi na AL, mas o Brasil não é um exemplo deste, na verdade o Movimento de Reconceituação foi parâmetro para o Movimento de Renovação, nesse apenas o último, já no final da década de 70 tem um padrão mais próximo da Reconceituação (que seria entre 65-75). Então, o Brasil só participaria desse debate com aproximação do marxismo (e ainda com fortes críticas ao marxismo althusseriano) após o movimento em si, na época vigente do movimento ainda estávamos em ARAXÁ e TERESÓPOLIS (no auge do desenvolvimentismo da ditadura), dessa forma, por mais que nossos autores não deixe isso claro (vide avaliação histórico-dialética) a Cespe avalia época, datas, e essas entrelinhas para fazer pegadinhas. 

  • Analisando a questão:

    O Movimento de Reconceituação foi um movimento típico latino-americano que buscou uma revisão do Serviço Social conservador realizando auto-questionamentos acerca da prática e da profissão nessa região. Esse movimento de crítica ao conservadorismo na profissão teve início por volta dos anos de 1960 e findou-se nos anos de 1970. Além disso, questionou o imperialismo norte americano nessa região bem como a ineficácia das respostas profissionais perante ao pauperismo que se acentuava cada vez mais nesses países. Possuiu como influência para seu desencadeamento movimentos progressistas como a própria Revolução Cubana (1959) e a emergência de novos atores sociais nos cenários latino-americanos. Como dito anteriormente, o Movimento de Renovação é latino-americano e não ocorre no Brasil, apesar de influenciar o Movimento de Renovação do Serviço Social brasileiro.

    RESPOSTA: ERRADO
  • O desgaste está relacionado com as novas  configurações que caracterizam a expansão do capitalismo mundial, que de acordo com Yazbek, impõem à América Latina um estilo de desenvolvimento excludente e subordinado (inclusive o Brasil). A partir daí os AS passam a questionar o SS tradicional que irá desencadear numa revisão global da profissão.

  • Segundo a professora do qc, o erro ta em dezem o movimento ocorreu no Brasil, mas não, foi só na América latina. O Brasil apenas foi influenciado

  •  Iamamoto, em "O Serviço Social na Contemporaneidade", afirma:

    Preliminarmente, deve ser salientado que o movimento de reconceituação do Serviço Social  - emergindo na metade dos anos 1960 e prolongando-se por uma década - foi, na sua especificidade, um fenômeno tipicamente latino-americano. Dominado pela contestação ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento global da profissão: de seus fundamentos ídeo-teóricos, de sua raízes sociopolíticas, da direção social da prática profissional e de seu modus operandi. Tal questionamento se gesta no contexto das profundas mudanças que se operavam no nível continental, presididas pela forte efervescência das lutas sociais, demarcadas por um ciclo expansionista do capitalismo no cenário mundial. (p.205 a 206).


    (...)o pensamento social latino americano busca reconciliar-se com sua própria história, questionando as teorias exógenas e subordinando sua validação à capacidade que apresentem de explicar e iluminar os caminhos pariculares trilhados pelo desenvolvimento na América Latina em suas relações com os centros avançados do capitalismo.(p.206 a 207)


     No entanto, o eixo do debate brasileiro, até meados do anos 1970, diferencia-se radicalmente das temáticas polarizadoras da reconceituação na maioria dos países latinoamericanos. Dessa forma, o enfrentamento com a herança da reconceituação vai dar-se tardiamente no Brasil, no bojo da crise da ditadura, quando o próprio revigoramento da sociedade civil faz com que se rompam as amarras do silêncio e do alheamento político forçado a que foi submetida a maioria da população no cenário ditatorial.(214 a 215)


    No entanto, se era possível resgatar os rumos do debate latino-americano da década de 1970, já não era mais possível sua mera reprodução. A sociedade brasileira e, nela, a profissão haviam amadurecido historicamente. Assim as formas como foram construídas as críticas e propostas naquele momento anterior, mostravam-se insuficientes para o avanço do debate; repô-las apenas potenciaria os seus equívocos.(p.218)

     

    Dessa maneira, não restou outro caminho - para a dinamização de uma análise crítica do Serviço Social - senão o mergulho na pesquisa histórica, aliada a uma crítica teórica rigorosa do ideário profissional: um esforço de articulação entre a crítica do conhecimento, a história e a profissão, que passa a nortear o debate brasileiro no âmbito da tradição marxista. Sua relação com o legado do movimento de reconceituação foi de continuidade e ruptura, que se desdobrou na superação da reconceituação. (p.218)

     

    A linha de continuidade manifestou-se na retomada de um espírito essencialmente crítico no trato com o conservadorismo profissional e no resgate da inspiração marxista para a interpretação da sociedade e da profissão.(...)Os pontos de ruptura podem ser localizados em dois grandes âmbitos: na crítica marxista do próprio marxismo e dos fundamentos do conservadorismo assim como no redimensionamento das interpretações históricas da profissão(..)(p.218)

  • O Movimento de Reconceituação foi um movimento típico latino-americano que buscou uma revisão do Serviço Social conservador realizando auto-questionamentos acerca da prática e da profissão nessa região. Esse movimento de crítica ao conservadorismo na profissão teve início por volta dos anos de 1960 e findou-se nos anos de 1970. Além disso, questionou o imperialismo norte americano nessa região bem como a ineficácia das respostas profissionais perante ao pauperismo que se acentuava cada vez mais nesses países. Possuiu como influência para seu desencadeamento movimentos progressistas como a própria Revolução Cubana (1959) e a emergência de novos atores sociais nos cenários latino-americanos. Como dito anteriormente, o Movimento de Renovação é latino-americano e não ocorre no Brasil, apesar de influenciar o Movimento de Renovação do Serviço Social brasileiro.

  • Autor: Victória Sabatine, Mestre em Serviço Social (UFJF), Doutoranda em Serviço Social pela UFRJ, Assistente Social e Professora de Serviço Social , de Serviço Social

    Analisando a questão:

    O Movimento de Reconceituação foi um movimento típico latino-americano que buscou uma revisão do Serviço Social conservador realizando auto-questionamentos acerca da prática e da profissão nessa região. Esse movimento de crítica ao conservadorismo na profissão teve início por volta dos anos de 1960 e findou-se nos anos de 1970. Além disso, questionou o imperialismo norte americano nessa região bem como a ineficácia das respostas profissionais perante ao pauperismo que se acentuava cada vez mais nesses países. Possuiu como influência para seu desencadeamento movimentos progressistas como a própria Revolução Cubana (1959) e a emergência de novos atores sociais nos cenários latino-americanos. Como dito anteriormente, o Movimento de Renovação é latino-americano e não ocorre no Brasil, apesar de influenciar o Movimento de Renovação do Serviço Social brasileiro.

    RESPOSTA: ERRADO

  • Teve movimento de reconceituação sim no Brasil, mas foi diferenciado da América Latina. Quando estava em efervência da crítica ao conservadorismo na América Latina, no Brasil estávamos na entrada da Ditadura Militar, por isso foram diferentes os momentos.