SóProvas


ID
1685491
Banca
FUNCAB
Órgão
CREA-RO
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                       Felicidade

      Vocês sabem o que é querofobia? Pasmem. É medo da alegria, da felicidade. Como pode, não é? Ganhei um livrinho – livrinho porque é bastante pequeno –Dicionário Igor de Fobias , com mais de 1000 verbetes, organizado pelo professor Igor Rafailov, um brasileiro de pai russo e mãe alemã, nascido em São Paulo, criado na França e que mora no Recife. Como todos os meus prováveis leitores sabem e o professor define, “fobias são medos irracionais, mórbidos, de coisas (animadas ou inanimadas), ideias ou situações”.

      Com esse livrinho ficamos conhecendo fobias incríveis, como a eretofobia, que é o medo mórbido do ato sexual, menos estranha porém que califobia, que é o pavor do belo, do bonito, assim como filemafobia é o de beijar e ser beijado.

      Eu poderia preencher o espaço de uma dúzia de crônicas com as fobias mais estranhas e improváveis, mas nada me impressionou mais do que a querofobia, principalmente por estarmos nos primeiros dias de um novo ano, em que recebemos e enviamos votos de felicidade.

      Edgar, um amigo de muito tempo, não estranha, não se impressiona como eu. Ao contrário, ele mesmo se acha um querófobo:

      – Sempre que me sinto muito feliz, tenho medo. Medo de que esses momentos prazerosos venham para anunciar uma desgraça que deverá chegar a seguir. E isso me impede de gozar – por um minuto que seja – de uma felicidade plena.

      Sei que existem muitas pessoas assim, que não curtem os bons momentos, desconfiados de que sejam uma armadilha. E há mesmo a afirmação corrente de que toda vitória é véspera de uma derrota.

      Não penso assim. Acredito que as alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, felicidades e desgraças surjam cada uma a seu tempo, independentemente de se seguirem umas às outras. E creio também que pensar positivamente seja uma forma de atrair bons acontecimentos ou, pelo menos, afugentar os maus. Mas admiro os céticos e os cínicos, os de talento e humor, como Drummond, que afirma: 

      “...o amor é isso

      que você está vendo:

      hoje beija, amanhã não beija,

      depois de amanhã é domingo

      e segunda-feira ninguém sabe o que será.”

      Existem também os felizes e os infelizes profissionais, aqueles para quem tudo está sempre bem ou sempre mal. Que reclamam porque faz muito calor ou muito frio; se chove ou se faz sol. [...]

      Acredito que todos nós temos direito à felicidade, que nascemos mesmo para ela e que a desgraça é um desarranjo na máquina que põe em movimento a nossa vida. Mas acredito também que é preciso identificar e gozar os instantes felizes, estejam eles num almoço familiar de domingo, num beijo da mulher amada, no aperto de mão de um amigo, no sorriso de um filho, na birra manhosa de um neto. Viver todos esses momentos sem medo e sem esforço, naturalmente, sabendo que se tem direito a eles. Fernando Pessoa nos ensina que “um dia de sol é tão belo quanto um dia de chuva. Cada um é o que é”. Se agirmos assim, acreditando que a felicidade existe e que, se é passageira, também a desgraça tem seus dias contados, chegaremos à velhice menos sofridos e amargos. E não correremos o risco de repetir, no fim da vida, a melancólica frase de Jorge Luis Borges: “No passado cometi o maior pecado que um homem pode cometer: não fui feliz”.

      Felicidades para todos neste ano que se inicia.

                                                                                  Manoel Carlos, in VEJA RIO, 05/01/2005 

Assinale a frase correta quanto à concordância verbal.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

     

    Perder: VTD -> quem perde, perde ALGO ou ALGUMA COISA

     

    SE + VTD = Verbo concorda

     

  • GABARITO A


    Pessoal, a regrinha é bem simples, vamos lá:

    Sempre que tivermos um verbo transitivo DIRETO ou um verbo TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, teremos uma partícula "se" APASSIVADORA. Portanto, o verbo deverá concordar com seu sujeito. Se ele estiver no plural, nosso verbo vai para o plural. Se o sujeito estiver no singular, nosso verbo ficará no singular. Simples ne? Então vamos ver a nossa resposta da questão: "Perdem-se muitos momentos de felicidade." Quem perde, PERDE ALGO, PERDE ALGUMA COISA. Já sabemos que nosso verbo é transitivo DIRETO pois não precisa de preposição, logo ele irá concordar com seu sujeito. O que PERDE? MUITOS MOMENTOS DE FELICIDADES. Está no plural, então nosso verbo fica no PLURAL. PERDEM-SE [...].


    Agora, quando tivermos um verbo transitivo INDIRETO, ou verbo de LIGAÇÃO ou verbo INTRANSITIVO teremos um ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO. O que isso significa? Que nosso verbo NÃO VAI VARIAR, ficará sempreeeeeee no singular, independentemente do seu sujeito no singular ou plural. Vejamos as outras alternativas:

    B) Precisam-se de momentos felizes. Quem precisa, PRECISA DE ALGO, PRECISA DE ALGUMA COISA. Verbo transitivo INDIRETO. Logo, não VARIA nosso verbo. Ficará Precisa-se de momentos felizes.

    C) Necessitam-se de alegria e atenção. Quem necessita, NECESSITA DE ALGO, DE ALGUMA COISA. Verbo transitivo INDIRETO. Logo, também não VARIA e permanece no singular. Necessita-se de alegria e atenção.

    D) Assistem-se a muitas tristezas. Quem assiste, ASSISTE A ALGO, A ALGUMA COISA. Verbo transitivo INDIRETO. Logo também permanece no singular. Assiste-se a muitas tristezas.

    Acreditam-se em muitas coisas estranhas. Quem acredita, ACREDITA EM ALGO, EM ALGUMA COISA. Verbo transitivo INDIRETO. Logo, mesma coisa das anteriores, não varia. Acredita-se em muitas coisas estranhas.


    bons estudos pessoal !

  • Quando se deparar com VERBO + partícula "SE", basta analisar a transitividade do verbo:

    -> Se o verbo for VTD ou VTDI, então o "SE" será partícula apassivadora e o verbo concorda com o sujeito passivo.

    -> Se o verbo for VL, VI ou VTI, então o "SE" será índice de indeterminação do sujeito e, se o sujeito é indeterminado, o verbo é impessoal e deve ficar na 3ª pessoa do singular.

  • se após a particula apassivadora se vier uma preposição então aquele verbo deve ficar no singular